04/02/2015
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A histeria de gritar golpe pra tudo não ajuda em nada
- Para de ficar brincando com coisa séria, porque na hora quer for verdade ninguém acredita.
A história de ficar gritando
golpe para tudo corre o risco de se tornar algo assim. A oposição
brasileira não é exatamente um doce de coco e nem tão republicana e
democrática como se autointitula, mas também está longe de ser um bloco
golpista homogêneo.
A mídia tem interesses
diferentes do setor financeiro, que tem diferentes posições da turma
liderada pelo Paulinho da Força ou pelo PSDB e o eterno FHC e que não
tem nada a ver com as críticas ao PT e a Dilma dirigidas por Marta
Suplicy.
A eleição de Eduardo Cunha
para a presidência da Câmara tem mais a ver com a inépcia de Dilma e de
alguns dos seus principais articuladores em fazer política mais miúda do
que com qualquer outra coisa.
A história revelada pelo
ex-senador Eduardo Suplicy de que buscou uma audiência com a presidenta
Dilma durante um ano é bastante reveladora disso. A descortesia a
Suplicy é daquelas atitudes que só podem ser atribuídas ao inexplicável e
à falta de tato político e consideração humana mínima. Dilma,
infelizmente, é boa nisso.
Numa entrevista que este
blogueiro realizou com o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que apoiou
Marina no primeiro turno e Aécio no segundo, ele se revelou também
magoado por durante os quatro anos de mandato nunca ter sido recebido a
sós numa audiência com a presidenta.
Esse tipo de coisa conta muito numa votação como a que levou Eduardo Cunha a meter um 7 a 1 no PT e em Chinaglia.
Por isso, engana-se quem
considera que foi Arlindo Chinaglia ou o PT que tiveram apenas 136 votos
na Câmara. Foi Dilma e alguns dos seus ministros que não têm, digamos
assim, o queridismo do plenário que levaram a goleada.
Há quem registre que houve uma
melhora na relação com o Congresso, mas os parlamentares entenderam
como algo de última hora. E decidiram mostrar que exigem mais respeito
pela posição que ocupam.
Ao mesmo tempo, a presidência
de Eduardo Cunha não é uma carta branca pra ele fazer o que quiser na
Casa. Por isso esse discurso de golpismo é açodado e pouco eficiente. O
governo precisa fazer a lição de casa e conversar muito. E Dilma precisa
se convencer de que terá de colocar as sandálias da humildade e ouvir
muito.
Ouvir cada vez mais deputados e
senadores de todos os cantos e não ficar achando que colocando um líder
daqui e outro dali no seu ministério resolve o problema.
Na política, os detalhes
importam muito mais do que parecem. Deputado federal é alguém que já foi
vereador, prefeito, deputado estadual e às vezes até senador e
governador. Ou ainda é um grande empresário ou um líder social
importante. Ele quer falar, dar ideias, ouvir o presidente lhe dizer que
aquilo é de fato muito interessante.
Quer tirar foto e mostrar pra
sua base que estava com a presidenta da República defendendo seu
segmento ou sua região. E Dilma não parece disposta a lhes dar nem esse
carinho.
Isso é o mínimo.
Claro que ele quer cargos e poder, quanto mais ele se sentir menos prestigiado, mais cargos ele vai exigir.
Se a pequena política for bem
feita e o governo souber administrar o país com seriedade e dialogando
também com os movimentos sociais, mesmo com esse Congresso conversador e
com essa mídia (aí sim) golpista, o tal golpe não ganha pernas.
Por isso, a bola ainda está
com o governo. Eduardo Cunha na presidência da Câmara deixa as coisas
mais difíceis, mas ele é apenas um detalhe.
Isso não quer dizer que um
risco de impeachment esteja completamente descartado. A questão é que
ele deve ser acusado na hora certa. E não a qualquer momento e como um
grito de guerra de torcida organizada. Até porque quando a coisa for
séria, corre-se o risco de ter tornado o assunto algo corriqueiro.
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