Reuters Brasil - terça-feira, 12 de janeiro de 2010 15:25 BRST
Por Lionel Laurent
PARIS (Reuters) - O caça Rafale, da Dassault Aviation, tem uma boa chance de conseguir seu primeiro contrato de exportação para o Brasil, mas deverá ter de fazer mais cortes no preço, afirmaram analistas na terça-feira.
O Rafale, que os analistas estimam que custe mais de 100 milhões de dólares, apresenta uma desvantagem em relação ao preço quando comparado a aviões rivais, como o de fabricação sueca Gripen NG, da Saab, considerado cerca de 30 a 50 por cento mais barato.
Diz-se que o F-18 da Boeing, o terceiro finalista no processo de licitação, também é mais barato que o Rafale.
Um ministro do governo brasileiro disse recentemente à Reuters que, se a Dassault reduzir o preço do Rafale, ela "fechará o acordo em breve". O Brasil quer inicialmente 36 caças.
Um porta-voz da Dassault negou que o Rafale estivesse em desvantagem de preço, quando comparado a aviões "equivalentes", acrescentando que o Gripen não pode ser considerado equivalente, porque tem apenas um motor e pesa menos que o Rafale.
Ele acrescentou que o preço é apenas um dos fatores envolvidos na escolha de um avião de combate, salientando a transferência de tecnologia, parcerias estratégicas e considerações operacionais.
Ele não revelou a oferta de preço do Rafale.
Apesar da pressão sobre a Dassault relacionada ao preço, os analistas ainda acreditam que o Rafale tenha 50 a 75 por cento de chance de vencer a licitação brasileira, graças em parte aos laços políticos entre França e Brasil.
"(Uma transação) teria como base um certo tipo de longo acordo político de 20 anos para fazer coisas diversas entre os dois países, ao contrário do que uma venda pura e simples", disse Doug McVitie, fundador da empresa de consultoria Arran Aerospace.
O Brasil tem um acordo de defesa estratégica com a França de bilhões de dólares, incluindo a montagem no país de helicópteros e submarinos.
Ao contrário do Rafale, que é um produto final, o Gripen NG seria desenvolvido com a participação brasileira, de acordo com um relatório da Força Aérea mencionado por jornais brasileiros.
O negócio inicialmente poderia ser de mais de 4 bilhões de dólares.
DASSAULT MUITO PEQUENA?
A taxa de produção relativamente baixa do Rafale, aproximadamente de um por mês, também deixa pouco espaço de manobra para a Dassault cortar o preço, afirmam analistas.
"Se você compara a produção (do Rafale) com a do Eurofighter ou com a do F-35, claramente a Dassault produz muito, muito menos", disse Rupinder Vig, analista do Morgan Stanley. "A capacidade deles de vender mais barato será muito difícil."
O design específico do Rafale explica o seu preço alto, mas também pode torná-lo desnecessariamente potente para as necessidades do Brasil, argumentou Nick Cunningham, analista da Evolution Securities.
"É um tanto questionável se os países em desenvolvimento podem justificar o custo unitário (de uma aeronave como o Rafale) e se regionalmente há ameaça o suficiente para que eles precisem de uma aeronave que ofereça esse tipo de performance", disse ele.
A Dassault tem uma capitalização de cerca de 5,5 bilhões de euros e deve registrar um lucro líquido de 285 milhões com um faturamento de 3,695 bilhões. A EADS tem 46,32 por cento das ações, enquanto a holding familiar Marcel Dassault detém 50,55 por cento.
O primeiro Rafale alçou vôo em 1986 e hoje ele está disponível em três versões. Ele é usado pela Força Aérea e pela Marinha francesas.
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