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12/01/2010
"O governo que você não e elegeu e a crise que ele cria"Tijolaço - segunda-feira, 11 janeiro, 2010 às 11:31
O Plano Nacional de Direitos Humanos está demonstando, como poucas situações o fazem, que não é o voto popular quem, na prática, governa a vida política do país.
Desde o final do ano, é o Ministro Nélson Jobim, que não teve um mísero voto popular, quem dita a agenda política não da opinião pública mas, como dizia o Barão de Itararé, da opinião que se publica.
Não temos uma crise econômica. Não temos uma crise de sustentação popular do Presidente e de seu Governo. Não temos nem mesmo uma crise de sustentação parlamentar na base governista. Não temos um processo eleitoral que esboce mudanças ou uma vitória da oposição. Embora as pesquisas digam o contrário, basta ver a situação eleitoral da oposição para ver que o processo de formação do voto popular está assumindo uma direção, com o desenvolvimento natural do processo de informação sobre qual candidatura representa a continuidade e o aprofundamento das diretrizes políticas que o Governo Lula assumiu, especialmente no seu segundo mandato.
Portanto, é preciso que haja algum tipo de crise para que este processo tome outra direção.
Mas não há crise.
Então, é preciso criá-la.
E o Plano Nacional dos Direitos Humanos foi o “gancho” em que se dependuraram à procura de uma crise militar, com um transbordamento também na área judicial. Não estranhem se, passada a semana de semi-recesso do ano novo, logo aparecerem os “pitacos” de Gilmar Mendes.
A pergunta é: esta crise é real?
O presidente da República estava pressionado por algum setor a adotar uma declaração de intenções – pois é isso que o Plano é, por fazer apenas indicações e não baixar medidas concretas – que deixasse claros seus compromissos em questões como a anistia ou a obrigatoriedade de mais diálogo antes de medidas de força na área fundiária?
Qualquer pessoa que observa a cena política sabe que não.
O presidente da República desprestigia as Forças Armadas e as trata com uma avareza e mau-humor própria de quem tivesse sentimentos revanchistas?
Também não.
Esta crise é criada com objetivos políticos e os meios de comunicação são os panos do teatro de sombras que transforma pequenas situações em projeções gigantescas.
Não sou telepata para fazer o que O Globo faz hoje, dizendo que Lula vai voltar atrás no capítulo do plano que trata da Comissão da verdade, que apuraria os crimes de Estado cometidos durante a ditadura.
Pode ser que sim, para exorcizar este fantasma. Pode ser que não, porque não estava, como disse, pressionado a fazer estas declarações de intenções e as fez pois quis sinalizar seus rumos, presentes e futuros, à sociedade.
O que é importante nisso é perceber que os protagonistas da crise não estão ali por escolha popular, mas por nomeação daquele que o voto popular legitimou.
E que o palco do teatro onde ela se desenrola são as páginas dos jornais.
Aos personagens. que estão ali guindados pela mão do eleito, ao insurgirem-se contra a fonte de seu poder, praticam a traição.
Aos amplificadores das pequenezas da perfídia, que transformam estes gestos de vileza em pseudo-coragem, não fazem mais que seus papéis de fabricantes de crise.
E, como a crise só tem olho nas eleições, o nome do que fazem é campanha eleitoral.
Já que não podem fazer Serra subir legitimamanete, precisam de uma queda política que, amanhã, sirva como perda de prestígio para Lula e sua candidata.
A “crise” é isso, nada mais. Um golpe de esperteza política.
Brizola Neto
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