02/03/2016
O pedalinho da Globo não é um cisne, é um corvo
Por Fernando Brito
Agora que pus – provisoriamente, ao menos – as coisas no lugar com o caso da mansão de Paraty Mirim,dá para voltar a falar da Globo pelo que ela faz de imoral, afora meter-se em negócios daquele tipo.
A reportagem, ontem, no Jornal Nacional sobre a compra dos pedalinhos dos netos de Lula é das coisas mais deploráveis que já se viu na TV brasileira.
Os pedalinhos foram comprados três anos depois de Lula deixar a Presidência. Estão dentro de suas capacidades de pagar. O servidor que fez a compra está regularmente lotado a seu serviço, na forma de lei estabelecida antes de seu período na Presidência.
Qual é a notícia? Não há notícia, há uma campanha publicitária.
Mesmo provocado por uma pseudo-notificação, este blog não publicou a sentença – reproduzida no Diário Oficial, numa lambança da 15a. Vara de Família, que deveria tê-la mantido sigilosa – por não haver interesse público em briga de casal, a não ser no que isso importe sobre negócios envolvendo bens públicos, como a praia em Paraty Mirim ou o Estádio de Remo da Lagoa, magnificamente relatado pelo Viomundo.
Qual é o interesse público de dois brinquedos dados de Natal aos netos de Lula?
O mesmo que possam ter tido os presentes de Aécio a seus filhos, ou até os de Jair Bolsonaro aos netos. Nenhum e não me importa se quem foi à loja comprar foi algum de seus secretários.
Mais gastaria, aliás, mandando as crianças à Disneylândia ou fazendo uma destas tolas festas infantis de encomenda.
Os servidores? Lei nº 7474, de 1986, modificada duas vezes por Itamar Franco, em 1994, e Fernando Henrique Cardoso, em 2002. O primeiro incluiu a expressão “apoio” ao lado de “segurança pessoal” e o segundo aumentou o número (e o valor da remuneração) destes servidores, incluindo dois com retribuição equivalente a de Chefe de Gabinete. Segundo o site “Contas Abertas” todos os ex-presidentes faziam uso deles, em janeiro de 2011, por Itamar Franco.
Nunca houve qualquer exploração do tema, independente de achar-se justa ou não tal franquia (é bom lembrar que seguranças trabalham em escala de plantão e em finais de semana, o que reduz, na prática, a um a presença deles a cada momento).
Os jornalistas – verdade que muitos deles com prazer – foram transformados em bisbilhoteiros.
Policiais, em sabujos. Promotores, em demolidores de honra pessoal.
Faltará muito para que os juízes o sejam, também, e em feitores da Casa Grande?
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