05/08/2011
O velório político do ex-ministro Nélson Jobim já tem sua carpideira maior – e acho que única. Só podia ser ela, Eliane Catanhede, que funcionou, muitas vezes, como uma espécie de sua porta-voz informal, especialmente no caso da compra dos caças, no programa FX-2.
Sob Jobim, e com seu beneplácito, Catanhede passou a citar “fontes militares”, todas elas, claro, próximas ao agora ex-ministro.
Supostamente com estes contatos – se é que não teve conversas com Jobim – a trepidante especialista em assuntos militares diagnostica que a mudança desagradou aos militares. E atribui a uma de suas altas fontes uma observação mais do que tosca, que não faz justiça ao preparo de nossos oficiais superiores.
“Desde quando diplomata gosta de guerra? É como botar médico para cuidar de necrotério. Parece brincadeira”.
Ao que se saiba, médico não gosta de doença, mas se prepara para enfrentá-las, como generais não “gostam” de guerra, mas se preparam para travá-las, se necessário. É aquela frase do estudioso militar romano, Publius Flavio Vegecio: “se queres a paz, prepara-te para a guerra”.
E as tais “boas relações” de Jobim com os militares, mesmo na análise de Catanhede, não resistem mais do que quatro parágrafos. Segundo ela, as bases militares – esta base aí certamente não são soldados e cabos, mas oficiais-generais - achavam o óbvio: que Jobim era “arrogante” e que se “comportava como se fosse o dono das Forças Armadas”.
Celso Amorim ou Dilma não terão problema algum com os comandos militares. Ao contrário, a entrada do ex-chanceler azeita as relações entre Governo e Forças Armadas, que deixam de ser eclipsadas pela sombra da antipatia e mandonismo de Jobim.
É só esperar para ver: saudades de Jobim, só mesmo as da D. Catanhede.
PS. Para não ser injusto, também o líder do PSDB, Duarte Nogueira, lamentou a saída de Jobim. É comprensível. É duro para os tucanos perderem um ministro.
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