segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Contraponto 7242 - "2011: América do Sul desenvolveu seu potencial, apesar da crise"

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16/01/2012

2011: América do Sul desenvolveu seu potencial, apesar da crise


Do Vermelho - 16 de Janeiro de 2012 - 10h59


Frente à atual conjuntura internacional com a Europa em crise e os Estados Unidos praticamente estancado, os países sul americanos terminaram 2011 com ótimas perspectivas pelo efetivo desempenho de suas economias, apesar dos obstáculos globais.

Por Rodríguez César na Prensa Latina


Dados preliminares de organismos internacionais (que devem ser confirmados neste primeiro semestre) como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) indicam que a região terminou com um crescimento de 4,3%.

A cifra é inferior aos 5,69% registrado em 2010, mas com uma notável redução da pobreza e da desigualdade.

De acordo com a Cepal, o resultado do ano passado implicou em um aumento do produto per capta de 3,2% e, como nos anos anteriores, os resultados são desiguais entre as sub regiões. A América do Sul atingiu 4,6%, a América Central, 4,1% e o Caribe apenas 0,7%.

No último informe aparece que os países sul americanos com maior expansão foram a Argentina (9%), Equador (8%), Peru, (7%) e Chile (6,3%), contexto com uma dinâmica geração de novos postos de trabalho. A taxa regional de desemprego que baixou de 7,3% para 6,8%.

A secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, ressaltou que, além do impacto do contexto externo muito complexo, o menor desempenho econômico de 2011 se explica por medidas aplicadas, sobretudo no Brasil, para esfriar a demanda interna e evitar um sobreaquecimento de sua forte expansão em 2010.

Crescimento

Vários países cresceram mais em 2011 pela recuperação de situações de desastres naturais, como é o caso do Chile e os altos preços dos hidrocarbonetos, que favoreceram a Venezuela e o Equador.

Tal comportamento é o resultado da continuidade da reanimação que as economias sul-americanas iniciaram na segunda metade de 2009, ainda que a perda paulatina de dinamismo da economia internacional, somada à gradual retirada de algumas das políticas implementadas para enfrentar a crise, ajudaram a desacelerar o crescimento.

Também a alta dos preços internacionais dos alimentos em um panorama de aumento constante da demanda interna, deu lugar a pressões inflacionárias e como consequência a um relativo endurecimento da política monetária em várias nações do continente.

Outro importante dado da Cepal dá conta de que os países que mais conseguiram reduzir a desigualdade são Argentina, Brasil, Venezuela e Bolívia, “graças a políticas ativas sociais” no salário mínimo e a criação de empregos, em particular este último, onde passou-se à formalidade das fontes de trabalho.

De acordo com essa instituição, o ocorrido na região permite ser otimista ainda que faltem muitas pessoas a serem beneficiadas, e, por isso, “há que aprofundar as reformas para que a velocidade da luta contra a pobreza e a desigualdade se acelere”.

FMI

Da sua parte, Christine Lagarde, presidente do FMI, reconheceu recentemente que “esta parte do hemisfério ocidental colheu os frutos de ter fundamentos sólidos, marcos de políticas sensatas e políticas macroeconômicas prudentes, e agora goza de um crescimento sustentável com menor grau de vulnerabilidade: sua ótima situação resulta invejável”.

“A América Latina acostumava ser uma das regiões mais expostas e vulneráveis. Agora já não é mais. De fato, a nova América Latina pode dar algumas lições nos países avançados, como economizar para os tempos difíceis e garantir o controle dos riscos do sistema bancário”, destacou em sua última visita ao México, Brasil e Peru.

Um dos fatores que estão por trás do avanço econômico da região é seu avanço social. Desde a década passada os indicadores da pobreza, desigualdade e desenvolvimento humano melhoraram espetacularmente.

Programas sociais

Os programas Bolsa Família do Brasil, as missões do governo bolivariano da Venezuela como modelo de políticas públicas, o programa de nacionalização dos hidrocarbonetos impulsionado pela Bolívia ara o avanço da industrialização do país, as 100 conquistas da Revolução Cidadã do Equador e o crescimento econômico sustentável da Argentina conseguiram espetacular êxito.

Todos quebraram a cadeia de transmissão da pobreza de uma geração a outra, a tal ponto que hoje em dia são considerados modelos para o resto do mundo.

Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os países da região “em lugar dos ajustes econômicos, puderam aplicar políticas orientadas principalmente à proteção dos empregos e os salários das pessoas, ação decisiva para que a América Latina fosse uma das primeiras regiões a registrar uma recuperação da economia e do emprego”.

O diretor geral da OIT, Juan Somavía, opinou que “na América Latina podemos constatar que ela é economicamente produtiva, o crescimento é possível e se pode ter uma proteção, gerar mais emprego e em conseqüência, maiores equilíbrios”.

Felaban

Durante 2011 as nações sul americanas se beneficiaram também da demanda interna, impulsionada pelo consumo e a inversão privada, além disso, a região contou com um maior e melhor volume de exportações e investimentos estrangeiros.

A respeito da Federação Latino-Americana de Bancos indicou que mesmo quando houve uma baixa econômica no mundo, a economia regional registrou uma queda menor que a esperada em sua atividade produtiva.

Essa organização que agrupa mais de 500 bancos e entidades financeiras da América Latina expôs que outra boa notícia para a região é que ela tem um sistema bancário com condições estáveis.

O diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Nicolás Eyzaguirre, opinou que se dizia que, no passado, que na América Latina quando o mundo avançado se resfriava, a região tinha pneumonia. Agora a situação parece inversa: as economias avançadas têm pneumonia, mas a região só teve um resfriado”.

Desafios

Apesar dos avanços, a região ainda tem brechas produtivas e sociais para fechar: segue tendo a pior distribuição de recursos do mundo, uma crescente heterogeneidade produtiva, baixo nível de investimento e reserva, segmentação trabalhista e da proteção social, discriminação racial, étnica e de gênero e vulnerabilidade às mudanças climáticas.

Sem prejudicar o aprendizado, deve transitar de uma macroeconomia para a estabilidade a outra macroeconomia para o desenvolvimento e aproveitar a conjuntura ainda favorável.

Isso confirma a necessidade de aproveitar as forças demonstradas pelos países latino-americanos para enfrentar a atual crise econômica mundial, graças em boa parte, às suas mudanças políticas, sociais e econômicas e os ventos integradores que a envolvem.

Integração

Assim demonstra a execução dos mais de cem programas da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba).

Em vários países membros deste pacto (integrado por Venezuela, Equador, Cuba, Nicarágua, Antigua y Barbuda, Dominica y San Vicente e as Granadinas) se desenvolvem projetos em setores como o energético, agricultura, comércio, alimentação, telecomunicações, mineração, indústria e finanças.

Além disso, por meio desta alternativa de cooperação se impulsiona o Sistema Unitário de Compensação (Sucre), que permite o intercâmbio comercial sem que sejam mediado pelo dólar ou outra moeda estrangeira.

Para analistas e observadores da região, nestas horas cruciais há clareza de que cada país da região tem seus próprios desafios e responsabilidades: manter e ampliar o bem-estar para todos os cidadãos.

Daí que se reconheça a urgência de acrescentar a cooperação inter-regional para alcançar esses objetivos, fechar as brechas da pobreza, desigualdade, tecnologia e inovação, com uma renovada aliança integracionista, e avançar para uma agenda de desenvolvimento com igualdade.

Mostra dessa vontade foi a 42ª Conferência dos mandatários do Mercosul, onde Cristina Fernández, presidente da Argentina e nova titular pro tempore do bloco afirmou que “o desenvolvimento não é apenas uma questão de crescimento econômico, temos a obrigação de propor a nossas sociedades as alternativas para o crescimento com inclusão social, e de trabalhar contra as corporações e em benefício dos povos”.

Posição similar foi adotada pelo presidente Rafael Correa ao propor um processo de harmonização institucional que faça coincidir estratégias e interesses para formar um só bloco econômico e político embaixo do guarda-chuva da União de Nações Sul Americanas.

Fonte: Prensa Latina
Tradução: Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva

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