domingo, 31 de dezembro de 2017

Nº 23.128 - "A verdadeira retomada de 2018 é a do direito do povo decidir"

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31/12/2017


A verdadeira retomada de 2018 é a do direito do povo decidir


Do Blog O Tijolaço · 31/12/2017



2018


POR FERNANDO BRITO


Escrevi, no Natal, que era hora de agradecer e que a hora de desejar era o novo ano. Então, desejo.

2018, tomara, será o ano da retomada.

Não a retomada hipócrita da qual tanto falam, que se dá para uns poucos, às custas da degradação do trabalho, do salário, dos direitos, dos serviços públicos, da educação, da ciência, da arte, do convívio humano.

A retomada do que tomaram – e ainda tomam – do povo brasileiro: o direito de fazer seu próprio destino, de ser dono de seu país, de ser senhor de sua vontade.

Nem parlamentares, com seus espetáculos circenses,  nem juízes, com a pompa de sua autoridade, têm o direito de se substituírem ao João , ao José, ao Raimundo ou a Severina e decidir o que é melhor para o Brasil.

Se o fazem, não importa que ao pretexto da lei, usurpam. E se usurpam, são ilegítimos, ainda que possam estar dentro da lei que leem como lhes convém. E se tomam o que não é seu, isto tem de ser retomado.

Esta é a verdadeira retomada que 2018 nos pode dar.

Este é o combate a que este blog se dedicará em 2018, com a fé inabalável em que venceremos esta quadra medieval que nos mergulharam.

O que me move a trabalhar,  todo o dia, todos os dias, segunda a segunda, 1° de janeiro a 31 de dezembro não é ganância, nem vaidade.

É o maior dos acicates que podem empurrar um ser humano: a consciência de que ele é nada sem humanidade.

O que está diante de nós vai além de um dever para com nosso povo e com o nosso país, é um dever civilizatório.

Estamos lutando contra uma era de trevas, um eclipse da inteligência e do amor fraterno. Nada mais atual que os versos do Milton da minha juventude: “E no ardor de nossos novos santos/O sinal de velhos tempos/Morte, morte, morte ao amor”

Fraquejar diante deles é permitir que aos nossos filhos e netos seja legada uma sociedade bruta e má, que em nome do moralismo, destrua os valores de liberdade, de tolerância, de igualdade básica entre os seres humanos e tudo o que se conquistou em séculos de lutas e sofrimentos de milhões de seres humanos.

O império da Lei não é o império dos juízes, nem a lei lhes pertence, nem o país lhes pertence. Nós, também, não lhes pertencemos.

Pertencemos a nós mesmos.

Só por nossas próprias vontades podemos escolher caminhos e caminhar.

E o caminho que milhões – não uns poucos – escolhem juntos é que pode abrigar a marcha de um povo.

2018 seja o ano em que reencontremos a trilha desta caminhada que não há de parar nunca, senão quando o povo brasileiro encontrar a justiça, a paz, a fraternidade e tudo o mais que forma essa distante e inesquecível face da esperança.

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Nº 23.127 - "Suprema ironia: entrevista de Freixo uniu a esquerda"

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31/12/2017

Suprema ironia: entrevista de Freixo uniu a esquerda


Do Cafezinho 31/12/2017 - Escrito por Miguel do Rosário, Postado em Redação


Antes de qualquer coisa: reafirmo que a entrevista de Freixo à Folha foi uma armadilha midiática para desunir o campo progressista.

Entretanto, examinando a sua repercussão, tanto no próprio partido de Freixo, como aqui no blog, na esquerda em geral, e em toda parte, não posso me furtar a uma conclusão irônica.

Diferentemente daquele que parece ter sido o objetivo da Folha, a entrevista gerou uma outra coisa: ela uniu a esquerda.

Em favor de Lula!

Há uma razão política poderosa por trás disso, naturalmente. Um sentimento comum: as pessoas estão impacientes, especialmente em relação a artimanhas eleitoreiras.

Diante da conjuntura dramática vivida pelo país, a menção, por Freixo, a “reuniões” no apartamento de Paula Lavigne, na zona sul do Rio, como se elas tivessem alguma relevância política, soou com um insulto.

Até mesmo a referência, por Freixo, a um encontro com Boulos num barzinho “vagaba” de São Paulo, pareceu forçada, artificial. Todos os estereótipos dos quais Freixo tenta se livrar – uma esquerda de boutique, bem comportada, midiática – acabaram reforçados.

A entrevistou produziu uma espécie de repulsa unânime. Gilberto Maringoni, dirigente do PSOL, apressou-se em dizer que jamais testemunhara uma entrevista tão desastrosa em sua vida. Jean Wyllys, um dos nomes mais importantes do partido, publicou há pouco um artigo que se inicia assim: “eu respeito muito as opiniões dele [Freixo]”, o que é uma maneira quase explícita de deixar claro que não gostou da entrevista, e que discorda profundamente da mensagem que emergiu dela: a de que não é momento de unir a esquerda.

Não importa o quanto Freixo explique, em vídeo, em texto, em novas entrevistas, que ele não quis dizer bem aquilo, que ele jure que também quer, sim, a união das esquerdas, que defende o direito de Lula ser candidato, etc.

Freixo parece ter sido engolido, ao menos neste momento, pela História.

O contraste entre as caravanas de Lula, de todas aquelas imagens e vídeos de Lula abraçado ao povo, à juventude pobre, aos estudantes de institutos federais, e as “reuniões” de Freixo no apartamento de Paula Lavigne, foi chocante demais.

Não sei se Boulos será mesmo candidato pelo PSOL. Em caso afirmativo, já seria uma virada importante, para o PSOL, na direção de uma postura mais combativa, e do próprio… (oh, ironia) lulismo.

Boulos é, afinal, a antítese de uma Luciana Genro, representante maior de uma estranha esquerda lavajateria e midiática.

Boulos candidato pelo PSOL se aliaria com muita firmeza ao Lula no segundo turno.

Já Luciana Genro e Chico Alencar, não. Seria um apoio envergonhado, débil e dúbio.

Essa esquerda lavajateira, mesmo sem disso ter muita consciência, foi importante aliada de todo o movimento golpista, que se inicia no julgamento do mensalão, contamina as jornadas de junho de 2013 e, por fim, abraça a Lava Jato, operação imperialista que foi essencial ao golpe.

Se Freixo entende que Boulos é o melhor candidato, isso mostra o seu esforço de se afastar da imagem que, até hoje, ainda está colada a ele mesmo, Freixo, a de uma esquerda elitista, estranha ao coração do povo.

E foi justamente esse o problema da entrevista de Freixo. Ela ajudou a reforçar todos os cacoetes elitistas dos quais ele tenta se descolar.

A entrevista, em todos os sentidos, foi um desastre, e o próprio deputado o confirma ao fazer um vídeo em seguida, com expressão dolorida, angustiada, quase chorando.

A própria adesão de Boulos ao PSOL corre sério risco de não acontecer. O que seria, na verdade, uma pena, pois a presença de Boulos no PSOL seria um golpe de morte no lavajatismo moralista que ainda é forte em muitos setores do partido.

O MTST, cujo dirigente mais conhecido é o mesmo Guilherme Boulos que fez a esposa de Freixo, a combativa escritora Antonia Pellegrino, arregalar os olhos de admiração, soltou uma nota para esclarecer que, acima de qualquer cálculo eleitoreiro, está a defesa da democracia, encarnada no direito de Lula ser candidato.

Política tem esses mistérios!

Sem querer, Freixo aproximou o MTST e Boulos, de Lula!

A ironia da situação não pára por aí!

A mais suprema ironia é que o próprio Freixo, forçado pelas circunstâncias, termina seu vídeo com uma defesa firme do direito de Lula ser candidato.

Por mais que Freixo explique que sua defesa dos direitos políticos de Lula não quer dizer que ele vá votar nele no primeiro turno, isso não tem diferença para a direita e para a mídia: é como se Freixo tivesse, desde já, mergulhado na campanha de Lula, o que era justamente isso o que a Folha, com sua maliciosa entrevista, tentou evitar!

Ou seja, a armadilha montada pela Folha contra Marcelo Freixo e contra a esquerda em geral, tentando criar um pólo de atração afastado do lulismo, que pudesse absorver e mitigar a onda de violenta indignação que se erguerá quando o TRF4 condenar Lula, acabou desmontada em algumas horas.

Até mesmo a crítica de Freixo a uma possível aliança de Lula com Renan Calheiros pegou mal, porque mostrou esse cacoete provinciano e sectário, esse purismo esquerdista que a Globo sempre soube manipular tão bem, e que ainda hoje usa à larga, para atribuir, por exemplo, a crise econômica e fiscal vivida pelo Rio, a Sergio Cabral e ao PMDB.

Ora, a crise do Rio é culpa da Lava Jato e tão somente dela! Sergio Cabral deve ser responsabilizado por uma série de coisas, mas a César o que é de Cesar! Foi a Lava Jato que destruiu a indústria fluminense, e ponto final!

A Globo quer uma esquerda purista, alérgica a alianças, porque sabe que, com isso, ela jamais poderá ganhar as eleições, e se ganhar, não poderá governar.

Há mil explicações para o golpe, mas o estabelecimento de alianças políticas com o centro não é uma delas. Lula e Dilma erraram na escolha de juízes do Supremo, na comunicação pública e no não empoderamento de forças sociais que os apoiaram.

A direita apenas tolerava o PT enquanto este tivesse o apoio das massas populares. Assim que a direita conseguiu afastar o PT das massas, com ajuda dessa estupidez burocrática que atinge os partidos de esquerda toda a vez que eles ganham o poder, ela soube que o PT estava desarmado e, portanto, vulnerável a qualquer golpe.

Ora, o que faz de Lula o político que ele é?

Lula comete muitos erros, deve ser criticado constantemente, e sua plataforma de governo para a campanha de 2018 deve ser, mais que nunca, discutida com a sociedade.

Mas Lula é vacinado contra dois vícios: o de se afastar das massas, como fez Dilma e muitos burocratas do PT, incluindo aí figuras como Haddad, que foi um prefeito distante, olímpico, elitista; e o de rechaçar alianças com o centro político, como preconiza Marcelo Freixo e o PSOL, de maneira geral.

Somente mantendo o apoio das massas, e fazendo alianças com setores econômicos ligados ao desenvolvimento interno (mas ditando as regras dessa aliança, ou seja, ocupando a presidência da república), pode-se governar o país.

Sem esses apoios, a esquerda estará condenada a ser um enfeite exótico no apartamento de Paula Lavigne.


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Nº 23.126 - "Em mensagem de fim de ano, Dilma pede união pela reconquista da democracia"

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31/12/2017


Em mensagem de fim de ano, Dilma pede união pela reconquista da democracia


Revista Fórum - 31 de dezembro de  2017


  

Ex-presidenta postou recado, em que prega unidade pela volta da democracia: “Que em 2018 tenhamos uma eleição realmente livre. Livre de exclusões e livre de manobras políticas e judiciais com o objetivo de interditar candidatos”.

Da Redação*

A ex-presidenta Dilma Rousseff postou mensagem de fim de ano, em que prega unidade pela volta da democracia. “Que em 2018 tenhamos uma eleição realmente livre. Livre de exclusões e livre de manobras políticas e judiciais com o objetivo de interditar candidatos”, deseja ela.

Acompanhe a íntegra da mensagem de Dilma:

Que 2018 seja o ano em que estaremos unidos pela recuperação do Brasil.

Que 2018 seja o ano da reconquista da democracia, da força do voto para garantir os nossos direitos.

Que em 2018 tenhamos uma eleição realmente livre. Livre de exclusões e livre de manobras políticas e judiciais com o objetivo de interditar candidatos.

Que em 2018 o presidente Lula possa concorrer. Que tenhamos força e unidade para construir um país melhor, ampliando de novo oportunidades para todos, em uma sociedade sem intolerância, sem misoginia e sem homofobia.

Um país mais civilizado, com valores éticos e morais baseados na valorização da cooperação e não da concorrência; um país realmente democrático.

Um 2018 de conquistas e vitórias para todas as brasileiras e todos os brasileiros.


*Com informações do Brasil 247
Foto: Cadu Gomes/Fotos Públicas
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Nº 23.125 - "Escândalos, fisiologismo e perseguições marcaram a política em 2017

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31/12/2017

POLÍTICA
  
RETROSPECTIVA 2017

Escândalos, fisiologismo e perseguições marcaram a política em 2017

Ataques contra direitos trabalhistas, civis e humanos, retrocessos programáticos, fisiologismo. Tudo sob comando do presidente mais impopular da história da república do país, Michel Temer (PMDB)


por Redação Rede Brasil Atual   - publicado 31/12/2017 11h29, última modificação 31/12/2017 15h15

retro
Romero Jucá, Temer, Renan Calheiros, Henrique Meirelles e Geddel Vieira Lima: escândalos na cúpula do PMDB


São Paulo – Desde as manifestações de junho de 2013, a forma como o brasileiro trata a política mudou. O acirramento dos ânimos após a eleição da Dilma Rousseff (PT) em 2014 e a sucessão de ataques à sua gestão culminaram no seu afastamento, em maio de 2016. No poder, o presidente mais impopular da história do país, Michel Temer (PMDB), prosseguiu, em 2017, a comandar ataques contra direitos e retrocessos programáticos.
Temer acumula números e dados que comprovam com clareza para quem governa. Por exemplo, de acordo com a pesquisa do Barômetro Político Estadão Ipsos, uma das últimas realizadas no ano, a rejeição ao presidente alcançou 97% dos brasileiros. Ao lado de Temer, outros políticos que foram os capitães do impeachment de Dilma têm resultados semelhantes. O ex-presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), possui 95% de desaprovação. Cunha, que teve mandato cassado e está preso, foi o responsável pela condução do processo contra Dilma na Câmara, que deu a largada para o golpe parlamentar.
Ataques abertos contra os trabalhadores pelos agentes do impeachmentcomo a "reforma" trabalhista e a da Previdência, foram marcas da gestão Temer em 2017 – que tem sua equipe econômica chefiada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que por sua vez carrega desaprovação de 75% do eleitorado, segundo o Ipsos.
Por força da mobilização popular e com o prestígio cada vez mais abalado por denúncias de corrupção contra si, formuladas pela Procuradoria Geral da República, Temer não conseguiu fazer com que a Reforma da Previdência fosse votada, o que, por enquanto, está previsto para fevereiro de 2018. 
Mas, mesmo enfrentando grande resistência dos trabalhadores, que por meio dos movimentos sociais e sindical organizaram atos e manifestações por todo o país – como a greve nacional de 28 de abril –, a "reforma" trabalhista passou no Congresso e vigora desde o início de novembro.
A "reforma" barateou o custo da mão de obra para as empresas, sob alegação de abrir mais ofertas de trabalho. Na prática, porém, as mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) passaram a promover um desmonte de direitos dos trabalhadores, alguns deles consolidados há oito décadas, desde Getúlio Vargas. 
A falácia pôde ser comprovada logo nas primeiras semanas após a vigência da "reforma": o que está aumentando, na verdade, é a informalidade nas relações de trabalho, com os índices de empregos regulares diminuindo. “As experiências e estudos internacionais mostram que não existe relação entre flexibilização (dos direitos trabalhistas) e criação de postos de trabalho (…) o máximo que pode acontecer é precarizar os empregos existentes”, afirmou à Rádio Brasil Atual o professor de Economia da Unicamp José Dari Krein, ainda em julho.
Com taxa de desemprego acima dos 12% e com o consumo em retração, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) iniciou uma campanha por um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (Plip), para revogar os efeitos da "reforma" trabalhista e mudar a realidade imposta por Temer. “Agora as pessoas estão vendo o que está acontecendo. Não é mais 'olha, estou avisando, vai acontecer isso, isso e isso'. Está acontecendo. O desemprego é assustador, a crise de credibilidade do país sem tamanho, a economia está destroçada e sem rumo”, afirmou à RBA, em setembro, o presidente da CUT, Vagner Freitas.
“A construção desse projeto de lei revogatório será um importante instrumento, pois levará os sindicatos a uma inserção mais intensa em suas bases, ao contato direto com o trabalhador, para envolvê-lo nesse processo de resistência”,disse Freitas.
Fisiologismo e investidas reacionárias
Para aprovar seus projetos, Temer utilizou, abertamente e sem as devidas críticas por parte da mídia tradicional, de manobras que exploraram o fisiologismo. Foram mais de R$ 20 bilhões em emendas parlamentares liberadas às vésperas das votações sobre o andamento das investigações de denúncias contra o presidente.
Grupos organizados da direita conservadora e reacionária, que representaram a força política que guiou setores da sociedade a se levantar contra os governos Lula e Dilma – e seus programas de inclusão social –, também tiveram protagonismo em 2017. Aliados desde o início a figuras políticas que se desmancharam em escândalos de corrupção, como Eduardo Cunha, esses grupos, como o Movimento Brasil Livre (MBL), viram suas ações políticas se enfraquecerem junto com a queda de seus apoiadores e mudaram seu modo de operar, passando a apostar no ultraconservadorismo cultural e social
Agora, os alvos são artistas, estudiosos e professores. Entre os casos mais emblemáticos, é possível citar a pressão pela censura ao Queermuseu, museu da diversidade, em Porto Alegre, que chegou a levar o curador, Gaudêncio Fidelis, a participar de uma CPI de maus tratos a crianças e adolescentes.
Outro fato que chocou especialmente intelectuais e defensores de direitos humanos, foi a investida contra a filósofa norte-americana Judith Butler, que veio ao Brasil falar sobre os conflitos entre Israel e Palestina. Mas o tema programado para suas palestras pouco importou para os grupos do ódio que promoveram os ataques, que foram inclusive físicos, mas que também tiveram cenas como a queima de uma "bruxa" com o rosto de Judith – ato insano de fanáticos provocado pelo fato de que a filósofa é conhecida também por ser estudiosa das questões de gênero.
O avanço de posturas conservadoras e retrógradas tem reflexos em áreas como a educação. O projeto Escola sem Partido, que pretende banir das salas de aula a discussão de temas como política, diversidade, igualdade e outros, avançou em 2017. Mesmo sendo alvo de duras críticas até da ONU, cidades como Campinas e Jundiaí, no interior de São Paulo, tiveram projetos análogos aprovados em suas câmaras municipais.
"Na prática, o Escola sem Partido quer liquidar os avanços em direitos humanos nos últimos anos. Se um aluno homossexual ou de uma religião não cristã for discriminado por outro que use ideias religiosas para impor seu preconceito, o professor não poderá intervir(…). A escola deve ser um ambiente de prática libertadora, onde todos podem se colocar, se contrapor, a partir da pluralidade de temas. Com respeito a minorias e combate a todo tipo de discriminação seja de etnia, gênero, orientação sexual ou religião”, sintetiza a diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa.

Perseguição e esperança

As tentativas de retirar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do cenário para as eleições de 2018 continuaram durante o ano. Em setembro, Lula compareceu a Curitiba diante do juiz Sergio Moro para uma oitiva no caso triplex do Guarujá. Lá, o ex-presidente questionou os métodos da Operação Lava Jato e, ao se defender, criticou a "perseguição".
"A desgraça de quem conta a primeira mentira é passar o resto da vida mentindo para justificar a primeira (...), o que menos preocupa vocês é a prova. O Ministério Público contou uma grande mentira e quero ver como vocês vão sair dessa", disse. Mesmo com sua defesa, Moro condenou Lula a nove anos e meio no caso, que será julgado em segunda instância no dia 24 de janeiro de 2018, no Tribunal Regional Federal de Porto Alegre.
Um mês antes do depoimento de Lula, diferentes e importantes nomes da Justiça brasileira lançaram o livro "Comentários a uma Sentença Anunciada: O processo Lula". Os juristas classificam as provas apresentadas contra o ex-presidente como "frágeis". Um dos pontos de destaque, um ponto que faz parte da defesa de Lula, por meio, especialmente, do advogado Cristiano Zanin, é a prática do "lawfare". A acusação é de que os algozes de Lula, mesmo como membros do Judiciário, não o enxergam com imparcialidade. Ao contrário, o atacam como e fosse um inimigo.
No campo político, Lula deu início ao projeto Caravana Lula pelo Brasil. De ônibus, o ex-presidente percorreu diversas cidades do país, com a ideia de dialogar com a população e reforçar o alcance das ações e programas dos governos do PT, além de debater os impactos negativos diretos da derrubada de Dilma e chegada de Temer ao poder.
Foram três edições das caravanas em 2017. A primeira percorreu todos os estados do Nordeste em mais de 20 dias, em setembro. A segunda passou pelo norte de Minas Gerais, na região do Vale do Jequitinhonha, além da capital Belo Horizonte, em outubro. A terceira etapa passou pelos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, no início de dezembro.
Lula deve continuar suas viagens em 2018 e a próxima deve ser rumo ao Sul do país, após o carnaval.

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Nº 23.124 - "Desde Hitler sabemos que unidade contra o fascismo é necessária"

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31/12/2017

Desde Hitler sabemos que unidade contra o fascismo é necessária


Brasil 247 - 31 de Dezembro de 2017


Por Paulo Moreira Leite

Provocado pela entrevista do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) à Folha de S. Paulo, o debate sobre a unidade necessária dos trabalhadores e da população explorada na campanha presidencial de 2018 não deve terminar tão cedo, até porque não se trata de uma iniciativa isolada. 

Estimulada pelo PSOL, a possível entrada de Guilherme Boulos na campanha pode produzir uma rachadura expressiva, já que se trata de uma liderança de grande expressão junto às camadas populares.

Um debate responsável e lúcido sobre o assunto é mais do que urgente, até porque, pela primeira vez desde 1989, o PC do B apresenta-se na campanha com uma candidatura própria.
     
Minha opinião é que, no Brasil de 2017, o debate presidencial não envolve projetos de governo mais ou menos à esquerda, mais ou menos radicais. Enfrentamos outra encruzilhada da história, na qual até uma candidatura de perfil fascista -- Jair Bolsonaro --  aparece em segundo lugar em todas as pesquisas de intenção de voto.   

O que está em jogo é o caráter do regime político que estará em vigor depois de 2018. Por essa razão enfrentamos uma campanha eleitoral embrulhada por diversas medidas de exceção, a começar pela ameaça permanente à candidatura de Lula, que terá de ser defendida desde o 24 de janeiro até a contagem final dos votos, em outubro.

Não se debate o pós-Lula.   

A agenda mudou. O debate é saber se haverá um pós-Temer ou se teremos a continuidade com outro nome.

O resultado da eleição pode ser o elemento decisivo para o retorno do país a um regime democrático, com a recuperação das garantias previstas pelo Estado Democrático de Direito – ou irá permitir a preservação de um regime instituído a partir do golpe contra Dilma, normalizando      a exceção. Não se descarta a introdução do parlamentarismo, sempre sonhado pelas elites sem voto e tantas vezes rejeitado por uma população ciente de sua soberania.

Caso seja derrotada em fevereiro de 2018, a reforma da Previdência voltará caso continuísmo-Temer seja vitorioso.    

Enquanto a reconstrução do país irá exigir decisões em profundidade, como a convocação de uma Constituinte para desfazer um legado inaceitável do ponto de vista da maioria dos brasileiros – como confirmam as pesquisas sobre privatizações -- os donos do poder trabalham pela via rápida dos projetos de lei e emendas constitucionais, que dispensam consultas ao povo.

Não vamos exagerar na nostalgia. Do ponto de vista dos donos do poder, Lula representa um risco visível, não por aquilo que foi, mas por aquilo que pode ser.   

Sua candidatura é uma ameaça concreta ao projeto – já em pleno andamento – de resgate da oitava economia do planeta pelos donos do  mercado mundial.   

A simples possibilidade de Lula apresentar-se à uma disputa da qual já deveria ter sido excluído há muito tempo cria incertezas e distúrbios inconvenientes aos esquemas de poder que Temer-Meirelles procuram estruturar desde que se apossaram do Estado, onde a continuidade sem riscos deve ser assegurada a qualquer preço.  

É por isso que se trabalha a favor de uma decisão rápida, irrecorrível, para esmagar a candidatura Lula e encerrar a disputa de uma vez.

Não se quer enfrentar as incertezas próprias de toda disputa eleitoral – ainda mais quando é justamente o adversário que entra em campo com um formidável cesto de votos, mostrando que grande parte da população já fez sua escolha.  

A presença de vários concorrentes alinhados com o golpe Temer-Meirelles, faz parte da coreografia necessária a toda disputa eleitoral, na qual a classe dominante tem prazos e recursos para testar a melhor mercadoria. A presença de Paulo Guedes no ouvido de Bolsonaro indica que até sua candidatura pode ser admitida pelo grande poder econômico como instrumento para confrontar Lula.  

É nesse ambiente político que o debate sobre unidade se coloca.

Quase tão antiga como a luta dos trabalhadores contra a exploração do capitalismo, a divisão entre suas lideranças marca vitórias e tragédias do século XX.

Não custa lembrar, por exemplo, que a carnificina verbal  entre comunistas e social-democratas está na raiz da vitória de Adolf Hitler na Alemanha, em 1933.

Convencido de que a tomada do poder estava ao alcance da mão, o PC alemão criou a tese de que a social-democracia se transformara em “social-fascismo”. Denunciando traições das lideranças reformistas no passado, como adversários de Lenin na revolução de 1917, de Rosa Luxemburgo no pós-guerra alemão, os comunistas rejeitavam toda e qualquer aliança política com lideranças reconhecidas por uma parcela imensa dos trabalhadores de seu país.

O resultado eleitoral foi a vitória do nazismo. Com uma vantagem minúscula sobre o PC alemão, que nem de longe chegava a 50% + 1 dos votos, o nazismo instituiu uma ditadura que governou o país por 12 anos, até ser derrubada por uma coalização de forças externas lideradas por uma aliança entre Stálin e Roosevelt.

Num contexto diferente, de Frentes Populares, um mesmo ambiente de divisão entre lideranças operárias ressurgiu na Espanha da guerra civil. As disputas incluíram trocas de tiros em praça pública e até crimes de sequestro e assassinato entre stalinistas e não-stalinistas, bloqueando qualquer caminho para a resistência.

É neste horizonte que se pode pensar a entrevista de Freixo. Ele disse:  “a gente vive um momento de reconstrução: qual esquerda a sociedade vai enxergar? Porque precisa enxergar o diferente. Não sei se esse é o momento de unificar todo mundo, não. Até porque a direita também está muito fragmentada: Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles...”

Em outra passagem, a repórter Anna Virginia Balloussier pergunta pelos movimentos de lideranças do PT, como o ex-ministro da Saúde Antônio Padilha, que pretendem convencer outros partidos de esquerda a aliar-se a Lula e abrir mão de candidatura própria. Freixo responde:

 ”Não há a menor possibilidade. Ele fala isso pra tentar colocar a gente numa caixa de sectários. Se quisessem recompor a esquerda, não andariam de braços dados com Renan Calheiros em Alagoas”.

Considero as respostas de Freixo irresponsáveis para um político com sua estatura, três vezes eleito deputado estadual, com direito a 350 000 votos na eleição mais recente.

Como deputado, Freixo fez um trabalho corajoso de denúncia das milícias do Rio de Janeiro, atuação indispensável num país onde a violência da PM contra os pobres, negros e favelados é uma das bases de sustentação de um sistema de dominação social pelo racismo e pela pobreza. Em sua atuação, mostrou independência diante do governo Sérgio Cabral, com o qual o PT chegou a cultivar uma proximidade excessiva.

Ao longo do processo, um irmão e um assessor do deputado foram assassinados, em circunstâncias em que é legítimo suspeitar de retaliação pelo trabalho parlamentar.

A liderança de Freixo no Rio de Janeiro, estado no qual nenhuma força progressista conseguiu firmar-se junto as camadas populares desde Leonel Brizola, que morreu em 2002, ajuda a entender a presença no segundo turno da campanha municipal de 2016. Com 1,5 milhão de votos, permaneceu numa distância quilométrica do primeiro lugar.

Foi em 2016 que um certo espírito anti-Lula se manifestou abertamente. Num gesto que lhe valeu pontos junto a família Marinho -- que também afagava Lula quando este confrontava Brizola, na época considerado adversário principal pelos donos da Globo -- Freixo fechou o palanque para Lula no segundo turno.

Em 2017 seus aliados, que organizaram grandes comícios musicais contra Michel Temer e pelas diretas-já, instituíram uma nova orientação de ingresso nos palanques: nenhum orador seria identificado pelo seu partido político nem pela central sindical a que pertencia.

Era um veto óbvio a lideranças ligadas a CUT e ao PT e eu acho difícil negar que essa postura contribuiu – entre vários fatores, é bom sublinhar -- para esvaziar um movimento de resistência que marcou os primeiros meses de 2017.

Do ponto de vista do debate de 2018, representa um retrocesso. Freixo batalhou pela unidade com o PT no segundo turno da eleição presidencial de 2014, diferenciando-se de Luciana Genro, a candidata de seu partido, que pregou neutralidade entre Dilma e Aécio Neves.

Considerando a radical deterioração política do país a partir de 2016, quando a própria democracia se encontra sob ataque direto, e a turma que empurrava Aécio Neves assumiu o poder de Estado da forma que todos sabemos, é surpreendente que sua prioridade seja saber “qual esquerda a sociedade vai enxergar”.


A questão é de análise de conjuntura: alguém acredita que este é o debate prioritário no Brasil de 2018?


PAULO MOREIRA LEITEO jornalista e escritor Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília

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Nº 23.124 - "GLOBO JÁ COGITA TAPETÃO TAMBÉM CONTRA BOLSONARO"

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31/12/2017


GLOBO JÁ COGITA TAPETÃO TAMBÉM CONTRA BOLSONARO


Brasil 247 - 31 DE DEZEMBRO DE 2017 ÀS 09:04





Principal responsável pelo sequestro da democracia brasileira, obtida com a instrumentalização do Poder Judiciário, a Globo já sinaliza que poderá também se valer do tapetão judicial para impedir a candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ); o recado dos irmãos Marinho foi dado na coluna do jornalista Ancelmo Gois; "Nas fileiras de Bolsonaro, o medo é, naturalmente, menor em relação a Lula, cuja candidatura pode ser ceifada pela Justiça, em 24 de janeiro. Mas a impugnação da candidatura de Bolsonaro, pelo STF, é uma hipótese também", diz o jornalista; sonho da Globo seria uma eleição restrita a nomes como Henrique Meirelles, Marina Silva, Geraldo Alckmin e Luciano Huck


247 – Principal responsável pelo sequestro da democracia brasileira, obtida com a instrumentalização do Poder Judiciário, a Globo já sinaliza que poderá também se valer do tapetão judicial para impedir a candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Ou seja: não bastaria eliminar apenas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desponta como favorito em todas as pesquisas.

O recado dos irmãos Marinho foi dado na coluna do jornalista Ancelmo Gois. "Nas fileiras de Bolsonaro, o medo é, naturalmente, menor em relação a Lula, cuja candidatura pode ser ceifada pela Justiça, em 24 de janeiro. Mas a impugnação da candidatura de Bolsonaro, pelo STF, é uma hipótese também", diz o jornalista.

O sonho da Globo seria uma eleição restrita a nomes como Henrique Meirelles, Marina Silva, Geraldo Alckmin e Luciano Huck – todos domesticados e associados ao golpe.

Leia, abaixo, a nota de Ancelmo Gois:


Política


Nas fileiras de Bolsonaro, o medo é, naturalmente, menor em relação a Lula, cuja candidatura pode ser ceifada pela Justiça, em 24 de janeiro. 
Mas a impugnação da candidatura de Bolsonaro, pelo STF, é uma hipótese também, embora remota.


É que...



Em junho de 2016, o Supremo acolheu, por 4 x 1, a denúncia do MP contra o parlamentar por ele ter afirmado, em referência à deputada petista Maria do Rosário, que não a estupraria “porque ela não merece”.

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Nº 23.123 - "O 'esquenta' de Janio é com o fogo de Cunha?"

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31/07/2017

O “esquenta” de Janio é com o fogo de Cunha?


Do Tijolaço · 31/12/2017

esquentajanio



Por FERNANDO BRITO

Janio de Freitas, na Folha de hoje, lança o ‘suspense” de uma não desejada expansão da Lava Jato ao Judiciário, coisa que se tentará evitar a qualquer custo:

A crítica de que o Judiciário não recebeu as atenções da Lava Jato cresceu desde que o poder político do Estado do Rio se tornou alvo. Pois agora, um dos mais graúdos e mais conhecedores dos subterrâneos do seu meio, preso sem esperar complacências, revelou a amigos a disposição de abrir a cortina do Judiciário. Iniciativa que criaria na Lava Jato uma etapa diferente de tudo o que houve até aqui. A sensibilidade do Judiciário é muito maior que a dos demais poderes, não sendo necessário grande número de acusações para irradiar uma crise. Além disso, cada figura atingida, com veracidade ou não, como é do método da Lava Jato, em princípio desfruta das condições materiais para mover seus interesses em tribunais, quer dizer, é sempre alguém de notoriedade. O que inclui Brasília.

O personagem, anônimo, que estaria disposto a colocar uma “pauta-bomba” neste caso não precisa que se lhe escreva o nome: Eduardo Cunha.


Haverá um “tem que manter isso aí, viu” togado?

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sábado, 30 de dezembro de 2017

Nº 23.122 - "REQUIÃO: QUEREM PRENDER O LULA, MAS NÃO QUEM ENTREGA O PRÉ-SAL"

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30/12/2017

Nº 23.121 - "Após perder todas em 2017, Brasil muda de novo em 2018"

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30/12/2017


Após perder todas em 2017, Brasil muda de novo em 2018


Do Brasil 247 - 30 de Dezembro de 2017



Paulo Moreira Leite


O ano que termina deve ser lembrado como um período de recuperação da consciência, no qual aprendemos a enxergar a história como ela é – e não como gostaríamos que fosse.

Em 2016 assistimos ao fim de uma ilusão democrática nascida nas lutas contra o regime militar e expressa pela Carta de 1988.

Não foi uma decepção qualquer. Encantou os mais velhos e calejados da luta mais antiga iniciada na resistência ao golpe de 1964. Também chegou aos mais jovens, educados por mais de um quarto século – tempo para se formar uma geração --, pela visão de que enfim vivíamos num país capaz de construir e manter instituições democráticas estáveis, na certeza de que éramos uma nação com regras que todos obedecem e devem obedecer.

Pela primeira vez parecia possível acreditar e dizer – sem parecer ingenuidade – que o Brasil havia ingressado no patamar de país civilizado. Muitas vezes, com um pouco de imaginação, era até possível enxergar sinais de uma catástrofe em gestação. Mas ninguém perdeu o sono. O Brasil não é Honduras, onde um presidente foi deposto em 2009. Nem o Paraguai, onde ocorreu um golpe em 2012.   

Era difícil – pelo tamanho de nosso PIB, pelo reconhecimento internacional -- acreditar que estivéssemos na mesma trilha.  

Com base na convicção correta que encara a democracia como um “valor universal”, acreditávamos no valor das palavras justas, como “Não vai ter golpe”. Um pouco depois, tentamos acreditar em outra vontade honesta, “Fora Temer”.

Tivemos surpresas, decepções e, acima de tudo, suspeitas confirmadas.

Não conseguíamos imaginar o rosto de personalidades históricas – respeitadas e até admiradas em outro tempo – desfigurado por manobras sórdidas, canalhices indizíveis. Não parecia que, um dia, seríamos obrigados a reescrever os livros de história, corrigir biografias, rebaixando tantos falsos heróis e mesmo pobres coitados que conseguiram se esconder dos próprios vexames de sua insignificância.

       
Não sabemos quantos pais, quantos avós, quantos irmãos, tiveram coragem de chamar os mais novos para explicar que aquele rosto amigo que aparecia tantas vezes no jantar – ou na tela da Tv – não era quem se pensava. Nunca foi, talvez.  

Fomos traídos sem desconfiar.  

Perdemos todas as lutas e todas as vezes que saímos de casa para empunhar uma bandeira mas não desistimos. Mesmo travando o bom combate, entre os fortes e os fracos, como é da vida, seguimos perdendo na etapa seguinte. Nossas senadoras improvisaram uma greve de fome para defender a CLT. Ficou uma bela lembrança.

A greve geral de 28 de abril nunca será esquecida.

Aos poucos, até falar foi se tornando mais difícil. Tentaram sufocar as redes sociais. Amorteceram todas, silenciaram algumas.

Sem lei trabalhista, os sindicatos perderam o chão de um país menos antiquado. Entidades do povo pobre que animam a luta social há mais de 30 anos foram golpeadas. Repetindo histórias de tempos que pareciam enterrados para sempre, um capitão do serviço secreto se infiltrou num grupo de estudantes para montar uma provocação.   

Mas nem tudo deu certo para eles. O plano era afogar os 207 milhões de brasileiros.

 Isso não conseguiram.  

 Pretendiam destruir tudo mesmo. Não foi possível.  

Salvamos a consciência, essa construção coletiva que explica a sobrevivência que enxerga o futuro.  

Isso explica o colapso da Vênus Platinada. Vencida pela própria arrogância, nunca mais será a mesma e um dia não será mais.

Forçados a andar para atrás por uma questão de atualização com as mudanças forçadas, encontramos homens e mulheres que pareciam estátuas, embora fossem personagens de carne e osso. Falam e são compreendidas porque têm vida e conseguem nos lembrar quem somos e de onde viemos.

Não abandonamos o respeito pela democracia. Apenas compreendemos que envolve uma luta que nunca termina. Foi nesse novo ambiente que conseguimos impedir a votação da reforma da Previdência, que os inimigos do povo jogaram para fevereiro de 2018, sem a menor certeza do que pode acontecer.  

Isso porque 2018 começa com  a volta de Luiz Inácio Lula da Silva, o personagem que, mais uma vez, se encontra no centro da situação brasileira. Seu destino, novamente, se confunde com o destino do país e isso começa a ocorrer em 24 de janeiro. 


Perseguido pelo pior e mais cruel que um sistema de dominação colonial foi capaz de construir ao longo de 500 anos de história, Lula continua de pé, caminha e fala. Tornou-se a voz dos pobres e oprimidos em 1978, em plena ditadura militar. Será ouvido mais uma vez, 40 anos depois. O Brasil está mudando de novo, tenham certeza. 



PAULO MOREIRA LEITE. O jornalista e escritor Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília.

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Nº 23.120 - "Retrospectiva 2017: 5 lições do procurador que pediu a absolvição de Lula à turma de Curitiba"

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30/12/2017

Retrospectiva 2017: 5 lições do procurador que pediu a absolvição de Lula à turma de Curitiba


Jornal GGN - SAB, 30/12/2017 - 15:00 ATUALIZADO EM 30/12/2017 - 15:01


Matéria publicada em 2/9/2017
Por Cíntia Alves
Jornal GGN - O procurador da República Ivan Cláudio Marx, tendo em mãos uma das denúncias mais esdrúxulas apresentadas contra Lula no âmbito da Lava Jato, tinha duas opções: pedir a absolvição do ex-presidente por carência de provas na delação de Delcídio do Amaral ou reciclar a fórmula dos curitibanos e requerer a condenação em cima de teses mais esdrúxulas ainda.

Ivan Marx - um dos primeiros procuradores a atuar na justiça de transição, membro da Comissão Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos - escolheu corresponder ao que se espera de um membro do Ministério Público Federal: investigar e apresentar a verdade dos fatos.

Ao sugerir ao juiz da 10ª Vara Federal, Vallisney Oliveira, que Lula seja absolvido do crime de obstrução de Justiça, Ivan Marx deu algumas lições aos colegas liderados por Deltan Dallagnol.
A mais simbólica delas é resumida na seguinte frase: "(...) a crença forte prova apenas a sua força, não a verdade daquilo em que se crê."

1- O ônus da prova é de quem acusa

Nas alegações finais do MPF, endereçadas ao juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Ivan Cláudio Marx afirmou que buscou de várias formas comprovar a delação de Delcídio contra Lula durante o julgamento, mas falhou.

Contudo, ao invés de argumentar que as provas não foram encontradas porque organizações criminosas são especialistas em não deixar rastros dos ilícitos praticados, Ivan Marx apenas admitiu que o ônus da prova é de quem acusa.

"(...) a culpa pela impossibilidade de provar as afirmações da testemunha – que fazem prova crucial para a defesa de Lula - recai sobre o órgão acusador, que é uno e indivisível para tais fins", escreveu.

2 - Delação sem prova não condena (exceto numa "cruzada acusatória")

Ao contrário da turma de Curitiba, Ivan Marx não supervaloriza delações sem provas. Ao contrário, reproduziu o que diz a lei que regulamenta o instituto mais explorado na Lava Jato: "nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador."

"(...) Ignorar isso, em prol de uma cruzada acusatória, seria desconsiderar a já referida máxima nietzschiana no sentido de que ‘a crença forte prova apenas a sua força, não a verdade daquilo em que se crê'", completou Ivan Marx.

3 - Convicção não substitui provas

Rechear a denúncia apresentada à Justiça com ilações encorpadas por algumas teses de ciência política para colocar Lula como o "grande chefe do esquema criminoso investigado na Lava Jato" não adianta nada se essa investigação cabe à Procuradoria Geral da República, em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal, disse Ivan Marx, contrariando outro expediente usado pelos curitibanos nos processos sob a jurisdição de Sergio Moro.

"Como esse chefe ainda não foi apontado, não nos cabe, na presente ação penal, tomar ilações ou convicções pessoais como verdade suficiente para uma condenação", disse Ivan Marx.

4 - Se não há provas, a "melhor hipótese" não é a que prejudica o réu

Sem provas de que Lula foi o mentor do plano para comprar o silêncio de Nestor Cerveró, Ivan Marx poderia usar o explanacionismo defendido por Deltan Dallagnol e criar uma hipótese "acima da dúvida razoável" na tentativa de explicar como ocorreram os crimes denunciados pelo Ministério Público.

Mas a melhor hipótese, na visão do procurador do DF, não pode prejudicar o réu se ela está recheada de lacunas. Afinal, "in dubio pro reu", lembrou.

Na página 55 das alegações finais, Ivan Marx ainda empresta a tese usada em Curitiba para defender Lula em Brasília.
5 - É preciso admitir que o MP errou

Ivan Marx ainda avaliou que "Delcídio dificilmente teria recebido os mesmos benefícios angariados com a implicação de Lula no caso."

Foi ofertando a cabeça de Lula que Delcídio, "com sua boa retórica, levou o MPF a erro, criando uma situação realmente esdrúxula: o chefe do esquema sagrou-se livre entregando fumaça."

Ao menos o procurador do DF admite que Delcídio goza de liberdade em função do acordo de colaboração firmado com o critério de se chegar a Lula.

Os procuradores de Curitiba nada disseram sobre os acordos de delação que levaram Sergio Moro a condenar João Vaccari Neto, absolvido em segunda instância por falta de provas. Todos os 5 delatores do ex-tesoureiro do PT foram poupados por Moro na sentença.

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Nº 23.119 - "Freixo diz que defende unidade da esquerda, mas só no segundo turno"

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30/12/2017



Freixo diz que defende unidade da esquerda, mas só no segundo turno

 



A entrevista recebeu uma série de críticas, principalmente pelo comentário de Freixo sobre a unidade da esquerda em 2018. De acordo com a matéria, o deputado diz que acredita não ser o momento de unificar a esquerda".


"A gente vive um momento de reconstrução: qual esquerda a sociedade vai enxergar? Porque precisa enxergar o diferente. Não sei se esse é o momento de unificar todo mundo, não. Até porque a direita também está muito fragmentada: Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles", disse ele na entrevista.

No vídeo publicado em sua página no Facebook, Freixo diz que o título da matéria foi dado pela jornalista e apenas cita um trecho específico da conversa quando falava das divergências que a esquerda tem quando olha para 2013. "E na verdade, quando o título fala que a esquerda pode não sair unificada não é um desejo meu, muito pelo contrário, quem me conhece sabe que a gente sempre trabalhou para que a esquerda sai unificada ou estar em algum momento mais próxima de um programa de esquerda", afirmou o deputado.

Ele argumenta, no entanto, que se trata de uma análise de realidade, "Hoje nós temos a candidatura da Manuela D'Àvila, do Ciro, do Lula e a possível candidatura do Boulos. Há uma pulverização", disse. 

Ele salientou que a esquerda pode não estar unida "pelo menos no primeiro turno, o que não quer dizer que não tenhamos que ter diálogo, aproximações em diversos momentos diferentes", declarou o deputado que também defendeu a candidatura de Lula. 

Assista:



 

Do Portal Vermelho



Nº 23.118 - "Crise nas universidades, corte em pesquisa e demissão em massa de professores"

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30/12/2017


RETROSPECTIVA 2017

Crise nas universidades, corte em pesquisa e demissão em massa de professores

Ataques a Paulo Freire simbolizaram sequência de duros golpes no desenvolvimento da educação pública do país



por Redação Rede Brasil Atual - publicado 30/12/2017 11h01, última modificação 30/12/2017 12h51


LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE
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Estudantes reagem a cortes na educação: falta de manutenção nas residências universitárias, restrições e precariedades na alimentação, atrasos e interrupções de bolsas de estudo, além de demissão de professores


São Paulo – Nos últimos dias de 2017, o "tesourômetro", painel eletrônico que mostra, em tempo real, o impacto dos cortes de financiamento federal para as áreas da ciência, tecnologia e humanidades, ultrapassou a marca de R$ 13 bilhões no governo Michel Temer. É um dos símbolos dos retrocessos que marcaram o ano na área da educação. 

Os cortes do governo também levaram praticamente aofim do programa Ciências Sem Fronteiras. Sem a ajuda do Ministério da Educação (MEC), as instituições de ensino federais e estaduais reduziram em até 99% o número de alunos enviados ao exterior. 

Instituições federais de ensino superior, em todo o Brasil, enfrentaram cortes orçamentários, que colocam em xeque a permanência dos alunos, a qualidade do ensino e projetos de expansão. Por exemplo, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem obras paradas no seu campus principal, em Belo Horizonte, devido à falta de materiais, além da redução de serviços básicos, por conta do corte de 10% nas receitas. 

No ensino privado, a situação também é crítica, com a  precarização dos vínculos trabalhistas dos profissionais da educação, com professores sendo demitidos e recontratados através de contratos intermitentes, a partir das modificações na legislação trabalhista aprovadas pelo governo Temer. 

Mudanças nas regras do  Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) também devem levar a uma drástica redução do número de alunos no sistema privado de ensino. O programa, que chegou a atender cerca de 700 mil alunos, em 2014, deve ser reduzido para 100 mil alunos, segundo projeção da União Nacional dos Estudantes (UNE), com a entrada de bancos privados no financiamento, antes garantido pelo governo. 

Paulo Freire

Outro sintoma do estado de crise que passa a educação pública brasileira foi o ataque à memória do educador Paulo Freire, defensor da pedagogia como força emancipadora. Uma proposta legislativa, sugerida por uma apoiadora do movimento Escola Sem Partido, pretendia retirar de Freire o título de Patrono da Educação Brasileira, concedido em 2012. Em dezembro, a proposta foi derrubada. 

Relatora da proposta, a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) classificou a tentativa de cassar o título de Freire como censura ideológica. "Seria um crime de lesa-pátria revogar a lei que conferiu a Paulo Freire o título de Patrono da Educação Brasileira. No momento de crise e desesperança que o Brasil atravessa, deveríamos na verdade resgatar o legado freireano", afirmou.

Conservadorismo

O legado de Freire foi preservado, mas a onda conservadora na educação produziu resultados efetivos. Homologada em dezembro, pelo MEC, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com diretrizes que devem ser acolhidas nos currículos das escolas públicas e particulares de ensino básico, em todo o país, teve esvaziado o seu conteúdo ligado à educação de gênero, que deveria estimular ações de tolerância e respeito entre os alunos. 


A última versão alocou precariamente as questões de gênero dentro de uma área dedicada ao ensino religiosa, igualmente alvo de críticas. O documento indica que os adolescentes a partir do 9º ano (15 anos) deverão discutir o tema segundo “diferentes tradições religiosas e filosofias de vida”.

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Nº 23.117 - "Petrobras reajustou 116 vezes o preço da gasolina em um ano. Requião pede internamento de Temer"

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30/12/2017

Petrobras reajustou 116 vezes o preço da gasolina em um ano. Requião pede internamento de Temer


Blog do Esmael - 30 de dezembro de 2017 


A maior desonestidade intelectual do golpe de Estado é dizer que o preço da gasolina — e do gás — foi necessário reajustar porque o governo do PT fez “populismo” ao manter o produto acessível a todos. Mentira. Dilma Rousseff foi derrubada justamente para que Michel Temer et caterva fizessem justamente o que estão fazendo com o nosso petróleo: privatizá-lo e reajustá-lo incríveis 116 vezes em apenas uma ano!

Entre idas e vindas, segundo dados da própria companhia de petróleo, o saldo é muito ruim para os consumidores com aumento acumulado de 29,54% no período. A título de comparação,  Temer reajustou o salário mínimo em mixuruco 1,8%  cujo valor nominal será de R$ 954 a partir desta segunda-feira, 1º de janeiro.

A oscilação no preço o óleo diesel foi maior inda: 120 vezes, mas o saldo também foi muito negativo para os consumidores com o aumento acumulado de 25,42%.


“Em um ano estes psicopatas liberais que se apossaram da Petrobras reajustaram a gasolina em 116 vezes! E não foram internados!”, disparou o senador Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da Frente Nacional em Defesa da Soberania e um dos organizadores do #OcupaTRF4, em Porto Alegre, no próximo dia 24 de janeiro.

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