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28/10/2014
Gustavo Castañon: Não se iludam, eles não vão desistir do Brasil
Viomundo - publicado em 28 de outubro de 2014 às 18:10
Eles não vão desistir do Brasil
por Gustavo Castañon, especial para o Viomundo
Preparem-se para a continuação da luta, companheiros, não se desarmem: essas bestas fascistas que rasgaram a fantasia nas suas timelines não vão desistir do Brasil. Não vão para Miami porque o máximo que conseguiriam lá seria lavar pratos. Não vão para a Europa, aonde nem isso conseguiriam. Não. Aqui é o paraíso deles.
Em que país da Europa eles poderiam pagar menos impostos que os pobres e a carga tributária que pagam no país, e ainda dizer que ela é alta?
Eles só gostam de ir para a Europa para fazer turismo. Não gostam de limpar a própria privada. Como disse o Aécio, muitos deles nunca fizeram nem sua própria cama. Como suportariam uma vida aonde precisam limpar a própria casa e há tão poucos sinais de diferenças de classe? E o sentimento de pertencer a uma classe superior, que alimenta suas existências fracassadas? Como fica? Não. Eles não vão.
Não, nem pra Miami. Em que outro país do mundo civilizado eles poderiam ainda ter uma empregada doméstica? Certamente não nos EUA. Em que outro país do mundo eles poderiam manter um exército de miseráveis a explorar com o salário mínimo brasileiro? Faxineiras, babás, lixeiros, policiais filhos da classe baixa explorados como escravos para proteger seus patrimônios, morrendo e matando outros miseráveis… Não, eles não vão.
Em que outro país civilizado do mundo eles teriam garantido o futuro de seus filhos, do mais retardado e vagabundo ao mais brilhante e trabalhador, simplesmente pela classe onde nasceu? Em que outro país do mundo poderiam chamar isso de meritocracia?
Aonde, meu Deus, aonde mais poderiam criar seus filhos ensinando-os que há cidadãos de primeira e segunda classe? Aonde poderiam estar acima da lei dependendo de quanto dinheiro tem? Aonde poderiam ser representados por um partido político que é o mais corrupto do país e está totalmente acima da lei e da justiça e se jactarem de serem decentes e honestos? Não, em nenhum lugar do mundo.
Em que outro lugar no mundo civilizado poderiam se jactar de seus conhecimentos técnicos como se fossem educação privilegiada? Onde poderiam se orgulhar de seu analfabetismo funcional que os torna incapazes de distinguir entre a informação e a opinião de um jornalista? Onde poderiam ostentar o acompanhamento de programas de um canal de notícias de TV fechada e a leitura de um pasquim semanal como auge da cultura pessoal?
Em que outro lugar do mundo, em que outro, poderiam ter formado patrimônio recebendo em juros reais dos fundos dez, quinze por cento por dez anos? Ou jogando no overnight? Onde mais continuariam a ter agora rendimentos reais de 5 por cento ao ano em fundos ou no tesouro direto?
Onde ganhar dinheiro das sobras do saque do estado promovido por seus donos? Não, eles não vão.
E em que outro país eles poderiam viver pagando menos impostos proporcionais que os mais pobres e ainda afirmar serem explorados por eles? Em que outro lugar do mundo poderiam explorar sua força de trabalho e ainda afirmar que são eles que dão empregos e somente eles que produzem no país?
Que outro país do mundo eles poderiam ter mantido o mais desigual do planeta por cinquenta anos enquanto impunham o mito da cordialidade do brasileiro e mantinham o escravagismo mais selvagem aplaudindo a alegria do carnaval?
É por isso e muito mais que eles vão ficar. Eles sempre vão ficar. Eles não vão lutar de peito aberto porque são covardes. Eles vão querer que façam o serviço sujo por eles. A mídia. O judiciário brasileiro que é seu aparelho de classe. Os buchas de classe média baixa, o exército com seus soldados oriundos das classes mais desfavorecidas.
Eles vão continuar a lutar com unhas e dentes para garantir que o banquete de pobres e miseráveis de seus patrões seja tão farto que possam continuar se alimentando das migalhas de sua mesa, vão lutar contra a verdadeira meritocracia, contra o acesso universal à educação e educação superior, contra a saúde pública e seu acesso universal, contra os programas de distribuição de renda. Eles são perigosos. Eles são o egoísmo, a injustiça, a mesquinhez e a irracionalidade que fez desse país rico um dos dez mais desiguais e injustos do mundo. E eles não vão desistir desse Brasil.
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