24/01/2012
Brasileiros, salvem a América!
Do Direto da Redação Publicado em 22/01/2012
Eliakim Araújo
“Deus salve a América” já era, o negócio agora é “brasileiros, salvem a América”, a julgar pelo discurso de Barack Obama na quinta-feira, diante do castelo da Cinderela, na Disneyworld, símbolo máximo do turismo nos Estados Unidos e sonho de consumo de hordas de imigrantes do mundo inteiro.
O presidente está convencido de que o turismo internacional pode ser um poderoso instrumento no combate ao desemprego que teima em complicar a vida do seu país. E, nesse sentido, ordenou aos consulados americanos no Brasil, India e China que facilitem a concessão de vistos aos cidadãos desses países, considerados os novos ricos do mundo.
No caso do Brasil, ele acertou, pois, a julgar pelas colunas de celebridades, dá status dizer que passou o fim de semana ou comprou o enxoval do bebê em Miami ou Nova Iorque.
Os analistas da Casa Branca sabem disso, acreditam que esses emergentes estão forrados de dinheiro e seus ricos cidadãos adoram viajar e gastar no exterior. Estimam que cada turista desses países gasta em média $5 mil dólares em sua temporada na terra do Tio Sam. Calculam ainda que, para cada 65 pessoas que visitam os EUA, um novo emprego é criado no país.
Por isso, como assinalou Obama, “quanto mais estrangeiros visitarem a América, mais americanos poderão voltar ao trabalho, é por isso que estamos aqui hoje, para dizer ao mundo que a América está aberta para os negócios”.
Aberta, mas nem tanto. O plano de Obama não deixa de ser uma curiosa inversão de valores que nos leva à óbvia conclusão que, para o governo estadunidense, há duas classes de cidadãos brasileiros:
a) as dezenas de milhares de indocumentados, perseguidos diuturnamente pela Imigração, que vivem e trabalham à margem da sociedade, explorados por patrões que se beneficiam de seu status migratório para levar vantagens; b) e os novos ricos brasileiros, que vivem dias de perigoso esplendor, quando descobriram que é mais barato fazer turismo e comprar casas nos EUA do que no Nordeste brasileiro.
O que os analistas de Obama não sabem, ou preferiram ignorar, é que esses milhares de indocumentados mandam anualmente para o Brasil alguns bilhões de dólares, dinheiro que poderia ser, em boa parte, revertido em favor da economia estadunidense, o que não acontece porque seus remetentes não sabem o que pode lhes acontecer amanhã, com a Imigração em seus calcanhares.
Por isso é que boa parte dos indocumentados brasileiros não tem conta em banco. Os dólares são guardados debaixo do colchão ou remetidos para o Brasil. Imaginam que, presos e deportados por estarem ilegalmente no país, teriam uma chance em mil de reaverem suas economias se estivessem depositadas em um banco de Tio Sam.
Seria bom que Obama, antes de pensar em abrir as portas aos ricos de todo o mundo, pensasse em uma ampla, geral e irrestrita reforma migratória que tirasse da clandestinidade os estimados doze milhões de indocumentados e os transformasse em cidadãos produtivos, eliminando a economia informal, incentivando o consumo interno e o recolhimento de impostos.
Embora exista no Congresso estadunidense uma proposta de concessão de visto de residência com duração de três anos aos estrangeiros que invistam no mínimo 500 mil dólares em imóveis nos Estados Unidos, a proposta de Obama não é abrir as portas para novos residentes, como alguns pensaram. Ao contrário, ele quer apenas o dinheiro dos estrangeiros para incrementar a economia do país.
É ganhar no Brasil, gastar nos EUA e... go home.
*Eliakim Araujo. Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.
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