O Brasil se prepara para explorar minérios no fundo do oceano Atlântico, em águas internacionais. O feito é inédito em dois aspectos. Nunca o país se aventurou a explorar riquezas minerais (exceto petróleo) em solo tão profundo, a até 6.000 metros abaixo do nível do mar.
O país também nunca reivindicou à comunidade internacional direitos em área tão afastada da plataforma continental brasileira, que tem largura média de 320 quilômetros a partir da costa.
A CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) enviou quatro expedições para o Alto do Rio Grande, cordilheira a mais de mil quilômetros da costa de Santa Catarina. A quarta embarcação enviada a essa cadeia de montanhas no Atlântico voltou ao Rio ontem.
Estudos mostram que a região tem cobalto, níquel, manganês, fosfato, gás metano e até minérios mais raros, como o lítio, usado na indústria de alta tecnologia. O governo trabalha com a hipótese de desenvolver atividades comerciais daqui a dez anos.
O próximo passo é pedir à Isba (International Seabed Authority), ligada à ONU, o direito exclusivo para pesquisa de viabilidade econômica.
A CPRM apronta seus relatórios para iniciar esse processo em um ano, motivada pelo potencial econômico e também por uma questão geopolítica. Há indícios de que embarcações alemãs e russas tenham sondado o local.
Segundo Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais da CPRM, o projeto é fundamental para o Brasil desenvolver tecnologia própria de exploração em alto-mar e avaliar como reduzir impactos ambientais.
Estão sendo estudadas as formas de vida do lugar -bactérias e demais micro-organismos- e como dispersar os rejeitos de uma exploração mineral em alto-mar.
"O Brasil agora está com condições financeiras" e pode fazer essas pesquisas, diz Ventura sobre o relativo atraso ante países como China, Japão, Rússia e Alemanha.
No entanto, não há navio brasileiro apropriado para as expedições. As quatro já feitas ocorreram com uma embarcação holandesa. Em agosto, haverá nova missão, e o navio será japonês.
Hoje o país faz pouca exploração de minérios em solo marítimo. Há autorização de pesquisa na plataforma continental do Maranhão e do Espírito Santo, para coleta de material composto por farelos de conchas e corais. (Da Folha)
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