quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Contraponto 15.372 - "Sem povo, golpismo se isola entre meia dúzia"

Antes de Merval, com um pouco mais de parcimônia, Jabor classificou o momento atual como igual "a um passado pré-impeachment do Collor". Uma torcida evidente pela retomada daquela movimentação. Buscando destaque nesse debate, Gullar registrou no fim de semana a expressão "golpe democrático", que sabe se lá como pode ser aplicado, uma vez que é golpe, mas é democrático. À la Paraguai, talvez ela tenha procurado dizer.

Esses posicionamentos se esvaziaram por si mesmos, mas eles foram assoprados, antes, por chefe políticos como o senador Aloysio Nunes e o ex-governador Alberto Goldman. Ambos conseguiram ficar isolados no PDSB ao pregar o não diálogo com o governo que, efetivamente, venceu uma eleição democrática. Goldman chegou a avaliar que a presidente Dilma "não terá condições de governar". Com essa expressão de vontade, equiparou-se ao deputado Jair Bolsonaro, que se elege pregando a negação da democracia por meio da volta dos militares ao poder.

O problema tanto para os colunistas como para os políticos é que não foi dada nenhuma atenção expressiva ao que eles escreveram ou disseram. Por duas vezes tentou-se levar, a partir de São Paulo, para dezenas de cidades brasileiras as marchas pela derrubada de Dilma. Isso representaria a montagem do cenário público para o golpe do resultado de uma eleição democrática.

O vazio das passeatas ocorridas apenas na avenida Paulista – e que sequer existiram em outras cidades – mostrou, porém, que os que pregão um atalho para tentar voltar ao poder estão sozinhos. No Congresso, o convite à instalação de um processo de impeachment não teve o menor eco.

Sem querer, a meia dúzia de pregadores da interrupção no ciclo democrático prestou um serviço à democracia: ficou provado que ideias esdrúxulas como as deles não criam o mesmo clima de crise que argumentos muitos semelhantes conseguiram criar 50 anos atrás, nos idos de 1964.

 Eles podem não ter percebido, mas o Brasil de hoje não se deixar enganar e está pronto para resistir às vivandeiras de plantão.
.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista