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25/10/2014
Reeleita, Dilma clama por paz, união e mudanças
Brasil 247 - 26 de Outubro de 2014 às 22:23
"Agradeço, do fundo do mundo do meu coração, ao
militante número 1 das causas do povo brasileiro: o presidente Lula",
disse a presidente Dilma Rousseff, em seu discurso da vitória; com as
urnas apuradas, ela teve 51,6% dos votos, contra 48,4% de Aécio Neves;
"Não acredito que essas eleições tenham dividido o Brasil ao meio.
Entendo que elas mobilizaram emoções contraditórias, mas movidas por um
sentimento comum: a busca de um futuro melhor"; depois de clamar por paz
e união, ela afirmou ainda que resultados apertados nas urnas podem
promover mudanças mais rápidas e mais profundas; "sei do poder que cada
presidente tem de liderar as grandes causas populares. E eu o farei",
disse Dilma, num discurso histórico, de arrepiar, em que ela colocou
como prioridade de seu segundo mandato a reforma política
247 - Aos gritos de
olê, olê, olá, Dilma foi recebida por militante do PT em São Paulo. Seu
primeiro agradecimento foi ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em seguida, ao vice Michel Temer e a sua esposa Marcela. Depois, vieram
os presidentes dos partidos que a apoiam, começando por Rui Falcão, do
PT.
Eis trechos de sua fala:
"Chegamos
ao final de uma disputa que mobilizou todas as forças dessa Nação.
Tenho palavras de agradecimento e conclamação. Agradeço a meu vice e aos
partidos que sustentaram nossa aliança. Agradeço a cada um e a cada uma
dos integrantes dessa militância combativa, que foi a alma e a força
dessa vitória. E agradeço a todos os brasileiros e brasileiras.
Agradeço,
do fundo do mundo do meu coração, ao militante número 1 das causas do
povo brasileiro: o presidente Lula. Conclamo a todos os brasileiros e
brasileiras a nos unirmos. Não acredito que essas eleições tenham
dividido o Brasil ao meio. Entendo que elas mobilizaram emoções
contraditórias, mas movidas por um sentimento comum: a busca de um
futuro melhor.
Em lugar
de ampliar divergências, creio que é hora de construção de pontes. O
calor liberado no fragor da disputa pode ser transformado em energia
construtiva de um novo momento no Brasil. Em alguns momentos da
história, resultados apertados produziram mudanças mais rápidas e mais
amplas. Essa é minha esperança. Aliás, é minha certeza. Esta presidenta
aqui está disposta ao diálogo e este é meu primeiro compromisso neste
segundo mandato. Toda eleição é uma forma de mudança.
Principalmente
para nós, que vivemos numa das maiores democracias do mundo.
Quero
ser uma presidenta muito melhor do que fui até agora. Quero ser uma
pessoa ainda melhor do que tenho me esforçado por ser. A palavra mais
dita foi mudança. O tema mais amplamente invocado foi reforma. Estou
sendo reconduzida à presidência para realizar as grandes mudanças que a
sociedade brasileira exige. Estou pronta a responder a essa convocação.
Sei do poder que cada presidente tem de liderar as grandes causas
populares. E eu o farei."
Em
seguida, Dilma defendeu o plebiscito pela reforma política. "Quero
discutir esse tema profundamente com o novo Congresso Nacional e com
toda a sociedade brasileira".
Com as urnas
apuradas, a presidente Dilma Rousseff teve 51,6% e Aécio Neves 48,4%.
Ela venceu no Norte, no Nordeste, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e
perdeu em São Paulo.
O resultado é muito semelhante ao da pesquisa Datafolha, que apontou vitória de Dilma por 52% a 48%.
Com a vitória, o Partido dos Trabalhadores, que foi criado em 1980, terá um ciclo de 16 anos no poder.
Abaixo, reportagem da Agência Brasil:
Luana Lourenço e Sabrina Craide – Repórteres da Agência Brasil
Com 97,62% das urnas apuradas, a
atual presidenta da República, Dilma Rousseff (PT), tem 51,38% dos votos
válidos e está matematicamente reeleita para o cargo. O candidato Aécio
Neves (PSDB) tem 48,62% dos votos válidos até o momento.
Mineira de Belo Horizonte, Dilma
Rousseff, tem 66 anos, é economista formada pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS), tem uma filha e um neto. Foi reeleita hoje
(26), junto com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), com o apoio da
coligação formada por PT, PMDB, PDT, PCdoB, PR, PP, PRB, PROS e PSD. No
primeiro turno, Dilma ficou em primeiro lugar, com 43.267.668 votos
(41,59% dos votos válidos).
Filha de um imigrante búlgaro e de
uma professora do interior do Rio de Janeiro, Dilma viveu em Belo
Horizonte, capital mineira, até 1970, onde integrou organizações de
esquerda, como o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda
Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Foi presa em 1970 pela
ditadura militar e passou quase três anos no Presídio Tiradentes, na
capital paulista, onde foi torturada.
Em 1973, mudou-se para Porto Alegre,
onde construiu sua carreira política. Na capital gaúcha, Dilma
dedicou-se à campanha pela anistia, no fim do regime militar, e ajudou a
fundar o PDT no estado. Em 1986, assumiu seu primeiro cargo político, o
comando da Secretaria da Fazenda de Porto Alegre, convidada pelo então
prefeito Alceu Collares.
Com a redemocratização, Dilma
participou da campanha de Leonel Brizola à Presidência da República em
1989. No segundo turno, apoiou o então candidato Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). Em 1993, Dilma assumiu a Secretaria de Energia, Minas e
Comunicação do Rio Grande do Sul, cargo que ocupou nos governos de Alceu
Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
Em 2000, Dilma filiou-se ao PT e, em
2002, foi convidada a compor a equipe de transição entre os governos
Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Quando Lula
assumiu, em janeiro de 2003, Dilma foi nomeada ministra de Minas e
Energia, onde comandou a reformulação do marco regulatório do setor. Em
2005, ainda no primeiro governo Lula, Dilma assumiu a chefia da Casa
Civil, responsável até então por projetos como o Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida.
Dilma deixou a Casa Civil em abril
de 2010 e, em junho do mesmo ano, teve sua candidatura à Presidência da
República oficializada. Venceu sua primeira eleição no segundo turno,
contra o candidato do PSDB, José Serra, com mais de 56 milhões de votos.
Em um governo de continuidade, Dilma
manteve e ampliou programas sociais da gestão Lula e implantou
iniciativas que levaram à redução da pobreza, da fome e da desigualdade.
Criou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec) e ampliou programas de empreendedorismo. Também implantou um
programa de concessões para obras de infraestrutura e logística, muitas
ligadas à realização da Copa do Mundo. Em um governo marcado por
episódios de corrupção, Dilma chegou a demitir seis ministros em dez
meses, em 2011. A presidenta reeleita também enfrentou problemas com a
economia, com queda no ritmo do crescimento do país e avanço da
inflação.
Leia, ainda, reportagem da Reuters:
SÃO PAULO (Reuters) -
A presidente Dilma Rousseff (PT) foi reeleita neste domingo em uma
disputa marcada por reviravoltas e que teve o resultado mais apertado
desde a redemocratização, indicando os desafios que ela terá para unir
um Brasil que se mostrou dividido nas urnas.
A vitória de Dilma, primeira mulher
na Presidência da República, veio principalmente com votos obtidos no
Norte e Nordeste, regiões mais pobres do país e onde programas sociais
como o Bolsa Família têm ajudado a melhorar a vida de dezenas de milhões
de pessoas.
A petista, que garantiu ao seu
partido o quarto mandato consecutivo no governo central, terá grandes
desafios pela frente, como retomar o crescimento econômico, controlar
mais efetivamente a inflação e reconquistar a confiança de empresários e
investidores.
Seu governo precisará também dar
respostas à sociedade sobre a suposta corrupção na Petrobras e que teria
o envolvimento de partidos e políticos da base aliada do governo, que
veio à tona durante a campanha e virou tema de embate, porém sem força
para mudar de forma significativa o voto de eleitores.
Após 98 por cento da apuração, Dilma
tinha 51,45 por cento dos votos válidos, contra 48,55 por cento de
Aécio, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Restando 1,87 por cento dos votos a serem apurados, é impossível
matematicamente para o tucano alcançar a petista.
Dilma tinha 53,3 milhões de votos e Aécio aparecia com 50,3 milhões. Ainda faltavam 2,7 milhões de votos a serem apurados.
A última parcial do TSE apontava
para um resultado final agora mais estreito em termos percentuais do que
foi a vitória de Fernando Collor de Mello (PRN) contra o petista Luiz
Inácio Lula da Silva em 1989, quando o primeiro foi eleito com 53,03 por
cento dos votos válidos.
A eleição deste ano foi marcada pela
imprevisibilidade, com Dilma tendo visto sua chance de reeleição
ameaçada por dois candidatos diferentes ao longo da campanha, primeiro
por Marina Silva (PSB), terceira colocada na votação de 5 de outubro, e
depois por Aécio.
A trágica morte do presidenciável
Eduardo Campos (PSB) em um acidente aéreo em 13 de agosto alçou sua vice
na chapa ao topo da corrida presidencial. Marina chegou a abrir 10
pontos de vantagem sobre Dilma em simulação de segundo turno. A
ex-senadora e ambientalista, contudo, viu aos poucos suas intenções de
voto cederem, em meio aos ataques de seus adversários.
Aécio teve uma votação no primeiro
turno bastante acima do que apontavam as pesquisas e apareceu
numericamente à frente de Dilma nos primeiros levantamentos do segundo
turno, em empate dentro da margem de erro. Mas logo a presidente voltou a
aparecer na frente, o que persistiu até a véspera da votação deste
domingo.
Além de viradas dramáticas, a
disputa deste ano ficará marcada pelos incansáveis ataques entre os
principais candidatos e pela crescente radicalização na polarização PT x
PSDB, que domina a corrida presidencial há 20 anos.
(Por Cesar Bianconi e Gustavo Bonato)
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