Miguel do Rosário
A CPI do Cachoeira voltou a produzir notícias interessantes: algumas positivas, como a intenção do Ministério da Justiça de rastrear bens do esquema Cachoeira no exterior; outras negativas, como a última chicana judicial, entre dois magistrados de Goiás, que pode resultar em cancelamento de toda investigação. A Polícia tem provas de que houve vazamento da operação, e suspeita do juiz Leão Aparecido Alves, que tem ligações com um dos sócios da máfia. Este juiz, por sua vez, entrou com representação contra o colega responsável pela operação Monte Carlos, para saber se foi investigado, o que poderia resultar em anulação de todo o inquérito. Como não quero me preocupar à tôa, prefiro não acreditar que o protesto de um juiz suspeito de corrupção possa atrapalhar o combate a uma das máfias mais sinistras que já acossaram o Estado brasileiro.
Mas a polêmica aliança entre Maluf e PT ainda está quente. É assunto do editorial da Folha de hoje, de colunas da Cantanhede e Janio de Freitas (esta a primeira a criticar Erundina); no Estadão, continuou o assunto principal na coluna da Dora Kramer; no Globo, Merval Pereira usa o tema para falar de aloprados e mensalão.
Então falemos – espero que pela última vez – deste imbróglio. Tenho acompanhado com atenção os desdobramentos deste caso junto à blogosfera. Um post do Nassif, criticando Erundina, gerou mais de 500 comentários, quase todos acalorados. Li quase tudo, para analisar o caso à luz não apenas das estratégias políticas de Lula, mas considerando também as reações dos internautas.
As conclusões a que cheguei, em relação à estratégia política do PT, são as seguintes:
- Lula apostou alto. Não é possível que ele não imaginasse a reação da militância de seu próprio partido. Foi uma estratégia eleitoral, maquiavélica e pragmática. Aliás, não faz sentido jogar toda responsabilidade sobre Lula. O encontro com Maluf teve a presença do presidente do PT, Rui Falcão e do candidato a prefeito, Fernando Haddad. Todo mundo apostou alto.
- Pode ter havido o objetivo de produzir um factóide político de grande impacto midiático. Se houve, foi bem sucedido. Se não houve esta intenção, foi uma consequência positiva. A máxima “falem mal mas falem de mim” é uma das mais antigas da política brasileira.
- O alto custo político para o PT de exibir para o mundo uma imagem tão forte como a foto de Haddad, Lula e Maluf demonstra que o partido está realmente interessado em ganhar as eleições em São Paulo. Disputar com José Serra não é brincadeira. O tucano joga com armas pesadas, como se viu na eleição contra Dilma. A campanha deverá, portanto, trazer ainda muitas polêmicas e baixarias.
- O PT possivelmente vai usar a privataria tucana contra Serra. Não teria sentido Haddad cometer a valentia eleitoral de aparecer abraçado a Maluf e acovardar-se na hora de denunciar os documentados crimes de Serra no processo de privatização.
- As eleições municipais deste ano estão sendo encaradas como extremamente estratégicas para o PT nacional. Há o entendimento que é melhor pagar agora o preço das alianças constrangedoras do que fazê-lo em 2014. Na campanha de reeleição de Dilma, PP e PSB ver-se-ão em dívida com o PT, e não poderão fazer cobranças abusivas. É melhor constranger Haddad agora do que Dilma em 2014.
- Sua atitude pode ter sido eticamente irrepreensível, mas foi uma dupla traição política ao PSB e ao PT. Seu partido, o PSB, tem se caracterizado por um aliancismo ultrapragmático. Foi aliado até poucas semanas atrás do governo Alckmin, e Erundina não se desfiliou de sua legenda por ocasião da brutal desocupação de Pinheirinho, nem dos ataques truculentos e sem planejamento à cracolândia.
- Erundina não deveria ter aceitado o papel de vice de Haddad, sabendo que entraria numa campanha pesadíssima, e que o PP seria aliado do PT. Tendo aceitado, não deveria ter recuado. Recebeu críticas? Ok, deveria ter feito o necessário e sempre difícil enfrentamento político.
- Na primeira entrevista que deu à grande mídia, após aceitar a vaga de vice, Erundina fez uma crítica leviana e mesquinha ao “slogan” da campanha de Haddad, dizendo que falar em “novo” era preconceito contra terceira idade. Não era o caso, evidentemente. Novo é um conceito que não tem relação necessária com a faixa etária. Pode-se ser um velho de oitenta anos e ter um espírito jovial. De qualquer forma, não cabe ao vice fazer críticas à campanha de seu próprio candidato através da imprensa. Ou seja, Erundina já vinha roendo a corda desde que embarcou na aliança com Haddad. Provavelmente por motivos pessoais, ressentimentos antigos.
- A incoerência de Erundina foi levantada pela blogosfera política que trouxe à nossa lembrança a campanha municipal de 2004, quando a candidata aceitou como vice o conservador Michel Temer, do PMDB, e fez pose para fotos ao lado de Quércia, um nome tão sujo e tão ligado ao conservadorismo paulistano quanto o de Maluf.
Ora, Erundina foi ministra de Itamar Franco, após aceitar um convite sem prévia discussão com seu próprio partido. O governo Itamar Franco teve o mérito de criar o Plano Real e estabilizar a economia brasileira, mas também deu início ao gigantesco desmantelamento do Estado, com o programa de privatizações. Era um governo sustentado fundamentalmente pela direita – e Erundina estava lá.
A conclusão, portanto, é que Erundina é mais um daqueles quadros com boas intenções, uma pessoa proba, ética. Ao mesmo tempo, uma pessoa intransigente e ressentida. É a antípoda de Lula, um político que o povo e o mundo inteiro aprendeu a amar e respeitar por conta justamente de seu pragmatismo em favor dos mais pobres, sua determinação de não se portar jamais com intolerância política e jamais prejudicar as chances de levar forças populares ao poder por conta de pinimbas com figuras do passado.
Algumas considerações sobre Maluf:
- É um ex-mafioso, um bandidão decadente da política nacional. Não apita mais nada. Mas tem a palavra final sobre o apoio do PP à Haddad e os minutos diários que esta aliança representa.
- Diante da maior fragilidade de Haddad, que é a falta de conhecimento do eleitorado sobre sua figura, o tempo de TV será fundamental.
- Não se pode comparar Maluf a Demóstenes Torres. Maluf é passado, um parlamentar apagado e sem influência a nível nacional. Demóstenes é presente, e figurava nas cabeças de uma poderosa máfia política.
Interessante a coincidência das fotos e das manchetes da matéria de Luíza Erundina ao lado ou acima da de Delfim Neto na Carta Capital. E quem acompanhou a política brasileira na época em que Delfim Neto foi ministro da direita e hoje é um dos aliados do PT não compreende essa repulsa de Erudina, tardia por sinal, porque veio mais de vinte e quatro horas depois, repelir Paulo Maluf. Prova ela que retroage, retrógrada é, a concretização da "Esquerda Burra". E a configuração de uma pessoa tresloucada e traidora.
ResponderExcluirParte 2: Que na comissão da verdade age cheia de ódio e rancor, vingativa. Invertesse o caso e lhe dessem poder absoluto sabe-se lá qual seria o tamanho da maldade de sua vingança sob o ardor do fogo de seu ódio.
Toda a concentração de energia que pulsa em explosão nas suas decisões entre um sim e um não são as mesmas, volátil alguém definiria. Um perigo para a sociedade analisariam, pois aparentemente o que se menos levou em conta em sua decisão foi a melhoria para o povo.
Parte 3: Uma faísca que por um tempo riscou o céu com luz e se apagou, para sempre. Com petulância de desesperada defesa a Estrela Guia com seus argumentos apagou. Lula-lá passou dos limites, disse, pelo povo. Luíza Erundina melhor do que ele moralmente se achou. Seria o mesmo que dizer.
Parte 5: Quem és tu Lula Estrela Guia diante de apagado risco no céu que um dia pouca luz lançou? Ainda obrigado, Lula, a ouvir o que não é nada em qualquer espaço, além de escuridão. Ousar dizer que quem passou dos limites foi tú, Lula-lá, ainda estrela guia brilhante no céu do coração do povo brasileiro.
Parte 6: E quem és tu Erundina para para falar o que quer que seja do Lula e criar-lhe problemas para a eleição de São Paulo. Dizendo inclusive que ele foi longe de mais?
E você para onde foi? Onde esta? E se foi e chegou a algum lugar, foi por quem? Por mérito político seu? E se, o que fez para merece-lo? Quem é você como liderança para o nosso país?
Parte 7:Foi prefeita de São Paulo nas costas de quem? De sua liderança política de nada e de ninguém como é até hoje, ou por Zé Dirceu, Lula, Suplicys e PT?
Que arrogância é essa para se achar com o direito de desistir dizendo que foi porque o Lula foi longe nessa ao coligar-se como o partido de Paulo Maluf? E ainda querer atrapalhar Lula e PT, isso tem nome, é covardia e traição! Típico de um tresloucada.
Parte 8: Mas estranhamente só se decidir depois de mais de 24hrs?
Pergunte-se a si mesma, quem sou eu? O que represento para o meu país como pessoa e política? Que falta eu faço para o Brasil? Antes de arrogar-se ao que quer que seja. Por que senão a pergunta quantos Malufs valem uma Erundina que fizeram na Carta Capital pode ser respondida por você mesma, e você com toda a certeza já se deu mal.
José da Mota.