sábado, 23 de junho de 2012

Contraponto 8505 - "Paraguai: testando um novo modelo de golpe de Estado"

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23/06/2012


Paraguai: testando um novo modelo de golpe de Estado

Do Jornal O Povo - Editorial
23/06/2012

Cabe agora aos setores democráticos do continente solidarizar-se com o Paraguai

A destituição do presidente Fernando Lugo, pelo Parlamento, através de um rito sumário de impeachment, na última sexta, por razões unicamente políticas escandalizou a consciência democrática do Continente. É a segunda vez que se testa um novo modelo de golpe de Estado, inaugurado em Honduras, em 2009.

Desde sua eleição, em 2008,Lugo, bispo católico ligado à Teologia da Libertação, vinha enfrentando resistência dos setores conservadores - latifundiários e ex-apoiadores da ditadura de Alfredo Stroessner (que infernizou a vida do país durante 35 anos) - por querer colocar
em prática o modesto programa defendido na campanha eleitoral, de correção das desigualdades sociais, inclusive a reforma agrária. Isso serviu de combustível para a campanha de desestabilização de seu governo pelos poderosos adversários.

A presença, no país, de uma comitiva de chanceleres dos países da Unasul não foi recebida pelos articuladores da manobra. Os chanceleres ponderaram que faltavam nove meses apenas para a eleição presidencial, quando o povo teria a oportunidade de substituir seu dirigente. Não adiantou. Os enviados, então advertiram para a cláusula democrática prevista pelo Protocolo de Ushuaia, que penaliza com isolamento político o país que violar a institucionalidade democrática. De fato, o processo de impeachment foi apresentado, na quinta-feira, pela Câmara dos Deputados, a toque de caixa e, já na sexta, iniciou-se um rito sumário de julgamento com a votação do impeachment pelo Senado, sem provas e sem espaço para o devido processo legal.

O pretexto para a ação foi um conflito que envolveu trabalhadores rurais (ocupantes de um latifúndio), e policiais enviados para desalojá-los. O episódio resultou na morte de 11 camponeses e sete agentes do Estado. Lugo foi acusado de inépcia e de compactuar com o movimento reivindicatório dos sem-terra.

A trama antidemocrática, no entanto, foi denunciada por organismos supranacionais continentais. Cabe agora a setores democráticos do continente solidarizar-se com o Paraguai e cuidar de tomar medidas preventivas para desarmar o novo modelo golpista que se utiliza das instituições do Estado para demolir a democracia.

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Um comentário :

  1. Simplificando...é isso? 1ª etapa -criam condições objetivas, pode ser qualquer coisa...não se sabe! No caso Paraguaio usaram os camponeses, com mortes e sangue, (bem ao modo do FASCINORA E DITADOR STROESSNER ...) 2ª etapa: sem o caráter politico aparente, sendo ágil e administrativo... passa a impressão de que se trata de uma medida dentro da lei. (embora desrespeitada a constituição) Temos mais mais uma modalidade de ameaça a qualquer país soberano do mundo, não só da América Latina. Essa parece mais simples... inventa-se um motivo...desmobilizando pela rapidez e com mita, a opinião publica em seus mecanismos organizados e de defesa...a ação e o teatro ficam com cara de garantias democráticas...claro, não há tempo de defesa, reação nada...a jsutiça neutralizada. Ufa!...Só espero que essa canalhice não consiga fugir do "porta lixo" da carruagem da história!(lembrando Stoessner...que num porta mala de um altomóvel, tentou!Fugiu covardemente..mas não da história)

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