segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Nº 23.191 - "Contra Lula e Bolsonaro, a velha direita tenta se manter como centro"

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15/01/2018



Contra Lula e Bolsonaro, a velha direita tenta se manter como centro

Carta Maior — publicado 15/01/2018 00h20, última modificação 12/01/2018 18h06


Desunida, sem um presidenciável competitivo e com o peso de Temer, a casa-grande tenta vender-se como centro

Ezequiel Joat Prestes/Fotoarena
Jair Bolsonaro
O reacionário acima faz a velha direita comer poeira nas pesquisas, para aflição de FHC
O establishment político e econômico, reino da velha direita brasileira, curtiu as festas de fim de ano na boa vida, como em geral são os dias desses endinheirados, mas começa 2018 ressabiado. Nenhum de seus cavalinhos no páreo para concorrer à Presidência empolga a massa até agora, motivo de umas caneladas entre uns e outros.
Geraldo Alckmin, Rodrigo Maia, Henrique Meirelles, todos veem de binóculo o líder nas pesquisas, Lula. Pior: comem poeira também do reacionário Jair Bolsonaro, grande beneficiário do radicalismo cultivado pelo próprio establishment na cruzada antipetista. Fruto dessa cruzada, o governo é outro abacaxi. Detestado pelo povão, Michel Temer tornou-se uma erva daninha eleitoral. Ficar perto dele é desastroso, mas como esconder as ligações?
Em maus bocados, a chamada (erradamente) direita resolveu apelar para o humor. Não importam suas credenciais históricas, seu currículo: agora quer ser chamada de “centro”. É nesse traje que pretende se apresentar aos 144 milhões de eleitores e convencê-los de ser a melhor escolha diante de uma dupla de “extremistas”, Lula pela esquerda, Bolsonaro pela direita.
Plano digno das páginas de 1984, do britânico George Orwell. “Só no reino do Grande Irmão as palavras têm o significado oposto ao comum, mas o objetivo desta alteração é o de enganar os destinatários da mensagem e, portanto, o de impossibilitar a compreensão do que ocorre realmente e a comunicação recíproca entre os súditos”, diz o livro Direita e Esquerda, clássico de 1994 do filósofo e historiador italiano Norberto Bobbio, já morto.
A exploração do centrismo, escreve Bobbio, costuma ser mais comum em tempos de crise. É o caso do establishment, vitorioso na chegada ao poder via impeachment e, após tanto esforço, arriscado a levar uma surra nas urnas.
O plano de partir para a novilíngua orwelliana pode ser o passaporte para o segundo turno na eleição. O centro representa hoje 20% do eleitorado, proporção igual à da eleição de 2014, segundo uma pesquisa Datafolha de 2017.
O levantamento apresentou a 2.771 entrevistados um questionário com perguntas sobre economia e costumes, e as respostas foram catalogadas conforme critérios do instituto. Por esses critérios, da última campanha para cá, esquerda e centro-esquerda encorparam (de 35% para 41%), enquanto direita e centro-direita encolheram (de 45% para 40%). Quando se pediu às pessoas uma autodefinição ideológica, o resultado mudou. O centro tem 26% de adeptos, a direita, 32%, e a esquerda, 28%.
O avanço do progressismo desde a última eleição deve-se a assuntos econômicos. Se dependesse somente de temas comportamentais, o conservadorismo deitava e rolava. A liberação da maconha é rejeitada por 66%, informa o Datafolha.
A do aborto, por 57%, mesmo tamanho do apoio à pena de morte. De outro lado, 70% repudiam as privatizações, 76% acham que o governo deve ser o maior responsável por investir e fazer o PIB crescer, 63% defendem ajuda oficial a empresas nacionais à beira da falência. 
Estatísticas à parte, os postulantes a presidenciável “centrista” estão em campo e na luta. Alckmin assumiu o comando do PSDB no fim de 2017 para pavimentar sua candidatura, mas entrou em 2018 sob pressão.
Sua situação nas pesquisas aflige alguns tucanos e partidos governistas dispostos a negociar apoio. Não alcança dois dígitos em nenhuma, apesar de administrar há anos o maior colégio eleitoral do País, berço de 20% dos votantes. Aliados potenciais cobram que chegue a 10% no máximo até abril.
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