terça-feira, 9 de outubro de 2012

Contraponto 9439 - "AO POVO BRASILEIRO"

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09/10/2012 

AO POVO BRASILEIRO




No dia 12 de outubro de 1968, durante a realização do 30º Congresso da UNE, em Ibiúna, fui preso, juntamente com centenas de estudantes que representavam todos os estados brasileiros naquele evento. Tomamos, naquele momento, lideranças e delegados, a decisão firme, caso a oportunidade se nos apresentasse, de não fugir.
Em 1969 fui banido do país e tive a minha nacionalidade cassada, uma ignomínia do regime de exceção que se instalara cinco anos antes. 
Voltei clandestinamente ao país, enfrentando o risco de ser assassinado, para lutar pela liberdade do povo brasileiro.
Por 10 anos fui considerado, pelos que usurparam o poder legalmente constituído, um pária da sociedade, inimigo do Brasil.
Após a anistia, lutei, ao lado de tantos, pela conquista da democracia. Dediquei a minha vida ao PT e ao Brasil. 
Na madrugada de dezembro de 2005, a Câmara dos Deputados cassou o mandato que o povo de São Paulo generosamente me concedeu.
A partir de então, em ação orquestrada e dirigida pelos que se opõem ao PT e seu governo, fui transformado em inimigo público numero 1 e, há sete anos, me acusam diariamente pela mídia, de corrupto e chefe de quadrilha.
Fui prejulgado e linchado. Não tive, em meu benefício, a presunção de inocência.
Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da imprensa, me condena como corruptor, contrário ao que dizem os autos, que clamam por justiça e registram, para sempre, a ausência de provas e a minha inocência. O Estado de Direito Democrático e os princípios constitucionais não aceitam um juízo político e de exceção.
Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou acatar a decisão, mas não me calarei. Continuarei a lutar até provar minha inocência. Não abandonarei a luta. Não me deixarei abater.
Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a covardia moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram contra mim nestes últimos anos, será minha razão de viver.

Vinhedo, 09 de outubro de 2012

José Dirceu

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Comentário no  Blog do Nassif
 
 
JB Costa 
 
 
País estranho, este Brasil. Muito estranho. O primeiro partido verdadeiramente orgânico da política brasileira; único cuja gênese foram os movimentos sociais e populares e que sem sombra de dúvida foi o primeiro a merecer o epíteto de "partido de massas"; que na oposição aglutinou e soube canalizar os anseios da classe trabalhadora e dos excluídos; que no Poder mudou, de forma radical, a face perversa de um país de desigualdades gritantes; ter hoje dois de seus líderes maiores, cujos histórico de lutas e dedicação até com risco de morte é reconhecido até por desafetos, condenados pelo crime de corrupção ativa através de um julgamento eivado de singularidades, só entendidas se avaliadas pelo prisma da exceção. Dois líderes políticos da maior cepa, cujos "crimes" maiores foram AGIR, serem portanto HOMENS DE AÇÃO, para implementar as mudanças neste país. Ambos sem nenhuma mácula nas suas carreiras e, até prova em contrário, destituídos de bens materais. 

José Dirceu e José Genuíno foram condenados. Irão provavelmente para a cadeia. Enquanto isso centenas de personalidades políticas, muitas delas "hospédes" das páginas policiais, a exemplo de Paulo Maluf, Daniel Dantas(condenado a dez anos de prisão) e outros menos votados continuarão impunes aqui fora. 

Entrementes, os responsáveis por crimes mais facilmente tipificados, à frente o chamado "escândalo do mensalão mineiro", permanecerão por aí esgravatando os dentes e com sérias chances de se safarem pelo instituto da prescrição. 

Agora mesmo, pululam nas colunas sociais os responsáveis pela chamada "privataria tucana", o maior assalto ao patrimônio público já acontecido no país. José Serra, em vez de responder pelas denúncias feitas por um livro repleto de provas acerca da sua participação nesse esquema, é candidato a prefeito da maior cidade do país. E que tem ainda o displante de arrotar ética e moralismo.

Tudo isso com o beneplácito, o mutismo, a conivência de uma mídia partidarizada e comprometida com seus interesses, em destaque a destruição de um partido e de seus líderes. 

Mais a lamentar de tudo isso foi o nosso Supremo Tribunal ter se curvado, se acovardado, a todas as essas forças citadas. Todo o palavreado, os rapapés, os contorcionismos verbais, a recorrência a teses jurídicas empoeiradas, faz com que se aplique para esse julgamento a famosa sentença de Nicolale Iorga:

A Justiça pode caminhar sozinha; a injustiça precisa sempre de argumentos, de muletas.
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Um comentário :

  1. Bravo!... José Dirceu, temos certeza que você não está só nessa luta. O povo nas urnas darão a resposta com certeza a essa armação contra você e contra PT e o presidente LULA. E no futuro o reconhecimento da sua inocência.

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