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12/11/2014
Padilha: Lula 2018 é a receita contra tentativa de desestabilização de Dilma
O ex-ministro Alexandre Padilha esteve ontem na sede da revista Fórum e concedeu sua primeira entrevista depois da disputa ao governo do Estado. Participaram da conversa que durou aproximadamente duas horas os blogueiros Altamiro Borges, Eduardo Guimarães, Rodrigo Vianna e este que vos escreve. Para quem não assistiu ao vivo e tem interesse em ver o vídeo, é possível acessá-lo neste link.
Padilha estava muito diferente das duas outras ocasiões em que esteve com blogueiros durante sua campanha ao governo do estado. Em ambos os encontros, ele parecia carregar uma armadura pesada e que lhe levava a tomar tantos cuidados para se mexer. O que o tornava muito menos espontâneo e autêntico.
O marketing tem feito esse desserviço à política. Candidatos a cargos majoritários acabam buscando se adaptar tanto ao senso comum que perdem aquilo que têm de melhor. E acabam não enfrentando polêmicas por receio de perder votos.
Padilha chegou a São Paulo montado no enfrentamento bem sucedido do Mais Médicos, mas fez uma campanha de conteúdo frio até o final de setembro quando Alckmin já tinha pavimentado sua reeleição. Só no final fez uma campanha mais aguerrida, mas a mudança não foi capaz de produzir um segundo turno.
Na entrevista de ontem, Padilha não tergiversou em relação ao resultado e disse que o PT teve o pior desempenho de sua história desde 1994 no estado, mas não só em relação ao cargo de governador, como também para a presidência da República, Senado e para as câmaras federal e estadual. Aliás, para a presidência o resultado petista só foi pior do que o de 1989.
Padilha avalia que isso tem relação com uma intensa campanha midiática anti-petista no estado, mas também com o fato de o partido não ter conseguido fazer oposição a partir de suas bases sociais à política tucana no estado. Por esse motivo, ele está propondo um grande fórum de entidades que teria como objetivo discutir projetos para São Paulo em diferentes áreas. E o primeiro evento estaria sendo articulado já para o mês de janeiro.
Segundo afirmou por algumas vezes, sua intenção é fincar pé em São Paulo e se dedicar principalmente a ser um interlocutor do partido com os movimentos sociais. Padilha garante não ter intenção de assumir nenhum cargo público. Seu nome andou sendo aventado, por exemplo, para a secretária de Saúde do governo Haddad.
Em relação ao segundo governo Dilma, Padilha avalia que a presidente terá sensibilidade para perceber o resultado das urnas em especial no que diz respeito à perda de apoio no segmento da nova classe trabalhadora que habita as grandes cidades e metrópoles. O ex-ministro considera que há duas questões que afetaram o PT neste segmento. A primeira, o discurso associando-o à corrupção. O batuque diário da mídia teria convencido uma parte dessa população. E o segundo, que é um fenômeno que de fato merece ser melhor estudado, é que essa nova classe trabalhadora tem sido mais intensamente afetada pela baixa qualidade de vida nos grandes centros.
Pela análise de Padilha, com a ampliação da circulação de pessoas, que antes ficavam praticamente confinadas nos bairros periféricos por conta do desemprego e da falta de opções, o transporte piorou muito. E essas pessoas têm a sensação de que sua vida poderia ser melhor e que o governo tem feito pouco para melhorar essa situação.
Ou seja, a partir dessa sua análise, o desafio da mobilidade nas grandes cidades deveria ser um tema central do governo Dilma.
Em relação à articulação política, ele acha que Dilma terá muita dificuldade com o novo Congresso e acredita que o tema central do movimento social para este período teria de ser o da reforma política. Inclusive, para garantir a partir das próximas eleições que segmentos populares consigam fazer campanha sem precisar entrar na lógica absurda do financiamento privado.
Quanto à regulamentação econômica dos meios de comunicação, Padilha se mostrou pessimista. Considera fundamental lutar pela sua aprovação, mas prevê muita dificuldade em decorrência da correlação de forças no novo parlamento.
No que parece ser o tema da vez, Padilha sinalizou que para enfrentar a tentativa de desestabilização ao novo governo que alguns setores da oposição parecem estar ávidos por operar, o remédio se chama Lula. O ex-presidente precisa, na opinião dele, participar ativamente do debate político e mostrar que está com o pé na estrada. Isso daria uma perspectiva de continuidade de poder para a base aliada e diminuiria a chance de que alguns partidos ou setores viessem a embarcar em aventuras de alto risco.
Isso não significa, na avaliação dele, que Lula precise obrigatoriamente disputar em 2018. O ex-presidente poderia até abrir mão da candidatura se viesse a a achar que o projeto não corre risco e pode vir a ser liderado por outra pessoa. Mas não poderia deixar a oposição se apresentar sozinha para a sucessão de Dilma.
A verdade é que mesmo 2014 ainda não tendo acabado, 2018 já começou. E isso não é novidade. Em política uma eleição começa quando a outra termina.
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