quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Contraponto 18.549 - "O telhado de vidro de tucanos e aliados"

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06-01-2016


O telhado de vidro de tucanos e aliados

 




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Hélio Doyle
ColunistaO chamado mensalão do PT e a operação Lava-jato ajudaram os que fazem oposição ao governo de Dilma Rousseff a passar para a sociedade uma grande mentira: a de que as práticas corruptas são exclusivas do PT e de políticos que apoiam o atual governo. Os acusadores, do PSDB, do DEM, do PPS, do Solidariedade e de outros partidos menores posam como defensores da moralidade pública e ferrenhos combatentes da luta contra a corrupção no país. O que é, no fundo, uma grande piada.

Alguns segmentos do Ministério Público e da Justiça e a chamada grande imprensa ajudam os oposicionistas a difundir essa grande mentira. Aparecem inúmeros indícios de envolvimento de parlamentares e dirigentes da oposição em irregularidades, mas esses indícios, de modo geral, ou parecem ser ignorados ou tratados com tanta lerdeza que caem no esquecimento. Há dois casos emblemáticos: a demora do Ministério Público em denunciar e da Justiça em julgar os chamados mensalões do PSDB, em Minas Gerais, e do DEM, em Brasília. Mas não são os únicos. A imprensa minimiza as acusações contra oposicionistas e exacerba as que atingem os governistas.

A verdade, porém, é simples: a corrupção, no Brasil, é um mal que assola políticos de todos os partidos, servidores públicos e juízes de todas as crenças. A corrupção está nos três poderes da República, dos estados e dos municípios. Do mais alto ao mais baixo escalão. Do ministro que cobra comissão sobre as obras ao servidor que cobra propina para liberar um papel. Do ministro de um tribunal superior ao juiz de uma vara no interior, que vendem suas sentenças. Do senador ao vereador, que recebem remuneração por votos, pareceres, emendas, convocações e desconvocações.

É hipocrisia, pois, atribuir toda a corrupção, com exclusividade, a algum partido ou algum governo.

Como se em governos tucanos e de seus aliados nada tivesse acontecido. Como se só o PT tenha se lambuzado, nas palavras do ministro Jaques Wagner. Se bem que lambuzar talvez não seja o termo adequado para tucanos e aliados, pois para eles estar no poder não era nada novo, e a tecnologia do roubo de dinheiro público já era por eles bem conhecida.

O país precisa de uma limpeza, sem dúvida. Todos os esforços para que isso aconteça são positivos. Mas não podem se limitar a um segmento, ou a alguns escolhidos. Todos devem ser investigados, sem “preconceito” político ou ideológico. E os políticos tucanos, demistas e aliados que saem acusando tendo telhados de vidro devem ter mais cuidado.


Hélio Doyle é jornalista, foi professor da Universidade de Brasília e secretário da Casa Civil do governo do Distrito Federal
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