23/06/2012
Enviado por luisnassif, sab, 23/06/2012 - 13:02
O presidente do Paraguai foi alvo de um golpe de Estado, assim como Fernando Collor, do Brasil e Andrés Perez, da Venezuela.
Esse padrão de golpe é histórico mas se aprofundou com a redemocratização latino-americana e com os ecos de Watergate.
Consiste no seguinte:
1. São eleitos presidentes sem base política no Congresso. O Congresso não pode derrubar simplesmente o presidente eleito.
2. Aguarda-se então um fato qualquer, que possa deflagrar uma catarse na opinião pública.
3. Em cima do fato, a mídia dispara campanhas amplificando e dramatizando.
4. Criado o clima de comoção popular, o Congresso se vê com legitimidade para decretar o impeachment. Embora Collor não fosse uma Madre Tereza de Calcutá - como não o foram FHC e Lula -, o motivo invocado para sua queda foi ridículo: o tal Fiat Elba. Não fosse esse, invocar-se-ia qualquer outro.
Essa "metodologia" de golpe foi exercitada contra presidentes de "direita", como Collor e Perez, ou de "esquerda", como Lugo ou Chávez. Mas é sinal, também, da dificuldade do continente em consolidar sua democracia e das mídias nacionais em respeitar as instituições.
Aliás, o correto, em processos de impeachment, seria a dissolução do Congresso simultaneamente à destituição do Presidente, zerando o jogo.
PS (Do Nassif) - O fato de provavelmente Lugo ser um desastre administrativo não muda em nada a natureza do golpe.
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