sábado, 14 de julho de 2012

Contraponto 8716 - "A lógica por trás do 'fim' da CPI do Cachoeira"

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14/07/2012

A lógica por trás do 'fim' da CPI do Cachoeira

Do Viomundo - publicado em 13 de julho de 2012 às 23:05

por Luiz Carlos Azenha

Reconheço que é um tanto cansativo fazer a crítica da mídia no “varejo”.

Quando a internet ainda era “novidade”, lá pelos idos de 2006 e o Rodrigo Vianna denunciou em carta aberta a manipulação do noticiário da TV Globo durante a campanha presidencial daquele ano, as pessoas ainda se escandalizavam. Hoje dezenas de milhares de pessoas são capazes de fazer sua própria crítica da mídia, sem intermediários.

Mas este caso me chamou especialmente a atenção.

No dia 9 de julho o Valor Econômico veio com essa:

Não, não foi numa coluna opinativa, mas no “noticiário” de política.

“Quando surgiu o escândalo protagonizado por Cachoeira, dirigentes do PT decidiram aproveitar a oportunidade para atacar adversários e desqualificar os responsáveis pelas denúncias de que o partido teria criado um esquema de compra de apoio parlamentar durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Queriam, por exemplo, atacar a imprensa. Outro alvo foi o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. A CPI foi instalada no dia 25 de abril. Desde então, a dinâmica dos seus trabalhos acabou inviabilizando o plano inicial da cúpula do PT. Não foram encontradas provas contra jornalistas, e Gurgel não foi abatido”.

Sim, caros leitores, este é um trecho de uma “notícia”. O leitor desavisado do jornal deve ficar se perguntando:

Quem são os dirigentes do PT? Por que o repórter não os identifica e entrevista? Onde, como e quando foi urdido o plano para “desqualificar” os responsáveis pelas denúncias do mensalão? Houve tentativa de desqualificar o Roberto Jefferson, por exemplo, que foi o primeiro a denunciar o mensalão em entrevista à Folha de S. Paulo? O Demóstenes Torres foi “desqualificado” pelo PT ou pelas operações Monte Carlo e Vegas? Não houve dezenas de grampos comprometedores para jornalistas? Quais são as dúvidas suscitadas pelo trabalho do procurador-geral Roberto Gurgel? O esquema criminoso de Carlinhos Cachoeira usava ou não a imprensa?

[Se você é leitor exclusivamente do Valor, clique aqui, aqui e aqui para Roberto Gurgel; aqui, aqui e aqui para a mídia no esquema Cachoeira; siga os links nos textos indicados para ler mais a respeito]

Em vez de esclarecer estas justas dúvidas de quem paga a assinatura, o jornal parte do pressuposto de que seu leitor é desinformado e vai engolir um texto completamente editorializado como se fosse “notícia”.

Como sabemos, foi uma representação do PSOL no Conselho de Ética do Senado que levou à cassação de Demóstenes Torres. A CPI, por sua vez, foi criada para investigar as ramificações da quadrilha de Carlinhos Cachoeira nas esferas pública e privada.

São duas coisas distintas, embora se tangenciem. Como o próprio jornal admite, os investigadores nem puderam analisar todos os documentos recebidos da Justiça e da Polícia Federal.

No curso das investigações, é natural que o PSDB, o DEM, o PSD, o PPS, o PT, o PMDB, o PCdoB e todos os demais partidos façam manobras em busca de seus objetivos.

Mas é muito feio quando a imprensa se entrega ao papel de “acabar” com o que ainda não acabou e faz isso usando a desinformação e presumindo “ignorância” de seus próprios leitores.

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