sábado, 9 de julho de 2011

Contraponto 5733 - "Avanço do desemprego nos EUA revela estagnação da economia"

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09/07/2011


Avanço do desemprego nos EUA revela estagnação da economia


Do Vermelho - 08/07/2011

O mercado de trabalho dos Estados Unidos voltou a registrar dados negativos nesta sexta-feira (8), com nova alta da taxa de desemprego, de 9,1% em maio para 9,2% em junho, aumentando as incertezas sobre a recuperação da economia do país.

Segundo o Departamento do Trabalho americano, foram geradas apenas 18 mil novas vagas em junho, o menor número em nove meses. O resultado fica muito abaixo da expectativa do mercado, que era de pelo menos 90 mil postos, e também é inferior aos números de maio, também medíocres, de 25 mil novos empregos.

Fracasso

Os dados sinalizam a virtual estagnação das atividades no país e o fracasso das políticas aplicadas para reverter a crise econômica, entre as quais a emissão de trilhões de dólares pelo Federal Reserve (FED, banco central estadunidense), que pelo jeito serviram apenas para ampliar a oferta de dólar no mundo, favorecer os especuladores e provocar inflação.

O problema maior, apontado por alguns economistas, é que as ações das autoridades econômicas visaram quase que exclusivamente o resgate do sistema financeiro, socorrendo bancos e banqueiros mas deixando ao léu trabalhadores e trabalhadoras acossadas pelo desemprego.

O mês mais fraco


As empresas privadas, que costumam puxar as contratações, geraram apenas 57 mil novas vagas em junho, o mês mais fraco para o setor desde maio de 2010. Logo após a divulgação dos dados, o presidente Barack Obama fez um breve pronunciamento na Casa Branca, no qual voltou a dizer que os Estados Unidos ainda têm um longo caminho até a recuperação econômica.

"O relatório de emprego de hoje confirma o que a maioria dos americanos já sabe: nós ainda temos um longo caminho a trilhar e muito trabalho a fazer para dar às pessoas a segurança e as oportunidades que elas merecem", disse o presidente.

"Nós já criamos mais de 2 milhões de novos empregos privados nos últimos 16 meses, mas a recessão nos custou mais de 8 milhões (de empregos)", afirmou, referindo-se às vagas que foram fechadas durante os 18 meses em que o país esteve oficialmente em recessão, até junho de 2009.

"Nossa economia, como um todo, simplesmente não está gerando empregos suficientes para todos os que estão procurando (por trabalho)", disse Obama.

Dívida

Além de citar diversos fatores com impacto recente na economia, como desastres naturais (em especial o terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão em março), a crise de dívida na Grécia e o aumento dos preços dos combustíveis, Obama mencionou o impasse nas negociações para elevar o teto da dívida pública do país.

"A incerteza sobre se o limite da dívida aqui nos Estados Unidos será elevado também deixou os empresários hesitantes em investir de maneira mais agressiva", afirmou o presidente.

A queda-de-braço entre democratas e republicanos sobre quanto e onde cortar gastos para reduzir o déficit no orçamento, calculado em US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 2,1 trilhões) para o ano fiscal que termina em setembro, vem dificultando a obtenção de um acordo para elevar o teto da dívida, que já chegou ao limite de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,3 trilhões) em maio.

O governo afirma que, caso o Congresso não autorize o aumento do teto até 2 de agosto, os Estados Unidos serão obrigados a deixar de cumprir suas obrigações financeiras, o que poderia provocar uma nova crise com impactos globais.

Reações

Em meio a tantos problemas na economia, os números do mercado de trabalho divulgados nesta sexta-feira aumentaram a preocupação junto a especialistas sobre o ritmo da recuperação americana.

"(O relatório de junho) foi muito pior do que o esperado", disse o economista-chefe da consultoria IHS Global Insight, Nigel Gault.

O analista observa que, enquanto a economia americana gerou uma média de 215 mil novos empregos por mês no trimestre encerrado em abril, a média para maio e junho caiu para 22 mil novas vagas.

"Esse relatório acabou com a esperança de que a economia estava prestes a se acelerar novamente", afirmou.

"Nós devemos agora esperar que (o relatório) esteja exagerando na extensão da desaceleração da economia", disse o economista, ao lembrar que os dados do mercado de trabalho são mais sombrios que outros indicadores.

Mais de 14 milhões sem emprego


De acordo com o Departamento de Trabalho, mais de 14 milhões de pessoas estão desempregadas nos Estados Unidos, um aumento de quase meio milhão desde março. Nesse período, a taxa de desemprego cresceu 0,4 ponto percentual.

Apesar de o próprio governo americano ter alertado repetidas vezes que a taxa de desemprego deve permanecer alta por um longo período – e que pode levar "vários anos" até que volte a um patamar considerado "normal", em torno de 5% –, os dados de junho representam um desafio para Obama, no momento em que começa a intensificar sua campanha à reeleição.

A página eletrônica do “Wall Street Journal” observa que o desemprego só não é maior porque o instituto de pesquisa exclui do cálculo os trabalhadores que desistiram de procurar uma vaga. Em vez de chamá-los de desempregados, considera-os inativos. Se essas pessoas forem contadas, a taxa de desemprego nos EUA chega a 11%, segundo a publicação.

A observação de alguns analistas sobre o emprego nos EUA evidencia um crescente pessimismo. Veja algumas opiniões:

- “Nós temos agora uma clara indicação da paralisação da economia dos EUA.” Frank Davis, da LEK Securites, ao site CNN Money.

- “Essa é uma notícia terrivelmente decepcionante. É fácil para o mercado encolher os ombros para um mês de dados ruins, mas agora são dois meses seguidos”. Brett Hammond, da TIAA-CREF Asset Management, ao “Financial Times”.

A esperança de superação da crise econômica, que vem sendo anunciada desde o segundo semestre, parece frustrada. Os dados confirmam a impressão de que o mundo ainda atravessa uma das maiores crises da história do capitalismo, desta vez localizada principalmente nos Estados Unidos, Japão e Europa, principais pilares da ordem imperialista internacional.

Com agências

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