terça-feira, 29 de março de 2011

Contraponto 5075 - "Lula promete silêncio até junho e diz que Dilma, se divergir dele, sempre terá razão"

.
29/03/2011


Lula promete silêncio até junho e diz que Dilma, se divergir dele,
sempre terá razão


Do Amigos do Presdente - por Helena™ -terça-feira, 29 de março de 2011

O ex-presidente Lula disse ontem que a presidente Dilma Rousseff "tem todo direito e liberdade de agir da forma que julgar conveniente agir", e enfatizou que "não há hipótese de haver divergências entre eu e a Dilma". Indagado pelo Valor porque não, Lula retrucou: "Porque, quando houver divergências, ela estará certa", e riu.

Lula deu em Lisboa sua mais longa entrevista, desde que deixou o governo, após uma certa hesitação que parece ter sido quebrada pela vontade de dona Marisa, ao ser procurado no elegante Hotel Ritz por dois repórteres.

Ao voltar de almoço no restaurante Tia Mariana, perto da embaixada brasileira, Lula quis escapar dos jornalistas que o esperavam, mas dona Marisa já no elevador tomou a iniciativa de dizer que falaria com ele para "responder umas duas questões" mais tarde.

Após reunião de quase duas horas com o ex-presidente português Mário Soares e o sociólogo Boaventura de Sousa Santos (que tem currículo de 80 páginas na internet), presenciada pelo embaixador brasileiro em Lisboa Mário Vilalba, Lula perguntou bem humorado aos dois repórteres: "Então, o que queres de mim?"

Indagado se via mudança na política externa brasileira no governo de Dilma, ilustrada com o voto contra o Irã recentemente, Lula respondeu que Dilma tinha o " direito e liberdade" de agir como quisesse, mas completou sério: "Eu não acredito que haja muitas mudanças, porque a companheira Dilma era governo quando nós fazíamos a política que fazíamos."

E foi adiante: "A presidente Dilma tem total liberdade. Já disse e vou repetir. Não há hipótese de haver divergências entre eu a Dilma", completando depois que se houver divergências, a presidente é que "estará certa".

"Sou um homem realizado por ter contribuído para eleger a Dilma presidente do país", acrescentou. "Ela tem caráter suficiente, habilidade suficiente, força politica e moral suficientes para levar o país a conquistar coisas extraordinárias e só estou torcendo."

Enquanto alguns analistas veem uma dura herança de Lula para Dilma, como um certo peso nas finanças públicas, a visão do ex-presidente é obviamente outra ao avaliar a situação global: "Se tem um país sem problema é o Brasil. Continua crescendo, a inflação está controlada, e a companheira Dilma já disse que fará todo o esforço possível para não permitir a volta da inflação."

Embora dando entrevista, Lula observou que "tenho me pautado em ficar em silêncio algum tempo, até junho, acho que é normal, desencarnando e deixando ela criar a cara dela".

Ao seu ver, "é preciso que o país tenha a cara dela, o governo tenha a cara dela, a política tenha a cara dela. Meu tempo passou, agora é o tempo dela e quero contribuir para ela ter todo o sucesso do mundo".

Ele apoiou o voto favorável do Brasil, e contra o Irã, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, para o envio de um relator especial para examinar eventuais violações pelo regime de Teerã. Lula ficou com a posição do novo governo e contra seu ex-ministro Celso Amorim, que desenhara grande parte da política de seu governo em relação ao Irã. "Foi correto o voto do Brasil, de que [um relator] vá ao Irã investigar se há atrocidades contra os direitos humanos."

Para ele, quem tem de mudar de posição sobre o Irã é a Europa e os Estados Unidos, mencionando a questão nuclear. "O que fizemos foi fazer o Irã aceitar uma proposta de acordo proposta pelos EUA, que o Ahmadinejad aceitou, mas os EUA e UE voltaram atrás para castigar o Irã. Defendo para o Irã o mesmo que defendo para o Brasil, a liberdade de ter o domínio da energia para fins pacíficos."

Mas, afinal, Dilma ligou ou não para Lula convidando-o para o almoço a Barack Obama, que ele recusou ir no Itamaraty? Rindo, Lula saiu pela tangente, respondendo porém de uma maneira que alguns julgarão pretensiosa: "Eu não poderia voltar ao Itamaraty dois meses e meio depois de deixar o governo, senão seria eu competindo com nossa presidente, não teria sentido, não teria lógica."

Para Lula, "depois de eu desencarnar posso fazer qualquer coisa, mas é muito pouco tempo para voltar ao Palácio, foi a única razão". Em direção de Obama, acrescentou: "Eu torço mais para o Obama do que ele próprio. Não tenho divergências com Obama. Agora, o dado concreto é que eu esperava que anunciasse algumas coisas mais importantes para o Brasil, como apoiar a entrada no Conselho de Segurança da ONU, cumprir decisão do algodão, cortar tarifa do etanol e retomar a Rodada Doha."

Indagado se é verdade que está ganhando R$ 200 mil por palestra a empresas, ele retrucou bem humorado: "Quem quiser saber quanto eu ganho que me convide." Seus planos incluem viagens a Washington, México, Londres, Madri para palestras. A partir da segunda quinzena do abril, diz que fará agenda "mais forte" dentro do Brasil para ajudar a fortalecer o PT e o movimento social.

"Vou voltar à porta de fábrica em São Bernardo do Campo, na porta da Mercedes-Benz, da Ford e da Volkswagen. Apenas deixei de ser presidente da República, mas jamais serei um ex-militante político e social. Faz parte da minha vida, eu gosto e preciso."

A presidente Dilma Rousseff chegará hoje a Lisboa e irá direto a Coimbra, onde na quarta-feira acompanhará a cerimônia na qual Lula receberá o título de doutor honoris causa dessa que é uma das mais antigas universidades da Europa. Lula receberá mais dois outros prêmios hoje, em Lisboa. Depois retornará em avião de carreira a São Paulo, tal como chegou ontem na capital portuguesa. Acha que só depois de "desencanar" do antigo papel de presidente é que poderá pegar carona no Aerolula hoje usado por Dilma.

.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista