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24/02/2014
Boa hora para Dilma colocar em debate a democratização da mídia
Não se deseja uma imprensa 'chapa
branca', mas é hora de rever a hegemonia da expressão de um pensamento
único representando a minoria do poder econômico
arquivo rba
O caso da médica cubana desertora do Mais Médicos, explorado pela imprensa, mas sem abalar o eleitorado
por Helena Sthephanowitz
Na semana passada, três pesquisas nacionais de
intenção de voto para presidente da República nas eleições de 2014 foram
publicadas. Com pequena variação nos números, todas apontam uma vitória
com folga de Dilma Rousseff em primeiro turno.
Os números refletem um pouco o tom do noticiário. Baixo desemprego e inflação em queda sustentam os níveis de popularidade. A sensação de maior segurança no emprego e de preservação do poder de compra com a renda são percebidas no cotidiano da população, mesmo que esses assuntos da maior importância para a vida das pessoas tenham sido tratados com discrição pela chamada grande mídia.
A tentativa de desqualificar a presença de médicos cubanos no programa Mais Médicos a partir da "deserção" de uma médica cubana não surtiu o efeito desejado pela oposição. Foi visto pela população como o caso isolado que foi e só chama a atenção para o sucesso e importância do programa como um todo.
A morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, durante protesto contra aumento da passagem de ônibus no Rio de Janeiro também ocupou intensamente o noticiário. Mas fez diminuir o apoio da população à manifestações, inclusive contra a Copa, pelos excessos.
O que bombou nos meios de comunicação foi a exploração política de um blecaute elétrico querendo forjar uma crise energética, as opiniões quase sempre negativas sobre números pinçados da economia que não correspondem ao conjunto da obra, a ênfase excessiva no atraso de algumas obras sem noticiar as que estão ficando prontas.
Houve também uma não notícia, que foi a escala em Lisboa de uma viagem presidencial, que ganhou grandes proporções. Críticas deturpadas sobre a geopolítica latino-americana na exportação de bens e serviços brasileiros para a construção do porto de Mariel, em Cuba, também foram alvo do noticiário que antecedeu as pesquisas divulgadas na semana passada.
A pauta negativa, quando deturpada, ou seja, sem refletir a importância real para o interesse público de cada notícia, indica que o governo perde a batalha da pauta do noticiário para a oposição partidária e midiática. Não se deseja uma hegemonia de uma imprensa "chapa branca" que seria até nociva para a depuração das instituições democráticas, mas também não há sentido haver uma hegemonia da expressão de um pensamento único representando a minoria do poder econômico com interesses contrariados pelo governo em detrimento dos grandes interesses populares.
Essa hegemonia da imprensa oligárquica tornou-se porta voz de um pensamento provinciano, não refletindo a nova dimensão, diversidade e complexidade da sociedade e da economia brasileira.
É verdade que na atual legislatura do Congresso Nacional não há apoio para uma reforma que democratize os meios de comunicação. Mesmo dentro da base governista, muitos parlamentares são donos ou ligados a emissoras de rádios, TVs, jornais e são avessos à mudanças. Ou temem ser retaliados no noticiário, se contrariarem os donos dos veículos.
Isso explica o governo Dilma, mesmo declarando reiteradas vezes ser favorável a um novo Marco Regulatório das Comunicações, não ter apresentado uma proposta de iniciativa do poder executivo. Afinal, mesmo que apresentasse um excelente projeto, perto de 80% dos parlamentares iriam descaracterizá-lo completamente com emendas ao gosto das atuais oligarquias midiáticas, tornando a iniciativa inócua.
Mas agora, ano eleitoral, quando por natureza há grandes debates, há a oportunidade para o governo também colocar em pauta propostas que levem a uma maior democratização dos meios de comunicação, independentemente da base de apoio no Congresso Nacional.
Nas próprias manifestações de rua, desde as jornadas de junho, os meios de comunicação oligárquicos sofreram severas críticas e entraram no rol dos alvos dos protestos. A democratização da mídia pode ganhar os corredores das faculdades e escolas técnicas, sobretudo nos cursos de comunicação social e multimídia, pela ampla oportunidade de aumentar a criação de empregos, com mais diversidade de veículos atuando.
Além disso, a própria mídia oligárquica terá assunto de verdade para fazer oposição ao governo, posicionando-se contra estas reformas democratizadoras, em vez de seus factoides no noticiário, tais como escalas técnicas do avião presidencial. Assim, inclusive, a coisa ficará mais clara, sobre os interesses que movem cada veículo de comunicação.
Certamente haverá um tensionamento inicial com os atuais donos da mídia, nada diferente do que interesses corporativos das associações médicas fizeram contra o programa Mais Médicos. Mas fazendo a coisa certa, a população compreende e apoia, como aconteceu com o programa do Ministério da Saúde.
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Os números refletem um pouco o tom do noticiário. Baixo desemprego e inflação em queda sustentam os níveis de popularidade. A sensação de maior segurança no emprego e de preservação do poder de compra com a renda são percebidas no cotidiano da população, mesmo que esses assuntos da maior importância para a vida das pessoas tenham sido tratados com discrição pela chamada grande mídia.
A tentativa de desqualificar a presença de médicos cubanos no programa Mais Médicos a partir da "deserção" de uma médica cubana não surtiu o efeito desejado pela oposição. Foi visto pela população como o caso isolado que foi e só chama a atenção para o sucesso e importância do programa como um todo.
A morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, durante protesto contra aumento da passagem de ônibus no Rio de Janeiro também ocupou intensamente o noticiário. Mas fez diminuir o apoio da população à manifestações, inclusive contra a Copa, pelos excessos.
O que bombou nos meios de comunicação foi a exploração política de um blecaute elétrico querendo forjar uma crise energética, as opiniões quase sempre negativas sobre números pinçados da economia que não correspondem ao conjunto da obra, a ênfase excessiva no atraso de algumas obras sem noticiar as que estão ficando prontas.
Houve também uma não notícia, que foi a escala em Lisboa de uma viagem presidencial, que ganhou grandes proporções. Críticas deturpadas sobre a geopolítica latino-americana na exportação de bens e serviços brasileiros para a construção do porto de Mariel, em Cuba, também foram alvo do noticiário que antecedeu as pesquisas divulgadas na semana passada.
A pauta negativa, quando deturpada, ou seja, sem refletir a importância real para o interesse público de cada notícia, indica que o governo perde a batalha da pauta do noticiário para a oposição partidária e midiática. Não se deseja uma hegemonia de uma imprensa "chapa branca" que seria até nociva para a depuração das instituições democráticas, mas também não há sentido haver uma hegemonia da expressão de um pensamento único representando a minoria do poder econômico com interesses contrariados pelo governo em detrimento dos grandes interesses populares.
Essa hegemonia da imprensa oligárquica tornou-se porta voz de um pensamento provinciano, não refletindo a nova dimensão, diversidade e complexidade da sociedade e da economia brasileira.
É verdade que na atual legislatura do Congresso Nacional não há apoio para uma reforma que democratize os meios de comunicação. Mesmo dentro da base governista, muitos parlamentares são donos ou ligados a emissoras de rádios, TVs, jornais e são avessos à mudanças. Ou temem ser retaliados no noticiário, se contrariarem os donos dos veículos.
Isso explica o governo Dilma, mesmo declarando reiteradas vezes ser favorável a um novo Marco Regulatório das Comunicações, não ter apresentado uma proposta de iniciativa do poder executivo. Afinal, mesmo que apresentasse um excelente projeto, perto de 80% dos parlamentares iriam descaracterizá-lo completamente com emendas ao gosto das atuais oligarquias midiáticas, tornando a iniciativa inócua.
Mas agora, ano eleitoral, quando por natureza há grandes debates, há a oportunidade para o governo também colocar em pauta propostas que levem a uma maior democratização dos meios de comunicação, independentemente da base de apoio no Congresso Nacional.
Nas próprias manifestações de rua, desde as jornadas de junho, os meios de comunicação oligárquicos sofreram severas críticas e entraram no rol dos alvos dos protestos. A democratização da mídia pode ganhar os corredores das faculdades e escolas técnicas, sobretudo nos cursos de comunicação social e multimídia, pela ampla oportunidade de aumentar a criação de empregos, com mais diversidade de veículos atuando.
Além disso, a própria mídia oligárquica terá assunto de verdade para fazer oposição ao governo, posicionando-se contra estas reformas democratizadoras, em vez de seus factoides no noticiário, tais como escalas técnicas do avião presidencial. Assim, inclusive, a coisa ficará mais clara, sobre os interesses que movem cada veículo de comunicação.
Certamente haverá um tensionamento inicial com os atuais donos da mídia, nada diferente do que interesses corporativos das associações médicas fizeram contra o programa Mais Médicos. Mas fazendo a coisa certa, a população compreende e apoia, como aconteceu com o programa do Ministério da Saúde.
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