28/06/2012
Cachoeira pagou por serviço na campanha de Perillo
Enviado por luisnassif, qui, 28/06/2012 - 11:08
Por zanuja castelo branco
Da Agência Câmara
Jornalista diz que Cachoeira pagou parte do serviço da campanha de Perillo
O jornalista Luiz Carlos Bordoni ofereceu à CPMI os sigilos fiscal, bancário e telefônico dele e da sua filha, que teria recebido os depósitos relativos à campanha eleitoral do governador de Goiás.
Luiz Carlos Bordoni (E) disse que recebeu pagamentos por meio de empresas de fachada de Cachoeira.
O jornalista Luiz Carlos Bordoni reafirmou, nesta quarta-feira, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira que uma parte do pagamento (R$ 90 mil) pelo seu trabalho na campanha eleitoral de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás, em 2010, foi paga por duas empresas de fachada do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira: a Alberto & Pantoja Construções e a Adécio & Rafael Construção e Terraplanagem.
“O pagador de contas de Marconi Perillo [Lúcio Fiúza Gouthier] passou o número da conta da minha filha para uma quadrilha e envolveu o nosso nome nessa investigação”, disse. Ele ofereceu à CPMI os sigilos telefônico, bancário e fiscal, dele e da filha, que teria recebido os depósitos.
Bordoni acusou Perillo de juramento falso à CPMI, por ter mentido ao negar o pagamento por dívidas de campanha. Segundo Bordoni, não havia contrato porque o acordo foi feito “entre amigos” e ele confiava no governador. Em seguida, ele passou a acusar o “ex-amigo” de envolvimento com Cachoeira, denunciando inclusive negócios escusos e a existência de um governo paralelo em Goiás comandado pelo contraventor. Cachoeira é acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público de chefiar um esquema de jogos ilegais e de fazer tráfico de influência com agentes públicos e privados.
Bate-boca
Carlos Sampaio: dúvidas sobre a confiabilidade do depoente desta quarta-feira.
As denúncias feitas por Bordoni provocaram resposta do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), e trocas de acusações entre os dois. Sampaio relembrou condenações de Bordoni na Justiça, por textos publicados na imprensa, e o jornalista respondeu que o deputado não queria investigar as ligações de Perillo. “Não sei se é possível confiar num depoente com esses antecedentes criminais”, disse Sampaio.
Bordoni lembrou que a ação contra ele foi anulada, porque o crime havia prescrito, e lembrou que os textos defendiam Perillo, à época processado pelos mesmos procuradores que entraram com ação contra o jornalista. “Esses processos são brigas minhas em defesa do candidato Perillo”, explicou.
Depósitos
O jornalista disse que havia passado o número da conta da filha dele, Bruna, para Gouthier, para receber quantias atrasadas relativas à campanha eleitoral de 2010, e depois foi informado de que o depósito havia sido feito, mas não checou quem havia depositado.
Ele não soube precisar os telefones usados para agilizar essa transação, mas o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que tentará encontrar nas ligações de Gouthier e Bordoni esses telefonemas.
O envolvimento de Bruna foi descoberto pelo senador Pedro Taques (PDT-MT), que revelou os depósitos durante o depoimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Conselho de Ética do Senado. Além dos depósitos, a filha de Bordoni foi nomeada assessora no gabinete de Demóstenes.
Bordoni explicou que o emprego da filha foi dado pelo senador como gratidão por sua ajuda na campanha de 2006 e nada tem a ver com o envolvimento dele com Cachoeira. No entanto, Bruna não chegou a assumir o cargo porque estava com um estágio avançado de hepatite e teve de fazer um transplante de fígado.
O jornalista disse que recebeu, em dia, R$ 80 mil do total de R$ 120 mil combinados pelo seu trabalho. “Foram R$ 40 mil em dinheiro do próprio governador, ainda candidato, retirados de um frigobar em seu escritório, R$ 30 mil pagos pelo comitê de campanha, e R$ 10 mil pagos por Jayme Rincón, presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), em seu escritório.”
Além dos R$ 40 mil que ficaram faltando, Bordoni teria deixado de receber R$ 50 mil relativos ao bônus pela vitória na eleição. Ou seja, ficaram atrasados R$ 90 mil, que foram pagos pelas duas empresas de fachada de Cachoeira, em depósitos na conta da filha dele. “O recebimento dessas quantias atrasadas, o que acabou por envolver o nome da minha filha nas investigações, é que me trouxe a essa CPMI”, disse Bordoni.
Odair destacou que "recursos financeiros dessa organização criminosa foram parar na conta da filha de vossa senhoria". Para o deputado, "essa descoberta faz com que o senhor esteja aqui hoje colaborando com essa CPMI afim de que possamos desvendar essa organização que continua operando e atuando apesar de seu principal chefe ainda manter-se preso".
Justificativa de pagamento
Em sua defesa, Perillo havia dito à CPMI que Bordoni foi pago pela empresa Artmidia, tendo recebido R$ 33 mil reais registrados em sua prestação de contas. Bordoni reconhece a nota fiscal, e disse que ela foi apresentada pela empresa de um amigo para justificar o pagamento de R$ 30 mil, fora os impostos, feito pelo comitê de campanha, como parte de seus serviços.
Bordoni apresentou uma declaração da empresa dizendo que ele não prestou serviços a ela para a campanha de Perillo. Bordoni participou das campanhas para o Senado de Demóstenes Torres e da senadora Lúcia Vânia (PSDB-TO), mas disse que, nos dois casos, foi contratado por empresas de publicidade e marketing e prestou serviços dentro da lei. “Da mesma forma, prestei um trabalho limpo [para Perillo] e esperava receber um dinheiro limpo, e não por meio de caixa dois”, disse.
Rei do achaque
Bordoni rejeitou a versão contada pela mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, de que o marido sofreu extorsão do jornalista para não atrapalhar seus negócios. “Quem sou eu para achacar o rei do achaque?”, perguntou. Ele questiona o fato de não ter aparecido nenhuma gravação dessa suposta chantagem e nenhum papel, pois se alega que tenha sido feita por escrito.
Bordoni informou que conhece Perillo desde que este ajudava o pai em um balcão de bar e que por ele “topava qualquer parada”. Lembrou ainda que foi até condenado por defender seu candidato, mas não se importou “porque, por Marconi, seja o que Deus quiser”.
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