17/01/2018
Candidatos a feitor
Do Tijolaço · 17/01/2018
Por FERNANDO BRITO
Enquanto o Brasil afunda na crise social, o campo conservador se digladia à procura daquele que possa ser o melhor feitor para manter e aprofundar a exclusão que voltou com toda a força, como o mostram os inúmeros indicadores de atraso que o país exibe: a volta ao mapa da fome, as ruas se enchendo de sem-teto outra vez, a perda de valor do salário-mínimo e a volta de epidemias que pareciam perdidas no passado, apenas para citar alguns.
Depois de Bolsonaro e suas balas e de Henrique Meirelles e seus cortes impiedosos nos gastos sociais, agora é o bem fornido de carnes Rodrigo Maia quem salta à cena, dizendo que o Bolsa Família “escraviza” e “atrela as pessoas ao Estado” ao não um emprego ou uma possibilidade de estudo.
Do alto de suas tripas forras do bom e do melhor, pagas pelo Estado em sua residência oficial de presidente da Câmara, Maia – além da grossa asneira de falar em “possibilidade de estudo”, uma vez que o benefício é condicionado à frequência escolar dos filhos de seus recebedores – vai falar de “oferecer emprego” em um país onde as taxas de desemprego são horripilantes?
Nem mesmo se peja de ir dizer isso na metrópole, na capital do império, embora seja de duvidar que pudesse dizê-lo, em inglês, nos quase guetos negros de Washington.
A elite brasileira e as sucessivas camadas que ela vai incorporando, como a dos políticos bem-nascidos, de pais que esqueceram das causas generosas que tiveram em suas juventudes esmeram-se na arrogância de sua insensibilidade.
É por isso que nunca conseguem a base social que lhes permita sustentar-se politicamente e precisam não apenas da exclusão social que produzem e eternizam, mas da exclusão política de que quem encarne a esperança destas massas e de um aparato bélico-policial que as proteja da maré de pobreza e brutalidade que brota da selva onde as lançam milhões de seres humanos.
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