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14/02/2014
Luz
Participantes do programa De Braços Abertos reduzem consumo de drogas em até 70%
Programa é bem avaliado pela
prefeitura de São Paulo, que pretende estender atendimento por mais
cinco horas e ampliar as vagas de trabalho
Mauricio Camargo/Eleven/Folhapress
Em 30 dias, mais de 4 mil pedras de crack foram apreendidas e 25 traficantes foram presos
São Paulo –Ao anunciar o balanço do
primeiro mês do programa De Braços Abertos, que oferece moradia,
trabalho e atendimento de saúde para dependentes de crack da região da
Luz, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), comemorou a redução
do consumo pelos participantes de até 70% verificada pelas equipes de
saúde da prefeitura. Desde o dia 14 de janeiro foram cadastradas 386
pessoas na iniciativa, que consumiam de 10 a 15 pedras. Ao todo, foram
feitas 3 mil abordagens, 355 atendimentos médicos e 149 pessoas
iniciaram tratamento de desintoxicação.
O prefeito disse que não irá mais referir-se à região
como cracolândia, forma pejorativa pela qual é conhecida. “Eu chamo de
Luz daqui para a frente. Eu confio muito nesse programa. Às vezes quando
você fala em sucesso em um empreendimento, o sucesso é 100%. Então se
tiver ali três pessoas ou dez consumindo, vai se ver ainda a operação
como não bem-sucedida. Eu sou mais humilde diante do objeto. É um objeto
difícil, complexo de resolver. Se nós avançamos 70%, acho que tem
espaço para avançar mais”, afirmou.
As equipes do poder público que atualmente permanecem
nas imediações da rua Dino Bueno e Helvetia apenas até as 17h passarão a
ficar nas ruas até as 22h, a partir da semana que vem. A medida é
considerada fundamental para que o programa possa avançar mais, afirmou o
prefeito. Desde o início, o fluxo, como é conhecida a aglomeração de
usuários e traficantes, teve uma redução significativa, especialmente
durante o dia, quando a concentração não passa de 70 pessoas, contra mil antes do programa.
Mas, durante a noite, usuários de outros bairros e até cidades, segundo
o prefeito, vão para o bairro e o fluxo chega a até 300 pessoas. “A
noite pode contaminar o dia se ela não for cuidada. Essa é minha
preocupação”, disse.
Marcelo D'Sants/Frame/Folhapress
A prefeitura também pretende afastar os participantes
do programa da chamada cracolândia. A ideia é expandir o perímetro da
varrição de ruas, única atividade laboral desenvolvida até agora (com
exceção de sete participantes, que trabalham como copeiros em
secretarias municipais) e empregá-los em outras atividades. Em até 20
dias, 40 vagas para trabalho de jardinagem devem estar disponíveis. A
promessa é que sejam 80 ao todo. As equipes de assistência social vão
começar um processo de busca ativa por familiares e amigos dos usuários
para que eles restabeleçam vínculos e não fiquem “aprisionados ao
quadrilátero”, que compõe o gueto de consumidores de crack.
A prefeitura acredita que 89% dos participantes
conseguem manter frequência regular nas frentes de trabalho, cujo dia de
trabalho tem rendido remuneração de R$ 15, mas a adesão aos cursos de
qualificação permanece baixa. A secretária municipal de Assistência
Social, Luciana Temer, atribui isso ao cansaço depois das quatro horas
de varrição. Em função do vício, os participantes apresentam debilidades
físicas e costumam dormir depois do almoço.
Expansão
Haddad afirmou que a prefeitura estuda formas de
trabalhar na recuperação de usuários de outras regiões da cidade, mas
ponderou que o que acontece no bairro da Luz é um fenômeno único. “O que
acontecia na Luz era um mercado livre de droga. O traficante que não
tinha onde desovar a droga e o usuário que não encontrava o seu
fornecedor vinham para a Luz com a certeza de que a oferta e demanda se
encontrariam ali. Não é o que acontece nas outras regiões da cidade. O
que existe é a concentração de usuários, mas não um mercado”, afirmou.
Haddad enfatizou a parceria com o governo do Estado,
especialmente no combate ao tráfico. Apenas na última semana, mais de
2.700 pedras de crack teriam sido apreendidas. Desde 15 de janeiro,
foram 4 mil apreensões e 25 presos. “É uma parceria essencial. Guarda
Civil e Polícia Militar atuando conjuntamente para combater o trafico e
para separar bem as coisas. É um trabalho de cooperação. Não há disputa
de espaço com o governo do estado”, disse o prefeito.
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