Revista Carta Capital 13/05/2009
A história que se segue já foi contada aqui. Mas é preciso repeti-la em benefício de quem dela não se lembra ou de quem dela não sabe. Surpreso com os ataques da imprensa ao programa Bolsa Família, o presidente Lula sugeriu ao ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, que conversasse com os controladores dos veículos de comunicação. Ele deveria explicar a finalidade do programa, recém lançado, e ouvir as razões das críticas.
Patrus saiu a campo e voltou com a resposta: "Presidente, em geral todos julgam que é investimento demais em um programa social".
Em todo o País, 11 milhões de famílias (quase 53 milhões de pessoas) são atendidas pelo programa.
Após uma trégua, os ataques voltaram. Nos últimos dias, o jornal O Globo desferiu três petardos contra o Bolsa Família. No primeiro, apontou o número de beneficiados; em seguida, ouviu políticos e acadêmicos dizerem que o programa não criava "porta de saída" para a dependência e, por fim, apresentou o resultado de um trabalho do Tribunal de Contas da União, que descobriu oportunistas entre os beneficiados. Uma tocaia articulada.
O tom do primeiro texto era a dimensão do alcance do programa. Em manchete alarmista, anunciou que o Bolsa Família beneficia mais da metade dos moradores de seis estados. O Globo bateu o escanteio para um historiador do interior de São Paulo cabecear:
"É um número assustador. Isso vai ter uma influência decisiva em qualquer processo eleitoral". Ele errou o gol.
A cegueira social dos críticos é incapaz de deixá-los perceber a única constatação que nasce de uma pergunta realmente assustadora: que país é esse onde um em cada três brasileiros (em 2010) dependerá do dinheiro do programa para viver?
A mesada é modesta, mas importante. Ela impede que a alma dessas pessoas se separe do corpo. Além disso, abre um caminho de esperança para as crianças.
Estudo feito pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais, com base em números do IBGE, mostra o impacto do Bolsa Família na educação.
Entre o público de 7 e 14 anos atendido pelo Bolsa Família, a taxa de frequência escolar é 3,6 pontos porcentuais acima da observada no conjunto dos não beneficiários. No público feminino, essa diferença chega a 6,5 pontos porcentuais e, no Nordeste, alcança 7,1 pontos porcentuais.
Os resultados da comparação indicam menor evasão escolar das crianças incluídas no programa. Neste caso, a taxa de evasão chega a ser 2,1 pontos porcentuais menor no conjunto das crianças em situação de extrema pobreza.
Esse é um caminho capaz de levar os miseráveis à porta de saída da miséria.
.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista