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16/07/2012
16/07/2012
'Que se jodan!': o escárnio neoliberal. Acredite, isso é a Europa hoje
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Funcionários públicos pediram a cabeça de Mariano Rajoy neste domingo, nas ruas de Madrid. O premiê espanhol pertence ao Partido Popular, uma espécie de Demos no poder, vitaminado pelo neoliberalismo tucano e, como estes, obcecado pelas 'reformas'. Herdeiro do franquismo, o PP exuda um conservadorismo político visceral, caramelado de ranço religioso opressivo.
Buñuel entendia dessa estirpe que vive seu fastígio político como braço executivo das 'reformas' tão acalentadas pelo elitismo em outras plagas também. A cepa de origem exibe perfeita aderência à natureza extremada das medidas requeridas para equacionar o colapso neoliberal sem afrontar os seus próprios termos.
A diferença agora é que sobra menos espaço para formalidades, digamos assim, quando se trata de tirar em espécie do tecido social para proceder a uma plástica na face do credo e no balanço dos credores. O cirurgião desse tipo de empreitada não pode hesitar. Mas o PP vai além da frieza.
Na 4ª feira da semana passada a face catatônica do impenetrável premiê Rajoy recitava aos deputados do Congresso a lista de sacrifícios adicionais determinados pelo Eurogrupo. A intervenção de Bruxelas no Estado espanhol visa impor à 4ª economia da UE o mais dramático arrocho da história do ciclo democrático, pós Franco: 65 bilhões de euros serão extirpados da população, via impostos, mais cortes sociais e menos gastos públicos( incluindo-se cortes salariais).
Em troca, os homens de preto enviados por Bruxelas vão liberar um primeiro socorro de 30 bilhões de euros para salvar a banca espanhola. A desastrada aposta no arrocho para equilibrar as contas fiscais, como se sabe, agrava a recessão e, no saldo líquido, reduz receitas mesmo com aumento de impostos, o que torna a economia incapaz de gerar recursos próprios para se reerguer, tudo apontando para uma nova escalada de demissões. No caso espanhol, significa engordar um explosivo contingente de 5,5 milhões de desempregados, a mais alta taxa de desemprego da UE, que atinge 50% no caso dos juventude espanhola.
No instante em que Rajoy anunciava, paradoxalmente, uma redução no auxílio desemprego, na 4ª feira --'para evitar comodismo'-- uma deputada de seu partido, Andrea Fabra, não conteve o júbilo pela dupla punição e esgoelou diante das câmeras: "Que se jodan", enquanto os companheiros do PP aplaudiam. A catarse de Andrea Fabra faz furor na Espanha. Mas tem um antídoto tocante, na linguagem e no caráter.
O anti-Andrea é um vídeo (ver no início do texto)sobre a resistência extremada às reformas, protagonizada pela comovente espiral de resistência dos mineiros das Astúrias. Custa acreditar, mas isso está acontecendo na Europa nesse momento, na polarização gerada pela desordem neoliberal.
Postado por Saul Leblon às 19:28 15/7/2012
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