26/04/2012
Padilha contra a máquina de assassinar reputações
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Sexta-feira, 20 de abril, a Folha solta matéria assinada por Rubens Valente e Cátia Seabra com o título (ambos possuem gravações envolvendo a Veja, mas não publicam):
CACHOEIRAGATE/GRAMPOS
Grupo diz ter discutido projeto com Padilha
Ministro da Saúde é citado como tendo autorizado aliados de Carlinhos Cachoeira a dar sequência a ação na área
Escuta da Polícia Federal não deixa claro o objetivo do projeto; ministro nega relação com o empresário
A matéria reproduzia conversa de Wladimir Garcez com o com o chefe Cachoeira:
"Teve a conversa com o Padilha, todos os outros lá, o chefe de gabinete, e [ele] achou interessante: faz o projeto, mostra o que que é, ele fala o que que é possível lá dentro e dá para nós um veredito lá. Mas que autorizou a gente a tocar pra frente o negócio, que eles têm condição de ajudar", diz Garcez a Cachoeira, em março de 2011.
A conversa não deixa claro qual é o interesse de Cachoeira -que, segundo a PF, é dono oculto de um laboratório e controla um instituto que reúne grandes empresas da área farmacêutica.
No mesmo dia, a assessoria de Padilha encaminhou esclarecimentos ao jornal.
1. O ministro Alexandre Padilha não conhece e em nenhum momento se reuniu com os senhores Wladimir Garcez e Carlinhos Cachoeira e nem recebeu qualquer pessoa a pedido deles.
2. Segundo a reportagem da Folha de São Paulo, a gravação teria ocorrido em 29 de março de 2011. Nesta data, bem como no mês de março daquele ano, o ministro não teve nenhuma reunião ou audiência cujo assunto possa guardar relação com o teor da conversa gravada.
3. Os projetos apresentados em audiência ao ministro da Saúde ou ao seu gabinete são submetidos às respectivas áreas técnicas para análise e parecer. Nenhum andamento é dado sem o parecer técnico.
A primeira matéria trazia algumas ressalvas, como o fato de Cachoeira ter uma fachada institucional, o tal Instituto congregando farmacêuticas.
Bem que a ombudsman tentou alertar o jornal para os abusos cometidos:
Os males que jorram do escândalo são tantos que uma certa dose de cautela está sendo deixada pelo ca- minho. Na sexta-feira passada, a Folha apontava um possível envolvimento do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e do bicheiro com base em ape- nas uma conversa na qual um assessor de Cachoeira diz que o ministro autorizou o desenvolvimento de um projeto, depois de uma reunião em Brasília.
Novas evidências podem surgir, mas, por enquanto, projeta-se uma sombra de dúvida sobre o ministro sem que haja nada de concreto. Qualquer contato com alguém ligado ao bicheiro de Goiás vira sintoma de doença fatal.
Mas o jornal não para.
No dia 25 de abril, no caderno Poder, outras aleivosia, cujo autor prudentemente não assinou:
Ministro confirma reunião em Goiás, mas não com empresário
A declaração de Padilha, na qual o jornalista se baseou, foi a seguinte:
"Eu como ministro da Saúde, o ministério já recebeu em vários momentos reuniões conjuntas com empresas ou indústrias do estado de Goías. Sempre. Várias reuniões. Essas indústrias têm peso suficiente que elas não precisam, nunca precisaram de qualquer intermediário para marcar reunião com o Ministério da Saúde. Têm acesso direto, participam do grupo de competitividade, que é o GECIS, que define nossa política de parceria de desenvolvimeto produtivo. Várias delas participam do grupo de acompanhamento do programa Farmácia Popular, fazem parte das associações de indústria, ou seja, o Ministério da Saúde tem um rito e que nós reforçamos cada vez mais, de atendimento à indústria, recebimento de projetos, análise de projetos e conclusão desses projetos."
Chamada da Folha
Alexandre Padilha diz que se encontrou 3 vezes com o senador Demóstenes Torres
E, em tom de denúncia:
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) disse ontem que teve reuniões com representantes da indústria farmacêutica de Goiás, um setor em que atuava o em- presário Carlinhos Cachoeira.
Ia além:
Padilha disse ainda que, como faz com os senadores em geral, teve encontros com Demóstenes Torres (GO).
Segundo a assessoria do ministério, foram três en- contros em 2011, dois deles envolvendo empresas do ramo farmacêutico -cujos nomes não constam das in- vestigações da Polícia Federal.
Com base exclusivamente nessas informações, o repórter vai até o Ministro Sepúlveda Pertence, oferece aquilo que ele mais gosta - holofote - e consegue essa incrível declaração sobre um fato em tese:
O presidente da Comissão de Ética Pública da Pre- sidência, Sepúlveda Pertence, disse ontem que é "pas- sível" de investigação pelo órgão a suspeita de que Padilha teria negociado com integrantes do grupo de Cachoeira.
"Parece que não é uma questão de homicídio que nós tenhamos que tomar providência hoje. É mais uma acusação de possível corrupção, então há muito tem- po [até a próxima reunião]".
E tudo isso em um momento em que a opinião pública, através das redes sociais, acompanha atentamente as técnicas de manipulação no jornalismo.
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