quinta-feira, 16 de julho de 2009

Contraponto 2 - Bolsa Família

BOLSA FAMÍLIA - Pequeno, mas importante
Revista Carta Capital 13/05/2009

A história que se segue já foi conta­da aqui. Mas é preciso repeti-la em benefício de quem dela não se lembra ou de quem dela não sabe. Sur­preso com os ataques da imprensa ao programa Bolsa Família, o presidente Lula sugeriu ao ministro do Desenvolvi­mento Social, Patrus Ananias, que con­versasse com os controladores dos veí­culos de comunicação. Ele deveria ex­plicar a finalidade do programa, recém ­lançado, e ouvir as razões das críticas.

Patrus saiu a campo e voltou com a resposta: "Presidente, em geral todos julgam que é in­vestimento demais em um programa social".

Em todo o País, 11 milhões de famílias (quase 53 mi­lhões de pessoas) são aten­didas pelo programa.

Após uma trégua, os ataques volta­ram. Nos últimos dias, o jornal O Globo desferiu três petardos contra o Bolsa Família. No primeiro, apontou o núme­ro de beneficiados; em seguida, ouviu políticos e acadêmicos dizerem que o programa não criava "porta de saída" para a dependência e, por fim, apresen­tou o resultado de um trabalho do Tri­bunal de Contas da União, que desco­briu oportunistas entre os beneficia­dos. Uma tocaia articulada.

O tom do primeiro texto era a dimen­são do alcance do programa. Em man­chete alarmista, anunciou que o Bolsa Família beneficia mais da metade dos moradores de seis estados. O Globo bateu o escanteio para um historiador do interior de São Paulo cabecear:

"É um número assusta­dor. Isso vai ter uma in­fluência decisiva em qualquer processo elei­toral". Ele errou o gol.

A cegueira social dos críticos é inca­paz de deixá-los perceber a única constatação que nasce de uma pergunta realmente assustadora: que país é esse onde um em cada três brasileiros (em 2010) dependerá do dinheiro do pro­grama para viver?

A mesada é modesta, mas importante. Ela impede que a alma dessas pessoas se separe do corpo. Além disso, abre um ca­minho de esperança para as crianças.

Estudo feito pelo Centro de Desen­volvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais, com base em números do IBGE, mostra o impacto do Bolsa Família na educação.

Entre o público de 7 e 14 anos atendido pelo Bolsa Família, a taxa de frequên­cia escolar é 3,6 pontos porcentuais aci­ma da observada no conjunto dos não beneficiários. No público feminino, essa diferença chega a 6,5 pontos por­centuais e, no Nordeste, alcança 7,1 pontos porcentuais.

Os resultados da comparação indicam menor evasão escolar das crianças in­cluídas no programa. Neste caso, a taxa de evasão chega a ser 2,1 pontos porcen­tuais menor no conjunto das crianças em situação de extrema pobreza.

Esse é um caminho capaz de levar os miseráveis à porta de saída da miséria.
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