20/07/2011
Drones e redes de sombras; a guerra secreta de Obama
Do Portal Vermelho - 19 de Julho de 2011 - 15h41
A crise econômica empurra a Administração Obama no sentido de privilegiar a ação militar secreta, em detrimento de guerras convencionais. Também ela impulsionou as “operações militares especiais” a um nível jamais atingido.
Por Manlio Dinucci, no Il Manifesto
A crise econômica empurra a Administração Obama no sentido de privilegiar a ação militar secreta, em detrimento de guerras convencionais. Também ela impulsionou as “operações militares especiais” a um nível jamais atingido. Dois grandes eixos de ação foram escolhidos: os assassinatos por drones, e a saturação dos meios de comunicação por redes organizadas de informadores fantasmas em países a desestabilizar.
Enquanto os raides aéreos sobre a Líbia atingem atualmente um total de 11.500 e o Secretário-Geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen convida aliados para aumentar os gastos militares e um maior envolvimento na guerra, a guerra está-se espalhando na região do Oriente Médio e Norte Africano em formas menos visíveis mas não menos perigosas, abrindo constantemente novas frentes.
A CIA - de acordo com uma agência oficial dos EUA citada pelo The New York Times, está construindo uma base secreta no Oriente Médio para lançar ataques ao Iêmen com drones armados. Estes são os Predator / Reaper (já em ação no Afeganistão, Paquistão e Líbia), armados com 14 mísseis Hellfire e comandados a partir de uma base em Nevada, a mais de 10.000 quilômetros de distância.
Desde que assumiu o cargo, “o presidente Obama aumentou drasticamente a campanha de bombardeamentos por parte da CIA no Paquistão, usando drones armados,” os mesmos que serão usados para “expandir a guerra no Iêmen”. A administração considera-os “como a arma preferida para caçar e matar militantes dos países onde não é praticável uma forte presença militar dos EUA.”
No Iêmen está atualmente em ação o Comando Supremo Conjunto de Operações Especiais (USSOCOM), assistido pela CIA e autorizado pelo Poder Executivo de Sana’a. Mas, dada a “fragilidade deste governo autoritário”, a administração Obama está preocupado com um futuro governo que não fosse capaz, ou estivesse disposto a apoiar as operações dos norte-americanos. Assim, ele encarregou a CIA de construir a base secreta numa localidade não identificada do Oriente Médio, se forma a empreender “ações secretas sem o apoio do governo anfitrião.”
Isto confirma que a administração Obama está em processo de intensificação da guerra secreta em todas as suas variantes. Como o declara oficialmente o USSOCOM, ela inclui: a ação direta para destruir alvos, eliminar ou capturar inimigos; guerra não convencional conduzida por forças externas, treinadas e organizadas pela USSOCOM; contra-insurreição para ajudar os governos aliados a reprimir rebeliões; operações psicológicas para influenciar a opinião pública estrangeira, a fim de apoiar as ações militares dos EUA. Estas operações são realizadas com base em tecnologias cada vez mais avançadas.
Entra neste quadro a decisão da administração Obama, tornada pública pelo The New York Times, de criar à escala mundial ” redes sombra na Internet e telefone móvel que possam ser usadas por dissidentes para contornar a censura do governo.” O Pentágono e o Departamento de Estado investiram até agora nisso pelo menos US$ 50 milhões. Estas redes são realizadas através de pequenas malas especiais que, uma vez introduzidas num determinado país, permitem comunicar com o exterior através de computadores e telefones portáteis, em modalidades wireless e codificadas, evitando controles e proibições governamentais.
A motivação oficial de Washington é a de “defender a liberdade de expressão e de promoção da democracia.” As redes sombra, apenas fornecidas a grupos dissidentes úteis à estratégia dos EUA (Síria, Irã e outros países) e controladas por Washington, são os mais adequados meios para difundir na comunicação social informações fabricadas, para operações psicológicas que preparem a opinião pública para novas guerras.
“CIA, Building Base for strikes in Yemen”, de Mark Mazzetti, The New York Times, 14 de Junho de 2011.
Manlio Dinucci é geógrafo e geopolitólogo. Últimas obras publicadas: Geograficamente. Per la scuola media (3 vol., Zanichelli, 2008; Escalation. Anatomia della guerra infinita. DeriveApprodi (2005)
Tradução de Guilherme Coelho para ODiário.Info
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