Contraponto 2828 - Perfuração do pré-sal: qual o risco?

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23/07/2010

Perfuração do pré-sal: qual o risco?

Jornal O Povo (CE) - 23/07/2010 02:00

O desastre econômico e, principalmente, ecológico que está sendo causado pela BP no Golfo do México ocorreu pelo descaso, conforme informações formuladas pela mídia, com o principal equipamento de uma sonda de perfuração, o BOP – Blow Out Preventer ou equipamento de segurança.

Apesar da BP estar ciente da ocorrência de problemas com o BOP, o poço continuou suas operações. Assim, quando se percebeu o crescimento da pressão, o BOP foi acionado, porém não funcionou, ocorrendo o blow out ou explosão do poço.

Depois das inúmeras tentativas de amenizar o derrame de óleo no mar, conseguiram “tampar” o poço, diminuindo sensivelmente a contaminação. A única operação técnica que realmente terá sucesso, porém, será a intervenção do blow out com os poços direcionais que estão sendo perfurados com o intuito de alcançar a formação produtora e assim, através do bombeio de fluidos pesados, conseguir criar uma coluna hidrostática suficiente para conter a pressão do reservatório.

A Petrobras, empresa que conheço muito de perto, pois fui seu funcionário por 20 anos, e boa parte desse tempo dedicada à perfuração de poços marítimos, tem como filosofia bastante impregnada em sua equipe a segurança operacional dos poços que fura em terra e no mar.

O BOP, dentro da programação de perfuração de um poço pela Petrobras, é exaustivamente testado, diversas vezes, aí incluindo as fases do poço e os testes da formação. A qualquer evento que demonstre qualquer inconsistência do equipamento, a operação é parada e somente é retomada quando os testes no BOP se apresentam totalmente confiáveis.

Assim sendo, se nos indagarmos se a Petrobras corre algum risco de cometer evento similar ao que a BP cometeu, podemos afirmar que as chances são mínimas, pelo menos no que diz respeito ao trato dos equipamentos de segurança.

Roberto Menescal de Macêdo - Professor especialista em Engenharia do Petróleo
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