sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Contraponto 15.200 - "Racionamento, já!"

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31/10/2014

Racionamento, já!

 
 
 
 

 

Há duas alternativas para a falta de água em  São Paulo: racionamento controlado ou racionamento selvagem.

São Paulo está caminhando para a segunda opção - o racionamento selvagem - com consequências imprevisíveis. Corre-se o risco, inimaginável em outros tempos, de uma das maiores metrópoles do mundo exposta a surtos de epidemia, a transtornos sociais, à violência generalizada provocada pelo desespero da falta dágua.

Tem-se no governo do estado um governador irresponsável paralisado pela própria mediocridade, que chegou ao cúmulo de comemorar o uso do volume morto de uma represa, como se fosse um feito técnico.

Alckmin só se guia pelas manchetes. Sua única preocupação é encontrar a desculpa adequada, dividir responsabilidades, terceirizar a culpa. Depois de dois anos dormindo para o tema, os jornais limitam-se a narrar os problemas de abastecimento sem ousar chegar ao ponto central: a necessidade urgente de implantar o racionamento.

Inibido pela falta de repercussão do tema, o Ministério Público Estadual demorou a agir. Quando agiu, alguns procuradores tentando segurar o aumento de captação do Sistema Alto Tietê, para impedir o futuro racionamento selvagem, foram impedidos por um juiz desinformado, que alegou que "não vê como os atos impugnados (a autorização do DAEE para aumentar a vazão) que têm em mira a garantia de fornecimento de água à população, possam ser classificados como inadequados ao interesse público".

Cáspite! Esse nível de ignorância - em um magistrado  - foi plantado pela insuficiência de informações fornecidas pela mídia, sonegadas à população em nome de um projeto político que cegou a todos. Só irá entender quando houver só lama para ser retirada.

A ANA (Agência Nacional de Águas) condenou a estratégia paulista. Bastou acusá-la de aparelhamento para que os alertas fossem ignorados. Em plena CPI da Câmara, a presidente da Sabesp informou que a empresa foi proibida, por ordem superior, de ampliar a campanha de esclarecimentos da população. A reação do Palácio Bandeirantes - aceita acriticamente pelos jornais - foi de que ela seria afastada no final do mundo por ter perdido a liderança dos seus. Vaza para as redes sociais uma gravação de conversa da Sabesp apontando os riscos enormes da estratégia de Alckmin. Basta dizer que a fala foi montada para varrer o alerta para baixo do tapete.

Nesse momento, os procuradores que ousaram interferir na marcha da insensatez devem estar sendo pressionados pelos seus colegas, tratados como impetuosos querendo aparecer.

E não há uma liderança de peso no Estado capaz de fazer o contraponto e interromper essa loucura.
Nessas horas, não existe Procurador Geral do Estado, presidente do Tribunal de Justiça, Ordem dos Advogados. E não existe por receio de serem atacados pela imprensa, se ousarem apontar o desastre que vêm pela frente.

O governador Geraldo Alckmin está incorrendo em um crime de responsabilidade. E age sem medo por ter a certeza de que todos os poderes do Estado o acobertarão.

São Paulo chegou ao nível mais baixo de enfraquecimento das instituições públicas e das vozes da sociedade civil em toda sua história.

O sertão é aqui.
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Contraponto 15.199 - "Quem apostou contra, perdeu. E perderá mais "


Apenas nesta sexta-feira 30, o Ibovespa subiu 4,38%. Nada menos que 18 companhias tiveram suas ações valorizadas em mais de 20% desde a reeleição de Dilma, no domingo 26. O dia seguinte, de resto, considerado como o momento da ressaca para quem torceu e atuou contra a vencedora final, foi o único a registrar fechamento no vermelho.

Emblemática da onda especulativa negativa que tomou o mercado de assalto no período eleitoral, a Petrobras viu seus papeis subirem 6,70% também nesta sexta 31. Esse desempenho esteve diretamente ligado a um reajuste no preço dos combustíveis que está sendo examinado pelo Conselho de Administração. A reunião que começou na sexta 31 será concluída na terça-feira 4, o que sugere uma segunda-feira de novas altas para os papéis da estatal. Para quem não se lembra, Dilma prometera um reajuste nos combustíveis para este final de ano. Era uma questão de acreditar. Na mesma sintonia, as ações da Vale, que tem forte presença do governo em seu comando, subiram 5,12%.

O cenário externo, com bons indicadores de retomada do crescimento nos Estados Unidos, também vai colaborando para o bom humor. Mas o que está mesmo dando sustentação à escalada é a perspectiva de a presidente escolher um nome amigável aos investidores e empresários para ser seu futuro ministro da Fazenda.

MEIRELLES OU BARBOSA - Segundo notícia veiculada pelo site Valor Pro, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, já teria sido convidado pela presidente, mas declinou sob a alegação de ter "um estupendo desafio" a completar na instituição que lidera. Mas Dilma ainda tem dois ases na mão. Descansando, neste momento, em Aratu, na Bahia, a presidente emitiu sinais a auxiliares de que está considerando seriamente o nome do ex-presidente do BC Henrique Meirelles.

"A presidente não briga com os fatos", justificou um interlocutor de Dilma, referindo-se à ótima repercussão que o nome de Meirelles encontra não apenas no mercado financeiro, mas também no empresariado. O trabalho dele à frente do BC durante o governo Lula é considerado irrepreensível. Na gestão de Meirelles, o País acumulou reservas internacionais superiores a US$ 300 bilhões. A inflação, por outro lado, posicionou-se dentro da meta.

No passado, quando Dilma era ministra-chefe do Casa Civil e Meirelles pilotava o BC, ambos tiveram discussões acesas exatamente em torno da política econômica. Agora, porém, a presidente já teria superado as diferenças e, em nome de uma retomada mais veloz do crescimento econômico, concordaria em chamar Meirelles para chefiar sua equipe econômica. A dúvida está na certeza de que ele pedirá autonomia absoluta para trabalhar, enquanto a presidente não quer abrir mão de ter a palavra final nas decisões mais importantes.

Na equipe de Dilma, a impressão maior é a de que o anúncio do novo ministro da Fazenda será feito somente a partir da segunda quinzena de novembro. Foi isso o que ela própria adiantou em entrevistas antes de tirar sua semana de descanso. Mas também aí a presidente pode surpreender e participar da reunião do G-20, na Austrália, nos dias 15 e 16 de novembro, com seu novo ministro à tiracolo.

Ex-secretário-executivo da Fazenda, o economista Nelson Barbosa prossegue sendo um nome que Dilma sabe poder contar. Ambos têm bastante afinidade e confiança. Quando ele estava no cargo, a presidente mais de uma vez mostrou preferência por despachar sobre assuntos econômicos com o próprio Barbosa do que com o titular Guido Mantega.

Assim como Meirelles, Barbosa também é um nome bastante palatável ao mercado. No entorno de Dilma, o que se diz, em tom de brincadeira, é que, com Barbosa, o dólar ficaria em R$ 2,50, mas com Meirelles desceria para R$ 2,00. O que se tem, hoje, é que Dilma está focada entre essas duas alternativas. Com a aparente tranquilidade na Bovespa, ela sabe que ganhou mais tempo para pensar.

Na segunda-feira 2, Dilma retorna de férias e retoma as articulações do novo ministério. Quem apostar contra ela, como se vê, tem mais chances de perder do que de ganhar.

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Contraponto 15.198 - " Gustavo Castañon: Pedido de recontagem é 'jogo de cena' "

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31/10/2014



Gustavo Castañon: Pedido de recontagem é “jogo de cena”


Do Viomundo - publicado em 31 de outubro de 2014 às 12:27



urna-eletronica-460



por Gustavo Castañon, especial para o Viomundo

Mais uma vez, pela quinta eleição presidencial seguida, minhas previsões se confirmaram. Como avisei aqui no Viomundo, pela décima vez seguida a margem de erro da boca de urna apareceu, apuradas as urnas eletrônicas, a mais para o candidato do PSDB, e a menos para a candidata do PT.

A boca de urna Vox Populi, de nível de confiança de 95% e margem de erro de 1,2%, com 6800 entrevistados, deu 54% dos votos válidos para Dilma e 46% para Aécio.

Resultado plenamente compatível com as pesquisas Vox e Ibope do dia anterior à votação. As urnas eletrônicas no entanto deram 51,6% para Dilma e 48,4% para Aécio. Diferença foi o dobro da margem de erro.

A suspeita sobre o resultado se reforça com a desistência do Ibope, pela primeira vez na história, de fazer uma pesquisa de boca de urna no segundo turno. A Globo não quis contratar. Sem esse balizamento para os números das urnas eletrônicas, tudo parecia caminhar para uma fraude maciça e vergonhosa, a exemplo da vergonha que assistimos no primeiro turno (que não podemos afirmar o tipo de vergonha).

Mas parece que conseguimos convencer o PT que a fraude seria sem precedentes. Pela primeira vez desde 89, o partido escalou um time de 4000 fiscais para acompanhar o fechamento das urnas (que é inútil, pois só fiscaliza uma pequena parte de um de três níveis onde a fraude pode ocorrer).

Mas a principal medida tomada foi a contratação da boca de urna Vox Populi.

Por que uma campanha gastaria uma fortuna numa pesquisa de boca de urna que não influirá no resultados das eleições? É simples. A boca de urna é um balizamento para controlar a fraude.

Sabendo o que esperar das urnas, o nível de fraude tem que se restringir à famosa “margem de erro”. Os dois foram recados claros: “nós sabemos o que está acontecendo e vamos reagir”.

Porque tem que haver moderação numa suposta fraude? Para não perder a galinha dos ovos de ouro, ora. Lembrem-se de que o TSE transformou as eleições num negócio. Quem cuida da preparação, inseminação e totalização das urnas atualmente são empresas privadas. Um escândalo as farão perder o negócio.

Nas semanas que precederam as eleições, o Viomundo e o Jornal GGN , de Luís Nassif, publicaram uma série de denúncias e reportagens sobre a vulnerabilidade de nosso sistema eleitoral.

Nassif chegou a prever exatamente todo o desenrolar do que seria um processo de fraude eleitoral, a começar por uma denúncia bombástica dias antes da eleição que pudesse justificar a diferença nas urnas em relação às pesquisas.

Um dia antes da votação, foi a vez do Viomundo acrescentar mais detalhes a esse emaranhado tucano por trás das urnas eletrônicas.

Essas matérias mostraram claramente a vulnerabilidade insustentável das urnas brasileiras, que não foram testadas esse ano e cuja operação esteve nas mãos de duas empresas privadas.
Uma, contratada ilegalmente desde 1996, é a Módulo Security Solutions. Essa empresa é de propriedade do ex-presidente da FINEP no governo FHC. 

A outra é a Engetec, que  em 2013, sucedeu no TSE a falida Probank. Ambas são de um membro da campanha e ex-secretário de desenvolvimento econômico de Aécio Neves por dois mandatos.

Outros vários artigos publicados na mídia independente, inclusive o meu, circularam na rede provocando um inédito estado de desconfiança generalizada, da direita à esquerda, em relação às urnas eletrônicas brasileiras.

Agora, num jogo de cena, o candidato Aécio Neves, o grande beneficiado por esses movimentos eletrônicos estranhíssimos de votos nos dois turnos, acaba de pedir recontagem dos votos no TSE.
Bobagem. Nós sabemos que as urnas brasileiras são invulneráveis a fiscalização. Elas são um atentado à democracia. O desejo dos eleitores de Aécio de recontar os votos é tão legitimo quanto o dos eleitores de Dilma de recontar os votos de São Paulo e Rio Grande do Sul. Mas não podemos recontar votos. Seriam recontados os mesmos boletins já contabilizados. E o TSE não concederá o pedido.

O PSDB sabe disso tudo. O que eles querem é minar a legitimidade da Presidente. É importante entender esse recado de guerra sem fim da oposição.

Dilma nesse momento precisava ouvir mais seu antigo mestre Brizola do que o atual, Lula. Ela deveria vir a público e reforçar o pedido de Aécio, inclusive para as eleições legislativas. Reforçar a crença na inconfiabilidade das urnas. Relatar quantas vezes, quatro, para ser mais preciso, ela foi vítima dessas mágicas que saem delas. Questionadas pelos dois candidatos, essas urnas malditas perderiam definitivamente a legitimidade e confiança de toda população. Seria a mais importante das reformas políticas.

Mas infelizmente, Brizola, só houve um.

Leia também:


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Contraponto 15.197 - "É mais do mesmo."



31/10/2014

É mais do mesmo

Do Facebook 31/10/2014

É mais do mesmo.

A república do Galeão, há 60 anos, preparou o golpe que Getúlio abortou ao suicidar-se. Tentaram com Café Filho. Derrotados na ridícula aventura do cruzador Tamandaré, conspiraram contra Juscelino e promoveram os levantes de Aragarças e Jacareacanga, com o objetivo de manter acesa a chama golpista. 

Sem sucesso, elegeram Jânio, presidente inviável por falta de apoio político, ocuparam os postos chaves, tentaram no episódio da renúncia e deram, afinal, o golpe, em 1964.

Passados 20 anos em que a luta política se travou em segredo, no âmbito das forças armadas, voltou-se à estaca zero, em novo patamar, com mortos e feridos.

Logo recomeçou a conspiração. Elegeram Collor, o Jânio II, e manobraram o vice ingênuo, Itamar, para por em posto chave um homem deles, FHC. Coube a este promover a maior liquidação de um patrimônio nacional desde o desmanche da União Soviética.


Não foi possível prosseguiria: foram derrotados nas urnas.

O país voltou a crescer, recuperou alguma autonomia e a conspiração recrudesceu: mar de lama, república sindicalista, mensalão, ameaça bolivariana, a permanente associação do "inimigo" à corrupção sistêmica.. A ordem é manter a tensão a qualquer preço, com qualquer pretexto.

Podem tirar o cavalo da chuva. Da UDN ao PSDB, o grupo é o mesmo e não vai desistir. Baterá no mesmo ponto esperando um momento de fraqueza para, de novo, tentar o golpe.



*Nilson Lage. Jornalista, nascido em 1936. Professor universitário (UFSC e UFRJ) aposentado compulsoriamente em 2006. Doutor em Linguística, com ênfase em semântica.

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PITACO DO ContrapontoPIG 


Nilson Lage conta a história do golpismo no Brasil em poucas linhas .
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Contraponto 15.196 - "Pizzolato: justiça italiana alegou três razões para não extraditá-lo"

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31/10/2014

Pizzolato: justiça italiana alegou três razões para não  extraditá-lo


Tereza Cruvinel - 30/10/2014
 
 
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Tereza CruvinelImprensa brasileira só tem falado em uma.

Foram três as alegações da justiça italiana para negar a extradição de Henrique Pizzolato para o Brasil mas a grande imprensa só tem se referido a uma delas, as péssimas condições dos presídios brasileiros, que apresentariam “risco de o preso receber tratamento degradante”.

 As outras duas têm a ver com as anomalias do julgamento da Ação Penal 470, a do mensalão mas têm sido omitidas.  Os magistrados italianos apontaram também o fato de não ter sido observado, no julgamento de Pizzolato pelo STF (bem como para os demais réus) o direito universal ao duplo grau de jurisdição e a ocorrência de omissão de provas apresentadas pela defesa.

Como qualquer um sabe, não houve duplo grau de jurisdição porque o julgamento foi transferido para o Supremo Tribunal Federal em função do foro especial para os que tinham mandato eletivo.

O tribunal negou o pedido de desmembramento para o julgamento daqueles que, não tendo direito ao chamado foro privilegiado, poderiam ser julgados inicialmente por instâncias inferiores, podendo recorrer depois às superiores, chegando ao próprio Supremo.

Já a referência à omissão de provas da defesa diz respeito a uma das maiores anomalias do julgamento: a não inclusão, nos autos da Ação Penal 470, do inquérito 2474. Nele, a defesa de Pizzolato apresentou provas de que os serviços contratados à agência DNA para divulgação dos cartões Ourocard bandeira Visa foram efetivamente realizados. Os famosos R$ 71 milhões de reais transferidos do fundo Visanet para a agência de Marcos Valério destinavam-se, segundo a acusação (Ministério Público e Joaquim Barbosa) a abastecer o valerioduto e dele serem distribuídos aos chamados “mensaleiros”.

 Pizzolato teria reapresentado à justiça italiana documentos sobre a veiculação de peças publicitárias dos cartões nas grandes emissoras de televisão do Brasil, em grandes revistas nacionais, sobre a realização de campanhas de mobiliário urbano (shoppings, placas de rua, outdoors etc) e até de patrocínios a eventos, entre os quais um encontro de magistrados na Bahia. Como o inquérito 2474 ficou fora do processo principal (e seria preciso saber onde está trancado no STF), tais documentos não foram acessados pelo conjunto dos ministros nem pela defesa de outros réus.

Segundo um advogado que atuou na defesa de outro réu, Pizzolato levou consigo um grande volume de documentos de defesa quando fugiu do Brasil. Vinha se preparando para isso há alguns meses e municiou-se. Eles teriam sido mais determinantes que as condições dos presídios brasileiros para que ele obtivesse a recusa da extradição e a liberdade de que agora desfrutará na Itália, onde tem a segunda cidadania.

Das três alegações da justiça italiana, a imprensa brasileira só tem mencionado uma. Por que será?
Tereza Cruvinel atua no jornalismo político desde 1980, com passagem por diferentes veículos. Entre 1986 e 2007, assinou a coluna “Panorama Político”, no Jornal O Globo, e foi comentarista da Globonews. Implantou a Empresa Brasil de Comunicação - EBC - e seu principal canal público, a TV Brasil, presidindo-a no período de 2007 a 2011. Encerrou o mandato e retornou ao colunismo político no Correio Braziliense (2012-2014). Atualmente, é comentarista da RedeTV e agora colunista associada ao Brasil 247. 

Contraponto 15.195 - "Perdeu, playboy: a nova derrota do neoliberalismo no Brasil"

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31/10/2014

 

Perdeu, playboy: a nova derrota do neoliberalismo no Brasil


 
 
 
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De certo ponto de vista, a eleição presidencial que ora se encerra não trouxe tantas novidades ao panorama político nacional.

De um lado, seguir num rumo já traçado, com ajustes de percurso. Do outro, discurso “mudancista” que não significa, rigorosamente, mudança alguma: remoção do “malfeito”, ampliação do “bem feito” e continuação do “muito bem feito”.

As redes sociais ferveram, mais do que os próprios partidos, confirmando uma tendência das últimas eleições. Nelas se deram alguns importantes enfrentamentos, remetendo em alguma medida ao clássico conflito político entre os mais conservadores, de um lado, flertando abertamente com uma direita raivosa, e os menos conservadores, do outro, abrigando naturalmente os setores progressistas da sociedade.

Não que a política brasileira ainda se dê exatamente nos quadros do populismo de outrora. Mas o que tornou possível a emergência do fenômeno populista encontra-se ainda hoje presente, a saber, uma enorme e abjeta desigualdade social.

Nem mesmo os folclóricos “coxinhas” representaram, rigorosamente, algo inédito. Oligofrênicos por formação e opção, eles já haviam marcado presença nos acontecimentos de 1964, seja cerrando fileiras com a TFP nas famosas marchas, seja despejando sem dó nem piedade em ouvidos alheios as teses do IPES, o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, seja ainda vociferando contra populistas e trabalhistas as diatribes de algum artiguete ou editorial mais fresquinho.

Talvez a maior novidade dessas eleições tenha sido o aparecimento em número impressionante, para seus padrões, de algo com até então pouca tradição e densidade cultural por estas bandas: os jovens neoliberais brasileiros.

Eles inclusive foram às ruas, em um ou outro momento, para fazer coro com os que gritavam palavras de ordem contra a “presidente terrorista”, o “partido que está afundando o Brasil” e os “regimes comunistas de Cuba e Venezuela”.

Mas as ruas não são seu ambiente preferido. É mais fácil encontrá-los nas faculdades (públicas e privadas), nas empresas (normalmente em cargos de gerência, se de pouca sorte, ou de direção, se assim aprouver aos pais ou parentes, quando proprietários) e até em gabinetes de agentes públicos (prefeitos, secretários e governadores).

Sua atuação mais engajada deu-se nas redes sociais. Era comum vê-los “trolando” em blogs e sítios considerados progressistas ou esquerdistas, normalmente com identificações (“fotinhos”) que remetiam a instituições ou teóricos vinculados ao (neo) liberalismo.

Egressos de “cursinhos walita”, repetiram a torto e a direito um jargão econômico próprio das escolas (neo)liberais, convictos de que sua profissão de fé lhes garantia um certificado de cientificidade absoluta. Membros zelosos de um credo que era a grande modinha do século XIX, dispensavam-se de apresentar demonstrações convincentes para seus argumentos, talvez por achá-los por demais evidentes.

Assim como os grandes patriarcas da sua religião haviam feito no passado, se os eventos da vida social revelavam incongruências com a teoria, culpavam a impaciência humana pela não chegada de um futuro radiante; um futuro sempre hipostasiado, vale lembrar, mas seguramente redentor.
O neoliberalismo não é nenhum recém-nascido. Ele surgiu como um movimento teórico, político e ideológico de contestação frontal e radical às sociedades do capitalismo avançado do segundo pós-guerra, marcadas por intervenção estatal na economia, políticas redistributivas e alguma harmonização das relações entre classes, tudo isso num contexto maior de crescimento econômico e redução das desigualdades sociais. O Estado do Bem-estar Social é a expressão máxima desse período, os “anos dourados” do capitalismo (1945-1973).

Seu “manifesto de lançamento” é a obra “O Caminho da Servidão”, de Friedrich Hayek, publicado na Inglaterra, em 1944. Hayek era austríaco de nascimento e migrou para a Inglaterra, em 1931, aceitando o convite que lhe fora feito por Lionel Robins para lecionar na London School of Economics e, desse modo, fortalecer as barreiras liberais contra as investidas das teorias mais favoráveis à intervenção do Estado na economia.

A Grande Depressão mostrava então todo seu horror e o tiro de misericórdia na teoria econômica liberal viria pouco depois, com o surgimento e rápida ascensão do keynesianismo. De fato, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de John Maynard Keynes, publicada em 1936, oferecia respostas muito mais críveis e passíveis de aplicação relativamente aos graves problemas econômicos e sociais da época.
 
Hayek teve a perseverança típica dos que acatam uma derrota sem, contudo, aceitá-la como eterna. Incapaz de vencer Keynes em campo aberto do “capitalismo organizado” e de um Welfare State já em formação, tratou de organizar uma aguerrida resistência. Convocou, em 1947, para a estação suíça de Mont Pèlerin, sob generosos patrocínios de empresários abastados, um encontro de notáveis intelectuais de ambos os lados do Atlântico, todos inimigos declarados do Estado social europeu e do New Deal norte- americano.

Além do próprio anfitrião, estiveram lá homens como Karl Popper (notabilizado por seus vitupérios contra Hegel em “A Sociedade Aberta e seus Inimigos”), Milton Friedman (que viria a se tornar bastante conhecido não só dos norte-americanos, com seu “Capitalismo e Liberdade”, como também dos latino-americanos, pela formação de sucessivas levas de economistas, os chamados Chicago boys) e ninguém menos que Ludwig von Mises, antigo mentor do próprio Hayek e provavelmente o mais duro e intransigente liberal do século XX.

Desse encontro resultaria a criação da Sociedade de Mont Pèlerin, espécie de seita neoliberal altamente organizada e ramificada, com a missão de promover o combate sem tréguas ao intervencionismo, às políticas sociais e ao próprio caráter “organizado” do capitalismo. Se os socialistas já contavam há décadas com algumas internacionais, nascia naquele momento a Internacional Liberal. Hayek foi escolhido pelos seus pares como seu primeiro presidente, e “reinou” absoluto entre 1947 e 1961.

Hayek
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Sob sua batuta, a organização recém-criada dedicar-se-ia sistematicamente a promover encontros periódicos e, sobretudo, exercer influência sobre governos, burocratas, intelectuais em geral e a própria opinião pública.

Mais do que isso, a Sociedade de Mont Pèlerin viria a servir de “espelho” para diversos think tanks com a mesma matriz ideológica, criados em profusão a partir dos anos 1950, sobretudo no eixo anglo-saxônico do capitalismo. Por ironia, e não sem contradição, esse movimento de resistência neoliberal confirmaria, por analogia, uma máxima de Karl Polanyi em sua obra “A Grande Transformação”: enquanto o keynesianismo e o intervencionismo foram medidas práticas, adotadas pelos governos para conter a Grande Crise e retirar a economia e a sociedade da prostração, o neoliberalismo foi organizado e planejado.

A desregulamentação das economias e a consequente libertação do grande capital financeiro das amarras estatais, a partir dos anos 1970, minaram a continuidade virtuosa das políticas keynesianas e redistributivas. Posteriormente, o fim da Guerra Fria, com a dissolução do bloco soviético, concedeu ao neoliberalismo um caráter triunfalista e a chance de uma expansão inaudita.

Nesse contexto totalmente reformulado, o keynesianismo, a social-democracia clássica e o próprio Welfare State não foram páreos para os gurus neoliberais, Hayek à frente, seguido de Friedman.
Em seu “Institutos Liberais e Neoliberalismo no Brasil da Nova República”, Denise Gros descreve e analisa a teia de ligações entre os diversos think tanks liberais espalhados pelo mundo, bem como seus vínculos estreitos com grandes corporações e fundações privadas, não por acaso pródigas nas suas doações a esses organismos.

No Brasil, ao desembarque dessas instituições seguiu-se imediatamente a escolha da matriz (neo)liberal específica como eixo estruturante de ações, feita por seus mantenedores. O fato de que tal escolha tenha recaído sobre a chamada Escola Austríaca de Economia, reconhecidamente intransigente e avessa a qualquer igualdade produzida por intervenção estatal, por menor que fosse, é reveladora da natureza da direita empresarial nacional.

Reacionários como Mises, um dos grandes nomes dessa mesma escola e notabilizado por sua saudação ao fascismo europeu nos anos 1920, tiveram, enfim, seu momento de acolhida em terras tropicais.

Um debate entre o político Ciro Gomes e Rodrigo Constantino, um nome conhecido dos “cursinhos walita” neoliberais, já dava mostras do que a sociedade brasileira deveria aguardar. Acossado pelo ex-ministro sobre a existência factual de cartéis, oligopólios e mesmo monopólios que distorcem a “racionalidade” do sacrossanto mercado, o anedótico neoliberal saiu-se à la Mises: arguiu a célebre “soberania do consumidor”.

Teoria pobre, miserável intérprete. De todo modo, o recurso a Mises, desajustado spenceriano vivendo em pleno século XX, fornecia preciosa chave: o neoliberalismo tupiniquim já não se processava tão somente em cultos de determinadas “seitas”; aparecia publicamente, desavergonhado.
No fundo, no fundo, o neoliberalismo parece despertar ambiguidades, mesmo em seus oponentes. Ao mesmo tempo em que deve ser levado muito a sério, especialmente por suas deletérias consequências para as sociedades que, inadvertidamente ou não, o adotam, não deixa de ser risível enquanto pretenso campo do conhecimento.

A taxativa sentença “não há alternativa”, proferida pela confessadamente hayekiana Margaret Thatcher, contém um misto de cinismo e totalitarismo. Cinismo por razões óbvias, uma vez que é negada por todos os meios às classes subordinadas a chance de organizarem-se para resistir à investida neoliberal.

E totalitarismo porque, uma vez implantado o neoliberalismo, há uma tendência implacável para que toda e qualquer dimensão da vida social seja capturada por sua lógica estritamente mercantil. Espécie de versão tragicômica da atualidade mundial, o liberalismo revisitado das últimas décadas é o espírito deste tempo, a ideologia por excelência da acumulação capitalista mais brutal, geradora de imenso rastro de iniquidades sociais

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  . Doutorando em Ciências Sociais pela UFBA.
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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Contraponto 15.194 - "As versões dos fatos pela mídia tradicional antes e depois das eleições"

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30/10/2014 

 

As versões dos fatos pela mídia tradicional antes e depois das eleições


Muda Mais -  30/10/2014


Quanto tempo dura uma mentira? Para alguns setores da mídia tradicional, dura até o dia da eleição. Depois de confundirem os leitores por meses, passam a desmentir suas próprias versões dos fatos. Apenas quatro dias depois da eleição, já temos uma média de uma retratação por dia.

O Instituto Veritá surgiu nesta campanha, no segundo turno, sem nenhuma tradição nacional em divulgação de pesquisas de intenção de voto. Totalmente fora da curva dos demais institutos, como Vox Populi, DataFolha e Ibope, indicava o candidato do PSDB, Aécio Neves, quase dez pontos percentuais à frente de Dilma Rousseff. Sem questionar o surgimento e a credibilidade de tal instituto, a mídia tradicional simplesmente repercutiu os dados (link is external). Nesta quinta-feira (30), a Folha de S. Paulo denuncia as práticas enganosas usadas pela campanha do candidato Aécio Neves, que manipulou os resultados de uma das pesquisas do Instituto Veritá. Curioso a manipulação ter sido apurada e publicada somente agora.

Antes da eleição, também foi comprada fácil a tese de que o irmão de Dilma teria sido funcionário fantasma na prefeitura de Belo Horizonte. Aécio falou, virou manchete (link is external). Depois de encerrada a eleição, ocorreu aos jornalistas checarem a informação. E, supresa: descobriram que Igor é um ex-hippie que tem  um fusca e vive no interior de Minas Gerais. Foi funcionário exemplar e nunca se beneficiou do fato de a irmã ser presidenta da República.

O barulho nas vésperas da eleição foi feito pela revista Veja (link is external), que divulgou uma capa tão questionável que garantiu à coligação de Dilma  direito de resposta (link is external) concedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mesmo assim, os veículos da mídia tradicional repercutiram com destaque a matéria caluniosa e sem comprovação da Veja. Apenas passada a eleição, o jornal Valor Econômico (link is external) publicou matéria que desmente a informação que virou planfeto na mão dos simpatizantes de Aécio no domingo do pleito. O advogado do doleiro Youssef, que teria afirmado que Lula e Dilma tinham conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras, afirma agora que o depoimento usado como base para a matéria nunca existiu.

Também se tentou vender a ideia de que o Bolsa Família é um programa eleitoreiro (link is external) e que os votos de Dilma vêm dos eleitores mais pobres (link is external), como se isso desqualificasse a presidenta. Nesta quinta-feira (30), dentro do que poderíamos chamar de semana da verdade, a versão se apresenta falha. Após a análise dos resultados, a coluna de Mônica Bergamo (link is external), na Folha de S. Paulo, afirma que: “A vitória de Dilma em áreas ricas de Minas Gerais contraria a tese de que só pobres votam no PT”. No site do jornal O Globo (link is external), descobrimos ainda que considerando o ganho de votos de Dilma entre o primeiro e o segundo turno e a sua relação com o Bolsa Família, “não houve qualquer associação”.

Não podemos esquecer da mudança de tom dos jornalistas William Bonner e Patrícia Poeta, no Jornal Nacional, ao entrevistar a candidata Dilma Rousseff e depois ao entrevistar a presidenta reeleita, no dia seguinte à eleição, quando foram bem mais polidos, sem a prática de interromper a entrevistada a cada 30 segundos. Essas mudanças não deveriam ser naturais para veículos de comunicação que se dizem isentos e se propõem a informar os cidadãos. Afinal, eles acabam por manipular pessoas, não informar.

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Contraponto 15.193 - "Vitória do PT, derrota da imprensa, marco regulatório e povo no poder"


  Brasil 247 -
Partido dos Trabalhadores ressuscitou. No decorrer dos quatro anos de Governo Dilma Rousseff, o PT foi transformado em carne moída, a alimentar o moedor da imprensa de negócios privados e a ser alvo constante de acusações provenientes do Congresso Nacional, por intermédio das lideranças do PSDB, do DEM, do PPS e até de alguns partidos de esquerda, que fizeram o jogo da direita, a exemplo do PSOL e, posteriormente, o próprio PSB, que abandonou a coligação de 25 anos para concorrer ao cargo de presidente da República com a candidatura de Eduardo Campos, morto em acidente de avião em Santos (SP) e substituído por sua vice, a ex-ministra do Meio Ambiente do Governo Lula, Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, partido que ainda não conseguiu se regularizar no TSE.

O partido mais importante do Brasil virou um saco de pancadas, inclusive de setores do Ministério Público, do Judiciário, bem como da Polícia Federal, especificamente ao que tange às alas tucanas e conservadoras dessas instituições, que, nos governos de Lula e Dilma, nunca sofreram interferências indevidas por parte do Executivo, além de receberem todo o apoio material, estrutural e de pessoal dos governantes trabalhistas, que no poder sempre demonstraram perfis de republicanos, e, com efeito, abriram as portas dos palácios para os movimentos sociais e populares.

Contudo, o PT, que incorreu em muitos erros e equívocos, afinal um partido é composto por homens e mulheres, passou a sofrer uma campanha negativa, sem trégua e água, por parte dos magnatas bilionários de imprensa e seus empregados como nunca se viu antes neste País. Nem mesmo os históricos presidentes trabalhistas Getúlio Vargas e João Goulart, a respeito do "mar de lama" do direitista Carlos Lacerda, conhecido também como o "Corvo", enfrentaram uma mídia tão poderosa e diversificada, como ocorreu com os petistas Lula e Dilma Rousseff.

Milhares de manchetes escandalosas, notícias depreciativas e repercussões de acusações e denúncias de corrupção, muitas delas vazias, pois sem provas e contraprovas, desaguaram nas portas do Palácio do Planalto como se fossem uma sequência de tsunamis, porque o propósito da máquina midiática comercial e privada e de seus cúmplices — as lideranças de direita na Câmara e no Senado —, bem como procuradores-gerais e juízes, a exemplo de Roberto Gurgel, Marco Aurélio de Mello, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, dentre muitos outros, era, e ainda continua a sê-lo, a busca sistemática pela criminalização do PT, do Governo Trabalhista, de suas lideranças históricas e, evidentemente, efetivar o desgaste político de Lula e Dilma, dois presidentes populares de grande força ideológica e eleitoral.

O PT, acossado pelo bombardeio midiático e de setores poderosos do próprio Estado nacional, enfim, passou a reagir, até porque antes tarde do que nunca. Sua campanha e propaganda eleitorais deste ano significaram a ressurreição da agremiação de esquerda, que, porém, demorou de mais para se soerguer e se contrapor, com força, às acusações infundadas, porque as que foram comprovadas a Polícia Federal, nos governos trabalhistas, encarregou-se de investigar e prender, quando necessário, os corruptos e os corruptores do dinheiro público.

O sucesso das ações da PF foi confirmado, indubitavelmente, por intermédio dos altos índices e números de investigações, operações, repressões e prisões, no que concerne ao combate à corrupção e outros crimes combatidos pelas administrações petistas, que, apesar das falhas humanas, não varreram a sujeira para debaixo do tapete, como ocorreu nos governos tucanos de FHC, cujo procurador-geral da República foi apelidado de engavetador-geral. Sem comentários...

Contudo, a derrota do PSDB e de partidos traidores das causas populares, como o PSB, e de políticos cooptados pelo sistema de capitais, a exemplo de Marina Silva, não pertence somente aos tucanos.

Destaco que a Sonhática escancarou, definitivamente, as portas da direita partidária, do empresariado mais reacionário, do porte dos banqueiros, e do conservadorismo político e ideológico para ela entrar ao apoiar o candidato de direita, o tucano Aécio Neves. Marina está agora em seu devido lugar, e sua opção não tem volta. Marina é o Roberto Freire de saia. Sua escolha no segundo turno foi soberana, direito de cidadã livre, mas escolha grave, porque ela enterrou, sem qualquer apelação, seu passado de lutas populares. Ponto!

Os magnatas bilionários de imprensa e de todas as mídias cruzadas e seus capatazes perderam. São os principais derrotados dessas eleições. Uma derrota acachapante e retumbante, porque eles agem como se fossem sombras, como seres das penumbras ou dos lodos. Todavia, tais barões são covardes, porque brigam e lutam contra um partido político que não tem acesso aos meios de comunicação privados, que se transformaram em um partido político de direita e de extrema direita, sem, no entanto, serem legalizados para agirem dessa forma, em uma parcialidade que remonta a imprensa dos regimes ditatoriais em qualquer era ou época da história da humanidade.

Mais do que o PSDB e seus coligados, mais do que certos setores do MP, da PGR, do STF e de outros tribunais superiores, a imprensa corporativa e historicamente golpista é a maior derrotada. A imprensa das mentiras e das meias verdades, a imprensa da manipulação e dos escândalos de caracteres marqueteiros, das denúncias e das acusações não comprovadas — vazias. A imprensa de direita e ponta de lança dos interesses dos grandes trustes internacionais e aliada dos governos estrangeiros de países de DNA colonialista e imperialista. A imprensa hedonista e arrivista: a protagonista da derrota. Alvo de um nocaute emblemático, cujo ringue é a eleição presidencial de 2014.

Por isso se torna urgente a efetivação do marco regulatório para os meios de comunicação, que é constitucional. Além da reforma política, que vai proibir o financiamento privado de campanhas e, consequentemente, diminuir a corrupção, o marco regulatório não deixa também de ser uma reforma, apesar de sê-lo uma ferramenta de regulação e regulamentação de um setor econômico, que se considera acima da lei e dos interesses legítimos do povo brasileiro. Todo mundo sabe que os magnatas bilionários das mídias cruzadas vão berrar, chorar, mentir, dissimular e manipular essa questão tão cara ao Brasil e seu povo.

Entretanto, não há mais como o governo empurrar com a barriga a construção de um País mais justo, igualitário e democrático no que é relativo a esse setor econômico, que luta para não ser inserido no contexto social, a se submeter às leis e a responder por seus erros e acertos, e, quando cometer crimes, ser punido, como ocorre com outros segmentos da sociedade tementes à Lei.

O PT e o Governo Trabalhista devem a regulação das mídias — a Lei dos Meios ao Brasil. Ponto!

Salutar também, pois, com efeito, é a presidenta Dilma Rousseff não se "esquecer" do marco, porque não seria justo, à sociedade brasileira como um todo e aos militantes da democracia e das causas populares, que deram seus tempos e suas coragens para enfrentar o poderoso sistema midiático empresarial, além dos seus áulicos da perversidade e da iniquidade esparramados em todos segmentos da vida brasileira.

A vitória pertence ao PT, ao PCdoB, aos seus aliados políticos e eleitores do Brasil de almas democráticas e humanistas. A vitória também pertence aos combatentes e generosos blogueiros progressistas, que, aos milhares, realizaram contrapontos às versões de notícias e manchetes inúmeras vezes manipuladas pela imprensa empresarial e familiar, que foi desmentida prontamente quando necessário. Se não fosse a internet e o protagonismo dos blogs e sites "sujos", acredito que o candidato da direita, o tucano Aécio Neves, sairia das eleições como vencedor. A imprensa burguesa não fala mais sozinha. A vitória do PT e de Dilma retrata, sobretudo, a grandeza e o humanismo do povo brasileiro. O povo no poder! É isso aí.
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Contraponto 15.192 - "Marcelo Salles: O Brasil é maior que a Globo (ou “o povo derrotou o golpe midiático”)

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30/10/2014

 

Marcelo Salles: O Brasil é maior que a Globo (ou “o povo derrotou o golpe midiático”)


Do Viomundo - publicado em 30 de outubro de 2014 às 13:37


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O Brasil é maior que a Globo (ou “o povo derrotou o golpe midiático”)

Por Marcelo Salles (*)

Essas eleições entram para a História do Brasil como o momento mais nítido em que as corporações de mídia tentaram impor sua vontade ao povo. (Os destaques em verde negritado são do ContrapontoPIG) Mais do que em 1989, com a famosa edição do debate entre Lula e Collor. Mais do que em 2006, quando o foco do debate foi deslocado para pilhas de dinheiro expostas ad nauseam.

Em 2014 apostaram todas as fichas, e a contrário de outras vezes não o fizeram veladamente.

Assumiram seu papel de partido político de oposição, conforme conclamou Judith Brito, diretora-superintendente do Grupo Folha, vice-presidente da ANJ e colaboradora do Instituto Millenium.
Faltando 11 dias para o segundo turno do pleito, os institutos de pesquisa davam empate técnico entre os dois candidatos – Aécio Neves à frente 2 pontos, dentro da margem de erro.

Como resposta, a militância de esquerda foi às ruas, os movimentos sociais organizados reforçaram sua participação na campanha e a candidata à reeleição partiu para o enfrentamento nos debates. O mote era um só: comparar os governos tucanos e petistas, o que garantiu vantagem a Lula e Dilma em praticamente todos os setores. Se o oponente baixava o nível, a resposta vinha à altura.

Nos oito dias seguintes, Datafolha e Ibope registraram crescimento de Dilma. No primeiro, de 49% para 53%; no Ibope, de 49% para 54%. Enquanto isso, Aécio caiu de 51% para 46% (Ibope) e 51% a 47% (Datafolha). Dilma encerrou a campanha com vantagem de 6 a 8 pontos de vantagem, cenário praticamente impossível de ser invertido em 48 horas.

Aí surgiu a capa da revista Veja na sexta-feira, antevéspera do pleito, acusando, sem provas, Lula e Dilma de terem conhecimento de desvios na Petrobrás. De sexta até domingo a Veja atingiria algo entre 500 mil e 1 milhão de pessoas. A maioria das quais, no entanto, já tinham o voto decidido para Aécio. A capa da veja, por si só, merecia o repúdio na medida em que foi dado pela campanha do PT. A própria presidenta Dilma usou parte do tempo de propaganda eleitoral para denunciar a manobra da revista.

No entanto, foi o Jornal Nacional do sábado, véspera da eleição, o grande responsável pela interferência na vontade popular. No primeiro bloco, Dilma recebeu 5 minutos, com destaque no suposto medo de avião e nos problemas com a voz. Enquanto Aécio teve direito a 5’55’’ a apresentá-lo como alguém incansável, que trabalha durante o voo e aparece com a esposa e os filhos no colo (“um cara família”). Em outro trecho, as imagens saltadas em repetição durante comícios, com a bandeira do Brasil nas costas, revelam, como num filme de ação, um homem destemido que estaria preparado para conduzir o destino da Nação.

Logo no início do segundo bloco, o JN exibiu extensa reportagem sobre a capa da Veja. Aí, o que era de conhecimento de até 1 milhão de pessoas que já votariam Aécio, alcançou 30-40 milhões de pessoas, entre os quais um sem número de indecisos. Isto na véspera do pleito, sem que houvesse tempo para se organizar a estratégia de enfrentamento desse verdadeiro crime midiático. Como resultado, a vantagem de 6-8 pontos de Dilma caiu drasticamente, e quando terminou a apuração as urnas sacramentaram 51,5% x 48,5%.

O povo derrotou o golpe midiático e deu a vitória a Dilma. Agora o povo quer a democratização dos meios de comunicação, tarefa prioritária para o próximo governo. Até porque duvido muito que as forças progressistas vençam em 2018 se continuarem perdendo a batalha da comunicação.

(*) Marcelo Salles é jornalista.

Leia também:
Advogado nega depoimento de doleiro


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PITACO DO ContrapontoPIG


O rebanho globovino não percebe e não aceita que tenha havido uma tentativa de golpe midiático.

Lei de Meio, já. 

Ou o enfrentamento. O ponto vulnerável do PIG é o bolso, que permanece cheio com a publicidade governamental paga pelo povo.

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Contraponto 15.191 - " Sem internet, Aécio venceria eleição "

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30/10/2014


"Sem internet, Aécio venceria eleição"

 

Do Blog do Miro - quinta-feira, 30 de outubro de 2014

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Por Renato Brandão, na Rede Brasil Atual:
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Carro-chefe da editora Abril, a revista Veja lançada na última sexta-feira (24) divulgou como matéria de capa uma acusação de que a presidenta reeleita Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT, tinham conhecimento de um esquema de corrupção na Petrobras. Sem apresentar qualquer prova, o conteúdo da reportagem era baseado em suposto depoimento do doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal, que foi desmentido por seu advogado logo após a publicação.

Considerada a última “bala de prata” da oposição para tentar impedir uma nova vitória petista sobre os tucanos, a reportagem foi contestada duramente pela presidenta durante seu último programa eleitoral na TV na mesma sexta-feira. Ainda naquele dia, a Justiça considerou a publicidade da revista como “propaganda eleitoral” e também concedeu direito de resposta ao PT no site da revista.

Ainda assim, o estrago já estava feito. A campanha e simpatizantes do PSDB distribuíram panfletos com a capa impressa da revista da Abril em várias cidades do Brasil. Já na madrugada de sábado (25) para domingo (26), circulavam boatos de que Alberto Youssef havia sido envenenado, algo que teve de ser desmentido com rapidez pela Polícia Federal.

“Essa operação da Veja mostra que ela não é um órgão de comunicação, o que ela mostrou claramente é que ela é uma sala do comitê político do PSDB no Brasil. A revista operou de maneira a desinformar. Ela desinformou”, disse o sociólogo Sérgio Amadeu, doutor em Ciência Política pela USP. Comparando o caso à ação midiática que ajudou a decidir o pleito presidencial de 1989, com a eleição de Fernando Collor de Mello, Amadeu acredita que o plano da editora Abril só não se concretizou nas urnas pela existência da internet. “Existe hoje a internet, que não tinha naquela época. Então, se não houvesse a internet, certamente o candidato Aécio Neves tinha ganho a eleição.”  (Os destaques em verde negritado são do ContrapontoPIG

Para o cientista político, as redes sociais apontaram um acirramento muito grande e deixaram claro que “a linha política e o conteúdo discursivo das forças comandadas pelo PSDB” é baseada na “estratégia do cinismo”. Amadeu também defendeu uma reforma política para se alcançar uma legislação mais democrática dos meios de comunicação.

Qual foi a influência da capa da revista Veja às vésperas do segundo turno presidencial entre Dilma e Aécio?

A capa da Veja foi feita justamente para influenciar o resultado eleitoral. Ela normalmente está nas bancas no sábado, mas saiu na sexta-feira. E era uma capa para, inclusive, ser impressa, tanto é que a campanha do candidato Aécio Neves (PSDB) imprimiu essa capa justamente para manter aquele clima que eles criaram no Brasil de demonização do outro. O grupo Abril, em particular a revista Veja, já há muito tempo é organização que defende interesses econômicos a partir da gestão da política. Não há como dizer agora o quanto impactou, mas eles influíram claramente na votação de domingo, porque o Aécio conseguiu, a partir desse tipo de ação, crescer e encostar na candidata Dilma Rousseff no segundo turno das eleições.

Como o sr. avalia o papel da internet nessas eleições?

Uma coisa que chama atenção nesse processo é que essa operação já tinha sido feito nas eleições de 1989, com sucesso, mas não teve desta vez. E por quê? Porque desta vez – além das pessoas já conhecerem a manobra de grupos de comunicação misturadas à elite política econômica no caso da vitória do Collor – também existe hoje a internet, que não tinha naquela época. Então, se não houvesse a internet, certamente, o candidato Aécio Neves tinha ganho a eleição, porque era o candidato preferido pelos grupos econômicos, pelos banqueiros, pelo mercado de capitais. Inclusive oscilava a Bolsa e, se você for ver, é muito curioso, quando as pesquisas davam a Dilma crescendo, a Bolsa caía, o que mostra o humor desses especuladores financeiros. A internet foi decisiva para a garantia de um debate que não existiria se fossem apenas os meios de comunicação de massa atuando nessas eleições. Isso é bastante nítido no processo eleitoral que ocorreu em 2014.

E as redes sociais?

As redes sociais, em particular, tiveram um papel grande e mostraram, na verdade, um acirramento muito grande. Deixou claro, e é importante que tudo fica registrado, qual é a linha política e o conteúdo discursivo das forças comandadas pelo PSDB, que é baseada em preconceito, em mentira e numa estratégia que podemos chamar de “estratégia do cinismo”. Eles chegam a afirmar que nenhum corrupto ligado ao PSDB está preso ou foi julgado por incompetência do PT, o que é uma coisa completamente cínica. Esse tipo de ação, as pessoas não têm clareza de como vão lidar com isso. Agora, minha opinião é bastante clara: é preciso mostrar concretamente o que é o PSDB do ponto de vista da corrupção. É inaceitável que a bandeira da corrupção seja tomada por forças da corrupção. É inaceitável.

Não tenho nenhuma dúvida do aparelhamento que (governador de São Paulo) Geraldo Alckmin faz na Sabesp. Isso ficou nítido nas gravações mostrando que eles são capazes de ganhar a eleição, inclusive se for para deixar uma cidade em situação de calamidade. Nós temos que mostrar que eles são uma junção de descompromisso com a democracia, de má gestão de recursos públicos e de corrupção em larga escala, como foi feito em São Paulo. Réus confessos entregaram as provas e o Ministério Público não faz nada. Então, temos que ir para cima disso.

Temos que ir para cima do crime eleitoral cometido pela revista Veja, temos que exigir o julgamento do mensalão mineiro antes que ele prescreva e temos que mostrar toda a ligação que o PSDB tem com crime, com práticas absurdas. Não podemos aceitar. E não vai ser falando “pessoal, o clima de ódio é ruim”. Não. O clima de ódio só vai ser reduzido com argumentos verdadeiros e racionais. Não é pedindo paz e amor, não, mas colocando claramente para as pessoas, insistentemente, as falácias do discurso que eles reproduzem para o Brasil. A gente tem que ser muito claro com isso, porque disso depende a democracia, né?

O sr. acredita que o novo governo possa mudar artigos que dizem respeito à comunicação?

Eu acho que um dos principais pontos da reforma política para o Brasil é a reforma da comunicação. Essa operação da Veja mostra que ela não é um órgão de comunicação, o que ela mostrou claramente é que é uma sala do comitê político do PSDB no Brasil. A revista operou de maneira a desinformar. Ela desinformou. Ela já havia feito isso se ligando a um criminoso chamado Carlos Cachoeira e não aconteceu nada. O cara continua lá na sucursal de Brasília, não foi preso, não foi condenado. Nós precisamos mexer nessas estruturas de concentração econômica de poder, fazer uma reforma da comunicação, uma lei de meios, como a da Argentina. E nós precisamos também de uma reforma política que retire o poder do capital, que retire o financiamento privado de campanha, mas que permita também à gente avançar em questões cruciais da sociedade brasileira. Com uma Constituinte que não possa ser com estes deputados, que tenha que ser exclusiva. O deputado que quiser fazer essa Constituinte só poderá se candidatar para isso, para discutir as ideias e o futuro do país, e não para vir com esquemas que a gente sabe que eles articulam, de grandes corporações, de forças que bancam campanhas milionárias. Precisamos de uma reforma política com uma Constituinte exclusiva e, nesse contexto, uma reforma das comunicações.

Por que os partidos têm tido certa dificuldade em atingir os jovens na internet?

A internet não é contraposta aos partidos, mas é que a velocidade das comunicações e as relações intensas que existem na internet geram muitas dificuldades para os partidos, principalmente para legendas partidárias que são estruturas mais orgânicas. Por exemplo, o PSDB adotou e atuou como estratégia na internet, e não é de agora, de desconstruir seus opositores, no caso o governo federal e o PT.

E os tucanos fazem isso destilando preconceitos e coisas absurdas. Se for ver o que dizem dos nordestinos, dos gays e das opções políticas das pessoas, beira ao fascismo. Agora temos que ver o que os partidos que são propostas democráticas e de esquerda podem refazer utilizando a internet, mas é muito difícil fazer política só pelas estruturas partidárias. Hoje, está muito claro que não é só o partido o elemento que faz política. Há outras formas de se fazer política, inclusive com conexões, grupos e coletivos de ativistas na internet.
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Contraponto 15.190 - "Reino Unido aprova regulação da mídia!"

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30/10/2014

   

Reino Unido aprova regulação da mídia!

      

Cafezinho  -  postado em 30/10/2014



Por Miguel do Rosário

A pátria da liberdade da imprensa, o Reino Unido, mostrou ao Brasil e ao mundo que regular a mídia não é censura. É uma maneira de garantir a continuidade da própria liberdade.

Sem regulação, a imprensa e a mídia tendem a serem controladas por monopólios, golpistas e criminosos da informação, como aconteceu no Reino Unido, onde jornalistas e editores subornavam policiais para que espionassem cidadãos ingleses.

Aqui, a atividade criminosa da imprensa é rotina. A Veja usava Cachoeira, bandidão de Goiás, e Cachoeira usava a Veja.

E acabamos de testemunhar como Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, criminosos presos pela Polícia Federal, também entraram num jogo armado com a imprensa de oposição.

Não haverá editoriais contra o que agora já está claro que foi um crime: a “retificação” do depoimento de Alberto Youssef, para incluir os nomes de Lula e Dilma?

Não, não haverá, porque a imprensa brasileira é criminosa orgulhosa de seus crimes. Merval Pereira, por exemplo, fala na delação premiada como se nunca tivesse acontecido nada de errado.

E a notícia publicada ontem, discretamente, sobre a suspeita da PF de que tenha havido “armação” entre o advogado de Youssef e a Veja, não repercutiu. Como assim? O caso mobilizou o país, quase mudou os rumos da eleição, e a imprensa não quer saber?

Se não tem condições de fazer uma regulação da mídia imediata, o governo brasileiro tem de adotar iniciativas políticas imediatas que permitam, ao menos, a oxigenação do debate político.

É isso, ou terá dificuldades de governar.

É uma condição de sua própria sobrevivência.

Sobrevivência do governo e do próprio processo democrático.

*

No Jornal GGN.

Regulação da mídia é aprovada no Reino Unido

QUI, 30/10/2014 – 09:57
ATUALIZADO EM 30/10/2014 – 10:01

Jornal GGN – A rainha Elizabeth II sancionou ontem um sistema de regulação da mídia do Reino Unido, que vai submeter revistas e jornais britânicos a um órgão de fiscalização do governo que pretende coibir abusos. A discussão entrou em pauta depois que repórteres do jornal “News of the World” e de outros meios de comunicação tiveram acesso ilegal a ligações telefônicas de celebridades, políticos e vítimas de crimes. Os jornais ameaçam boicotar a medida. Vítimas de abusos da imprensa apoiam a solução. “A imprensa deveria aproveitar para mostrar que não teme ser submetida a padrões éticos decentes, e que tem orgulho de agir com responsabilidade com as pessoas para quem e sobre quem escrevem”.

Reino Unido aprova regulação da mídia

Do O Globo

Jornais não conseguem barrar medida em resposta a escândalo sobre escutas

Rebekah Brooks chega ao tribunal em Londres – Kirsty Wigglesworth / AP

LONDRES – Depois de países como Equador e Venezuela lançarem este ano medidas de controle da imprensa, foi a vez de o Reino Unido unir-se à polêmica. Dois dias após o premier David Cameron ameaçar censurar o “Guardian” pela publicação de documentos sigilosos sobre a espionagem no país, a rainha Elizabeth II sancionou nesta quarta-feira um sistema de regulação da mídia, que foi amplamente criticado por jornalistas locais. A iniciativa, apoiada pelos três principais partidos políticos britânicos, vem na esteira do escândalo de escutas telefônicas por jornalistas, e depois de os meios de comunicação verem seus esforços contra o controle rejeitados na Justiça.

A novidade deve sujeitar revistas e jornais britânicos a um órgão de fiscalização do governo com a função de coibir os abusos descobertos com o escândalo dos grampos – que revelou que repórteres do jornal “News of the World”, do magnata Rupert Murdoch, e de outros meios de comunicação, tiveram acesso ilegal a ligações telefônicas de celebridades, políticos e vítimas de crimes. Também torna mais fácil para as pessoas que se sintam atacadas pela imprensa terem suas queixas ouvidas, além de permitir ao órgão federal cobrar multas aos meios de comunicação.

“(A medida) vai proteger a liberdade de imprensa ao oferecer reparação quando erros forem cometidos”, defendeu o Ministério da Cultura, em comunicado.

Jornalistas locais argumentam que o órgão federal poderia ser usado por políticos para punir publicações das quais não gostam. Eles também reclamam que propostas sugeridas por eles foram ignoradas.

Ex-editores supervisionariam grampo

A guerra, porém, ainda não acabou. Várias publicações já ameaçaram boicotar o novo órgão. Outras consideram levar o tema ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Os meios de comunicação não são obrigados a se inscrever no novo marco regulatório, mas não está claro, até agora, como o impasse será resolvido.

- As chances de nos unirmos à interferência estatal é nula – disse Tony Gallagher, editor do jornal “Daily Telegraph”.

Já o grupo “Hacked Off”, que reúne pessoas que se sentiram atacadas pela mídia, elogiou a medida. “A imprensa deveria aproveitar para mostrar que não teme ser submetida a padrões éticos decentes, e que tem orgulho de agir com responsabilidade com as pessoas para quem e sobre quem escrevem”, disse num comunicado.

No mesmo dia, dois jornalistas foram acusados em Londres de supervisionar grampos telefônicos. Segundo a promotoria, Rebekah Brooks, ex-braço direito de Murdoch, e Andy Coulson, ex-chefe de imprensa do premier britânico, teriam supervisionado um sistema de escutas e de pagamentos ilegais a funcionários públicos quando eram chefes do “News of the World”. Ambos negam as acusações.

Ainda ontem, outros três jornalistas do extinto tabloide declararam-se culpados das denúncias relacionadas às escutas, nas primeiras confissões desde o início da investigação, em 2011.
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Reino Unido aprova regulação da mídia!

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A pátria da liberdade da imprensa, o Reino Unido, mostrou ao Brasil e ao mundo que regular a mídia não é censura. É uma maneira de garantir a continuidade da própria liberdade.
Sem regulação, a imprensa e a mídia tendem a serem controladas por monopólios, golpistas e criminosos da informação, como aconteceu no Reino Unido, onde jornalistas e editores subornavam policiais para que espionassem cidadãos ingleses.
Aqui, a atividade criminosa da imprensa é rotina. A Veja usava Cachoeira, bandidão de Goiás, e Cachoeira usava a Veja.
E acabamos de testemunhar como Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, criminosos presos pela Polícia Federal, também entraram num jogo armado com a imprensa de oposição.
Não haverá editoriais contra o que agora já está claro que foi um crime: a “retificação” do depoimento de Alberto Youssef, para incluir os nomes de Lula e Dilma?
Não, não haverá, porque a imprensa brasileira é criminosa orgulhosa de seus crimes. Merval Pereira, por exemplo, fala na delação premiada como se nunca tivesse acontecido nada de errado.
E a notícia publicada ontem, discretamente, sobre a suspeita da PF de que tenha havido “armação” entre o advogado de Youssef e a Veja, não repercutiu. Como assim? O caso mobilizou o país, quase mudou os rumos da eleição, e a imprensa não quer saber?
Se não tem condições de fazer uma regulação da mídia imediata, o governo brasileiro tem de adotar iniciativas políticas imediatas que permitam, ao menos, a oxigenação do debate político.
É isso, ou terá dificuldades de governar.
É uma condição de sua própria sobrevivência.
Sobrevivência do governo e do próprio processo democrático.
*
No Jornal GGN.
Regulação da mídia é aprovada no Reino Unido
QUI, 30/10/2014 – 09:57
ATUALIZADO EM 30/10/2014 – 10:01
Jornal GGN – A rainha Elizabeth II sancionou ontem um sistema de regulação da mídia do Reino Unido, que vai submeter revistas e jornais britânicos a um órgão de fiscalização do governo que pretende coibir abusos. A discussão entrou em pauta depois que repórteres do jornal “News of the World” e de outros meios de comunicação tiveram acesso ilegal a ligações telefônicas de celebridades, políticos e vítimas de crimes. Os jornais ameaçam boicotar a medida. Vítimas de abusos da imprensa apoiam a solução. “A imprensa deveria aproveitar para mostrar que não teme ser submetida a padrões éticos decentes, e que tem orgulho de agir com responsabilidade com as pessoas para quem e sobre quem escrevem”.
Reino Unido aprova regulação da mídia
Do O Globo
Jornais não conseguem barrar medida em resposta a escândalo sobre escutas
Rebekah Brooks chega ao tribunal em Londres – Kirsty Wigglesworth / AP
LONDRES – Depois de países como Equador e Venezuela lançarem este ano medidas de controle da imprensa, foi a vez de o Reino Unido unir-se à polêmica. Dois dias após o premier David Cameron ameaçar censurar o “Guardian” pela publicação de documentos sigilosos sobre a espionagem no país, a rainha Elizabeth II sancionou nesta quarta-feira um sistema de regulação da mídia, que foi amplamente criticado por jornalistas locais. A iniciativa, apoiada pelos três principais partidos políticos britânicos, vem na esteira do escândalo de escutas telefônicas por jornalistas, e depois de os meios de comunicação verem seus esforços contra o controle rejeitados na Justiça.
A novidade deve sujeitar revistas e jornais britânicos a um órgão de fiscalização do governo com a função de coibir os abusos descobertos com o escândalo dos grampos – que revelou que repórteres do jornal “News of the World”, do magnata Rupert Murdoch, e de outros meios de comunicação, tiveram acesso ilegal a ligações telefônicas de celebridades, políticos e vítimas de crimes. Também torna mais fácil para as pessoas que se sintam atacadas pela imprensa terem suas queixas ouvidas, além de permitir ao órgão federal cobrar multas aos meios de comunicação.
“(A medida) vai proteger a liberdade de imprensa ao oferecer reparação quando erros forem cometidos”, defendeu o Ministério da Cultura, em comunicado.
Jornalistas locais argumentam que o órgão federal poderia ser usado por políticos para punir publicações das quais não gostam. Eles também reclamam que propostas sugeridas por eles foram ignoradas.
Ex-editores supervisionariam grampo
A guerra, porém, ainda não acabou. Várias publicações já ameaçaram boicotar o novo órgão. Outras consideram levar o tema ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Os meios de comunicação não são obrigados a se inscrever no novo marco regulatório, mas não está claro, até agora, como o impasse será resolvido.
- As chances de nos unirmos à interferência estatal é nula – disse Tony Gallagher, editor do jornal “Daily Telegraph”.
Já o grupo “Hacked Off”, que reúne pessoas que se sentiram atacadas pela mídia, elogiou a medida. “A imprensa deveria aproveitar para mostrar que não teme ser submetida a padrões éticos decentes, e que tem orgulho de agir com responsabilidade com as pessoas para quem e sobre quem escrevem”, disse num comunicado.
No mesmo dia, dois jornalistas foram acusados em Londres de supervisionar grampos telefônicos. Segundo a promotoria, Rebekah Brooks, ex-braço direito de Murdoch, e Andy Coulson, ex-chefe de imprensa do premier britânico, teriam supervisionado um sistema de escutas e de pagamentos ilegais a funcionários públicos quando eram chefes do “News of the World”. Ambos negam as acusações.
Ainda ontem, outros três jornalistas do extinto tabloide declararam-se culpados das denúncias relacionadas às escutas, nas primeiras confissões desde o início da investigação, em 2011.
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