domingo, 24 de julho de 2011

Contraponto 5853 - "Noruega: jornalista da Folha 'apontou' para islâmicos"

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Nos anos 80, nós, estudantes de Comunicação, víamos alguns jornalistas da Folha de São Paulo como ícones da imprensa nacional. Tempos bons aqueles que a Folha se caracterizava, apesar de um passado nebuloso durante a ditadura, como o símbolo de um jornalismo plural, que apontava para a possibilidade recém conquistada de termos um país com ampla liberdade de opinião, pronto para discutir, de forma democrática, o seu presente e o seu futuro.

Hoje, além da decadência da Folha como espaço de pluralidade, algumas das referências profissionais daquele períodico, como foi Clóvis Rossi, colecionam verdadeiros tropeços jornalísticos.

Se precisássemos definir hoje, em poucos palavras, "o que é jornalismo", diríamos, todos nós que um dia lemos o simpático livrinho no primeiro período de nossas faculdades, que "jornalismo", pelo menos o ideal, é exatamente "o contrário do que tem sido praticado pelo autor"

Recentemente, precipitou-se em acusar de criminosos os argumentos e ideias de professores sérios, responsáveis por um livro didático, hoje, sabidamente, correto em seus princípios e sua execução.

Agora, na maior tragédia vivida por um país nórdico, desde a Segunda Guerra, Clóvis Rossi se apressa para insinuar, num podcast, que os ataques foram desferidos por islâmicos, quando poucas horas depois já se sabia que a autoria dos atentados contra a Noruega fora de um louco ultradireitista.

Ainda que em forma de pergunta e disfarçada de hipótese, a frase soou como preconceito e como mais um palpite infeliz: "Terá sido uma resposta à participação da Noruega na guerra do Afeganistão? Ou ao envolvimento do país nas operações militares na Líbia?".

Não Clóvis Rossi, não foram grupos radicais islâmicos que entristeceram os noruegueses! As referências à participação de forças do país na Líbia ou no Afeganistão não cabem no contexto da tragédia.

E a precipitação e a incapacidade de pedir desculpas (desta vez, à comunidade islâmica) pelas falhas não cabem no contexto do bom jornalismo.

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