29/06/2012
Do G1, com agências internacionais - 28/06/2012 21h22 - Atualizado em 29/06/2012 09h28
Justificativa é que não haveria garantias para a democracia no país.Cúpula não defendeu represálias econômicas ao país, segundo o chanceler.
O Mercosul, reunido na cidade argentina de Mendoza, suspenderá o Paraguai dos órgãos do bloco devido à destituição do presidente Fernando Lugo, informou nesta quinta-feira (28) o chanceler brasileiro, Antônio Patriota. Ele também afirmou que nenhum chanceler defendeu represálias econômicas ao país.
"Estamos elaborando uma decisão que será analisada amanhã [sexta-feira] pelos presidentes. Discutimos a suspensão do Paraguai dos órgãos do Mercosul. Lamentamos muito esta situação, mas constatamos que não existe uma plena vigência democrática" neste país, disse Patriota em entrevista coletiva após o encontro de chanceleres da região.
Segundo Patriota, a sanção contra o novo governo paraguaio, que não participará da cúpula do Mercosul em Mendoza, tem como base o chamado Protocolo de Usuhaia 1, de 1998, que prevê medidas contra um país onde não há garantias para a democracia.
"O entendimento se baseia no Protocolo de Ushuaia, onde há uma primeira frase que fala da suspensão da participação em reuniões (...). A decisão é que a suspensão terá como base esta primeira frase", revelou Patriota.
Ele não afirmou, entretanto, se a suspensão será mantida até as próximas eleições no país, marcadas para abril do ano que vem, ou até a posse do novo presidente, planejada para ocorrer em agosto de 2013.
Sem sanções econômicas
O chanceler argentino, Héctor Timerman, disse que a decisão a ser tomada pelos presidentes na sexta-feira não irá significar mais dificuldades aos paraguaios, também excluindo a possibilidade de sanções econômicas.
"A situação já é penosa para os demais membros", afirmou..
A reunião a portas fechadas em um luxuoso hotel de Mendoza teve a presença dos chanceleres de Argentina, Héctor Timerman; Uruguai, Luis Almagro, Venezuela, Nicolás Maduro, e de Patriota.
Nenhum representante do novo governo paraguaio, presidido por Federico Franco, participa da cúpula do Mercosul.
Venezuela
Outro tema ressaltado por Patriota foi a participação da Venezuela no bloco, para a qual só falta a adesão do Senado do Paraguai. "O tema da Venezuela estará na agenda e será analisado amanhã pelos presidentes, pois há um interesse de promover sua participação", disse. De fato, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, participou hoje da reunião de ministros em Mendoza.
As relações do Mercosul com a China é outro ponto inserido no debate, para "um diálogo mais frequente e uma cooperação mais fluente", afirmou Patriota
Impeachment
O presidente Fernando Lugo foi destituído em um impeachment sumário, na sexta-feira passada (22), após a morte de seis policiais e 11 sem-terra durante a desocupação de uma fazenda, no dia 15 de junho.
A eventual criação de um Tratado de Livre Comércio com a China, assim como medidas para enfrentar os efeitos da crise europeia, são outros temas abordados pelos chanceleres do Mercosul.
Na sexta-feira, os presidentes e ministros da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) também condenarão a decisão do Senado paraguaio de destituir Lugo por "mau desempenho de suas funções", em uma reunião extraordinária que contará com a presença de representantes de 11 dos 12 países sul-americanos.
Além dos países fundadores, a Venezuela está em processo de adesão ao Mercosul, até agora travado pelo Parlamento paraguaio, enquanto Chile, Bolívia, Equador e Peru são associados.
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