segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Contraponto 15.291 - "Paulo Metri: O governo Dilma diante de crises ininterruptas"

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 10 /11/2014


Paulo Metri: O governo Dilma diante de crises ininterruptas


Do Viomundo - publicado em 9 de novembro de 2014 às 19:12


Marcos Coimbra sobre as pesquisas pós-manifestações de junho: Tudo considerado, Dilma continua como favorita.  Foto: Marcelo Camargo/ABr
Foto: Marcelo Camargo/ABr

Golpe em curso

por Paulo Metri, do Correio da Cidadania, em seu blog

Os que querem a derrubada do governo

Não conheço todos que trabalham para derrubar nosso governo, mas tenho conhecimento de algumas pessoas, organizações e países que estão trabalhando com afinco para derrubá-lo.

O capital internacional, mais representado pelas empresas petrolíferas, que queriam ficar com a maior parte do petróleo do Pré-sal, desejariam ver um governo capacho tomando o poder. São os capitais que se sentem prejudicados com a assinatura de acordos pelo Brasil com a China, Rússia, Índia, África do Sul, países do Mercosul, outros países da América Latina, países da África e do Oriente Médio, enfim, com os novos parceiros do Brasil.

São os Estados Unidos da América, uma vez que o planejamento da evolução das forças armadas deste país, segundo o seu próprio Departamento de Defesa, dentre outros objetivos, visa tolher o aparecimento de outros hegemones.

Está interessada na derrubada do nosso governo, por mais incrível que possa parecer, uma parcela do capital nacional, que se contenta em ser um proxeneta do internacional.

Políticos, que se aliam a grupos estrangeiros para prejuízo do nosso povo também aderiram ao golpe. Políticos corruptos e seus corruptores nacionais querem derrubar, de qualquer forma, o atual governo, porque este tem liberado a Polícia Federal, a CGU e o Ministério Público para investigarem qualquer denúncia que apareça.

Os atuais herdeiros dos antigos “donos de engenho”, que trocam a felicidade do povo pelo acúmulo de riqueza para eles próprios, não querem ver “peões” como beneficiados pelo poder.

Toda vez que a sociedade brasileira evolui, no sentido de aumentar seu nível de conscientização política e de desenvolvimento social, uma parcela pequena da população, contudo possuidora da mídia comercial e de muitos recursos, que representa interesses estrangeiros, busca barrar a evolução. Foi assim nos governos Vargas e Jango.

Em todas as situações, a derrubada começa com mentiras descaradas sobre o governo, transmitidas para a população exaustivamente por uma mídia corrupta, como se fossem verdades. Em seguida, vários poderes, políticos e lideranças criam obstáculos sistemáticos para quem foi democraticamente eleito.

Esta minoria quer o poder para continuar a exploração dos indefesos da sociedade e, com isso, continuar concentrando a renda em suas mãos. Quer também entregar riquezas nacionais a estrangeiros, que financiaram suas campanhas políticas, o atual golpe e ainda prometem umas migalhas para o futuro.

Os governos Lula e Dilma representaram uma inflexão desta tendência. Registre-se que os benefícios para os mais desprotegidos, ocorridos nos citados governos, não foram subvencionados com recursos retirados ou que iriam para a classe média – portanto, não há razão para ela se opor a estes benefícios. No entanto, ela é muito influenciada pela mídia do capital.

Congresso fisiológico e conservador

O Congresso nacional é formado por uma grande bancada fisiológica e uma menor bancada ideológica.

Os fisiológicos foram eleitos com auxílio de recursos bancados por apoiadores de campanha, não só o que é permitido pela legislação, como através de caixa dois.

Assim, seus mandatos não são seus, nem dos eleitores que os elegeram. São dos seus apoiadores de campanhas, que têm interesses bem diferentes da presidente Dilma.

Portanto, ela terá razoável dificuldade para conseguir ter qualquer assunto aprovado no Congresso.
 
Os fisiológicos só querem “usufruir” de seus mandatos, pois passam a ter algum poder, que pode ser traduzido em dinheiro. Assim, para eles, o Congresso nada mais é que um balcão de negócios.

Mas algumas decisões não dependem unicamente deles, mas também da presidente. Assim, quando ela precisa da aprovação, por parte deles, de outros temas, chantageiam-na com a aprovação dos pontos que representarão dinheiro para eles.

O presidente que não fizer um mínimo de concessões não irá governar. As alternativas seriam, em primeiro lugar, buscar o apoio popular para destituir os maus políticos dos seus cargos, o que é impossível de acontecer, dado o estágio atual da nossa conscientização política.

Pode-se também denunciar este esquema diretamente para a sociedade, através da requisição de tempo na TV aberta e em cadeia de rádio, e do uso intensivo das TVs Brasil e NBR. Este seria o mínimo contraponto que a presidência sitiada poderia utilizar, mas iriam dizer que está sendo cerceada a liberdade de imprensa.

Quando um congressista diz que a reforma política tem que ser originada no Congresso é porque eles querem que passe a reforma que preserve seus poderes.

Por isso, o projeto de lei de iniciativa popular da reforma política é extremamente importante.
O decreto da presidente sobre conselhos populares para a participação social, derrubado pela Câmara recentemente, nunca iria ser aprovado pelo Congresso. Apesar das recomendações destes conselhos não terem que ser obrigatoriamente aceitas, se forem contrárias aos interesses do Legislativo, eles dificultarão as decisões de interesse dos congressistas.

Outra ingenuidade é pensar que uma nova Lei dos Meios de Comunicação, útil para a sociedade, poderá ser aprovada pelo Congresso que saiu recentemente da eleição e é considerado pior que o atual.

O ministro do STF, a oposição e a mídia

Mas não é só o Congresso que busca golpear o próximo governo de Dilma. O ministro do STF Gilmar Mendes, em uma única afirmação deselegante, ofendeu a todos os juízes nomeados por Lula e Dilma. Inclusive, ele ofendeu o ministro Joaquim Barbosa, que, em muitas questões, teve opiniões concordantes. Ele esquece que, durante anos, o STF foi bastante conservador, mais parecendo conter onze Gilmar Mendes.

A posição do PSDB, depois da eleição, é socialmente reprovável. Discursos de ódio de muitos dos seus mais altos membros, como Aécio Neves e Aloysio Nunes Ferreira, demonstram a desvinculação da base mínima para um possível convívio político. Mesmo Fernando Henrique Cardoso, em artigo, deixa claro também suas radicalizações.

Tudo isto com a reverberação máxima da mídia do capital. Eles não querem construir uma sociedade fraterna, mas uma sociedade de castas. É importante deixar claro que, nesta eleição, há ódio de classes.

O nível de radicalismo da oposição é inusitado, pois não reconhecem que perderam com cerca de 3,6 milhões de votos de diferença entre o vencedor e o perdedor.

Querer que o vencedor não governe é um achincalhe ao desejo popular.

Aécio deveria seguir o exemplo de John McCain, candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano em 2008, tendo como adversário o candidato democrata Barak Obama. McCain acabou derrotado por Obama e, no discurso reconhecendo a derrota, disse: “Obama era meu adversário. Agora é meu presidente”.

Querer o impeachment da presidente devido à denúncia não comprovada de um bandido é uma afronta a qualquer pessoa de bem e que deseja a construção de uma sociedade justa. A oposição se valeu desta denúncia inconfiável, que não deveria ser divulgada no meio do processo eleitoral, para amealhar votos para seu candidato.

Raciocinando com a hipótese de que o Aécio ganhasse a eleição, só para mostrar o absurdo que foi esta divulgação. Claramente, ela teria influenciado o resultado. Depois que Aécio tomasse posse e não se comprovasse que Dilma sabia das falcatruas dos senhores Costa e Youssef, o que se faria, pois se teria dado posse ao presidente errado?

O que ocorreu possivelmente foi que esta denúncia causou danos ao total de votos da presidente, mas, por sorte, ela tinha uma razoável quantidade deles em excesso aos do adversário e, por isso, ela ainda continuou ganhando.

O PSDB requereu ao TSE uma auditoria independente sobre a votação através das urnas eletrônicas, conseguindo não só agredir ao TSE, mas também a todos os técnicos do setor público responsáveis pela eleição. Outra divagação para mostrar o momento inusitado em que vivemos: imagine que o Aécio ganhasse a eleição e os simpatizantes de Dilma começassem a declarar, antes de completar uma semana da eleição, que as urnas eletrônicas foram fraudadas e a pedir impeachment do presidente eleito? Toda a mídia do capital diria que os simpatizantes de Dilma são antidemocráticos e querem desrespeitar a vontade popular.

Golpe em curso?

Em uma manifestação da direita em São Paulo, onde o PSDB se fazia representar, pediram até o retorno da ditadura. Este pedido é incrível, porque próceres deste partido, como Aloysio Nunes Ferreira e José Serra, sofreram na ditadura e não houve repúdio à proposta.

Contudo, uma voz com a razão finalmente apareceu, pois Xico Graziano, que é do PSDB, repudiou a volta da ditadura. Repito, sobre este ponto, seus colegas de partido se calaram. Será que para tirar o PT do poder até uma ditadura é bem-vinda? Lembre-se que, para tirar Jango do poder, a direita aceitou uma ditadura.

Por esta pequena amostra, pode-se concluir que o mandato que ainda não iniciou irá sofrer crises ininterruptas, propositadamente criadas pela direita, aliada a interesses estrangeiros. Tudo com o beneplácito de um Congresso de maioria fisiológica.

Este não terá espírito público e passará quatro anos criando “dificuldades” para ganhar “facilidades” nos seus pleitos para a presidente.

As reformas política e da mídia, primordiais para a consolidação da democracia brasileira, dificilmente ocorrerão a contento porque os próprios congressistas têm interesses diferentes dos da população, com relação ao sistema político e à regulamentação da mídia. Serão mentiras e acusações constantes, com repercussão máxima na mídia, para sequestrar os votos dados pelo povo à presidente.

É possível compreender a angústia atual de muitos dos militantes e quadros do PSDB e da direita, afinal de contas estão longe do poder há 12 anos; com mais quatro deste segundo governo Dilma, estarão 16 anos longe do poder. Se for somado mais quatro anos de um potencial terceiro mandato de Lula, chegar-se-á a 20 anos do PSDB e da direita longe do poder. A solução para eles é um golpe ou o impeachment.

A esperança maior reside no povo, que não foi manipulado nesta eleição pela mídia, e precisa, de novo, não ser enganado pelo que a mídia disser para forçar o golpe. A presidente é combativa, mas precisa do apoio popular. A libertação de nosso povo, que não quer ser mais explorado por inimigos externos e internos, precisa ser conquistada. O golpe está em curso, mas pode ser revertido, principalmente se existir apoio popular para a presidente poder governar.

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