segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Contraponto 4143 - "Wikileaks põe Clinton numa saia justa"

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06/12/2010

Wikileaks põe Clinton numa saia justa

Do Direto da Redação - Publicado em 05/12/2010

Eliakim Araujo

Os milhares de documentos postados no site Wikileaks são altamente comprometedores porque desnudaram a maneira como o Departamento de Estado trata adversários e aliados no dia a dia. Uma política condenável sob todos os aspectos, principalmente porque parte do princípio de que os Estados Unidos são o Reino e os demais países não passam de súditos, uns mais outros menos obedientes.

E agora, Hillary Clinton, a Secretária de Estado e responsável pela política exterior do país, tenta apagar os vários focos de incêndio que os documentos causaram. Na última quinta-feira, ela telefonou para a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, para pedir desculpas pelo conteúdo de um desses documentos, onde se revela que seu departamento pediu à Embaixada dos EUA em Buenos Aires informações sobre a personalidade de Cristina, chegando a questionar sua saúde mental e os tipos de medicamentos que ela tomava.

Cristina não foi a única. Até que aqule dia, ela era a décima chefe de Estado ou chanceler de governos de outros países que receberam um telefonema pessoal de Hillary após o constrangedor vazamento. Até quinta, Hillary tinha se desculpado com os presidentes do Paquistão, do Afeganistão, da Libéria, e com os chanceleres da China, Canadá, da Alemanha, Grã-Bretanha, França, e Arábia Saudita.

O Brasil aparece em vários documentos liberados ao público. Mas um deles, em especial, chama a atenção porque envolve a primeira dama da França, Carla Bruni. Em mensagem datada de 17 de novembro de 2009, o embaixador americano em Paris, Charles Rivkin, informa a seus superiores em Washington que o presidente Sarkozy usava a esposa, Carla Bruni, para impulsionar as relações diplomáticas e comerciais entre França e Brasil.

Depois de qualificar a relação entre Sarkozy e Lula de uma “história de amor”, Rivkin especula que a ausência de Carla Bruni em uma das visitas de Sarkozy a Brasília “foi uma decepção para o público brasileiro, que, segundo a Embaixada brasileira em Paris, aprecia muito o fato de o primeiro-casal francês passar férias no país”.

E mais adiante: "Achamos que Sarkozy tira total vantagem da popularidade individual de Carla Bruni e da popularidade do casal para aumentar o alcance dos interesses da França no Brasil”.

Depois dessas insinuações que contêm uma boa dose de maldade, ele alerta o Departamento de Estado: a relação próxima entre Lula e Sarkozy está favorecendo a opção pelos jatos franceses Rafale, em detrimento dos jatos americanos Super Hornet, preferidos pela Força Aérea Brasileira.

Esse é apenas um dos muitos episódios que chegaram ao conhecimento do público graças à coragem do Wikileaks. Não há praticamente nenhum país ou governante do mundo que não tenha sido contemplado com um comentário maledicente ou desrespeitoso por parte da diplomacia dos EUA, que agora tenta remendar o desastre com pedidos de desculpas. Os Chefes de Estado e dirigentes atingidos pelos comentários, de um modo geral, tentam minimizar o desastre, mas é certo que, de alguma maneira, vai mudar o modo como os países vão se relacionar com os Estados Unidos daqui por diante.

Graças ao Wikileaks ficou mais do que claro o papel que os embaixadores americanos exercem nos quatro cantos do planeta. Ao lado da atividade diplomática, as embaixadas americanas são pontas de lança dos serviços de inteligência e espionagem.

Enquanto isso, Julien Assenge, o australiano de 39 anos que fundou o Wikileaks, está sendo caçado pela Interpol por suspeita de violação sexual na Suécia. Ele está escondido na Grã-Bretanha e seus advogados dizem que a ordem de prisão é uma retaliação pela divulgação dos documentos secretos da diplomacia americana, que envolveu gente poderosa de vários países. Tudo indica que eles têm razão.

PS. Assenge conseguiu furar o cerco e seu website e já pode ser acessado novamente

Clique aqui


Eliakim Araujo. Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.
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