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26/04/2012
Israel reconhece que Irã não trabalha em bomba nuclear
Da Folha de S. Paulo
JANIO DE FREITAS
A conclusão de Israel de que o Irã não está trabalhando na bomba brinda o Brasil e a Turquia
O MUNDO mudou em poucos minutos ontem.
Foi o tempo para que se difundissem as conclusões no governo de Israel - por aqui, divulgadas com atraso - de que o Irã não está trabalhando na produção de bomba nuclear. Por seus tantos significados e pelo inesperado, uma notícia que se integra àquelas de natureza especial no jornalismo, pelo poderoso efeito imediato em cada ser de bom senso, mundo afora.
Foi também o dia das diplomacias do Brasil e da Turquia, e em particular do ex-presidente Lula e do recém-eleito presidente Tayyp Erdogan, da Turquia.À época presidente brasileiro e primeiro-ministro turco, os dois estiveram na iminência de antecipar o fim do clima de pré-guerra contra o Irã. O êxito de sua intermediação no problema, a pedido de Barack Obama, trouxe grande probabilidade de negociações esclarecedoras dos iranianos e de distensão dos temores de Israel e do Ocidente.
Visto o êxito, Barack Obama deu as costas aos dois e à oportunidade sem precedente.
Hoje, a conclusão emitida por altas figuras israelenses brinda o Brasil e a Turquia. E vale como denúncia das responsabilidades de Barack Obama, e em parte também da ONU, pelos últimos dois anos de tensão, de castigos econômicos impostos ao povo iraniano e da difícil contenção de um ataque israelense ao Irã. A título preventivo do que, está dito em Israel, não havia a prevenir.
Dentre os pronunciamentos israelenses de ontem, a meu ver o realce cabe ao de Ehud Barak, general e ministro da Defesa, segundo o qual "o Irã ainda não decidiu fazer a bomba nuclear".
Nem ao menos decidiu.
Quando primeiro-ministro, por período a que o radicalismo de direita negou maior duração, Ehud Barak mostrou empenho sincero no alcance de convivência pacífica com os palestinos e os demais árabes. Atual integrante do governo ultradireitista de Netanyahu, no arranjo político para compor um gabinete, Ehud Barak falou duro sobre e contra o Irã, mas jamais engrossando as ansiedades belicistas do primeiro-ministro.
É verdade que já vivemos muitos momentos promissores, logo frustrados, na questão do Oriente Médio. Ainda que não pareça, o de agora pode repetir os anteriores. Mas o que ficará das afirmações feitas influirá daqui para a frente.
Outra hipótese, política e menos provável, é a de que Ehud Barak e outros tenham se exposto, com informações ainda insuficientes, para dificultar a aceleração sigilosa de ações desejadas por Netanyahu. Estas e outras hipóteses exigem a mesma coisa: esperar para ver se alguma prevalece.
Até lá, por breve que seja, um novo clima no mundo é benfazejo.
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