17/12/2017
A entrevista de Aécio não é uma piada. Piada é a “Justiça”
Do Tijolaço · 17/12/2017
Nada traduz melhor a entrevista de Aécio Neves do que a foto de Dida Sampaio, estampada na capa do Estadão.
Mais bem retratado o santarrão não poderia ser.
As malas de dinheiro, eram “apenas uma ajuda” e foram flagradas “numa armadilha”. O primo “que a gente mata ele antes de fazer delação” estava só fazendo um favorzinho. Nada disso, porém, é novidade, já foi ouvido na voz do “ex-bom-moço”.
O novo é que ele anuncia sua candidatura ao Senado ou ao governo mineiro e destila sua “piedade” para com Lula: “não torço pela prisão do Lula, não torço pelo que ele representou para o País”.
A cara de pau é antológica.
O sujeito é gravado pedindo dinheiro para fins pessoais, anunciando que vai mandar o primo “descartável” buscar, grava-se o degas apanhando o “paco” de R$ 500 mil, está livre, leve e solto no seu mandato senatorial, com direito a dizer ainda que “torce” para quem não fez nada disso não ser preso.
A vida segue e, quem sabe, Aécio Neves logo não estará de volta aos convescotes com a presença de Sérgio Moro, trocando sussurros e risadas?
Afinal, Aécio foi e é tratado com todas as deferências.
Mais incrível ainda é que o caso de Aécio e dos demais tucanos (Serra, Alckmin e outros) arraste-se no silêncio, enquanto eles próprios louvam a celeridade da Justiça em proclamar uma decisão que pode retirar Lula da disputa, com alegações vagas de que teria ganho um apartamento que não tem nem foto, nem vídeo, nem mala, nem escritura, condomínio ou qualquer papel que o vincule ao imóvel e, ainda mais, que nada além de um powerpoint há a ligá-lo aos contratos da Petrobras.
Aécio é o símbolo maior da seletividade com que age a Justiça brasileira.
Uma piada tragicômica, que já não se envergonha de ver que a população, por maioria, passou a devotar ao Judiciário pouca ou nenhuma credibilidade.
Depois de números como os publicados hoje, demonstrando que sete em dez juízes brasileiros não hesitam em violar a própria Constituição para receberem mais do que ela determina, dá para entender porque, por privilégios de classe, gente como Aécio merece leniência e Lula, ódio.
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