Costa, o “tolinho”de US$ 31,5 milhões, a empreiteira samaritana e a “lavação premiada”


Tijolaço  - 13 de fevereiro de 2015 | 08:37 Autor: Fernando Brito

ferrari



Fernando Brito 


O Estadão publica hoje mais um capítulo do fantástico embrulho do “enojado” ladrão Paulo Roberto Costa e o dinheiro da Odebrecht.

Diz ele – a expressão é do Estadão – que recebeu 31,5 milhões de dólares para manter um “bom relacionamento”.

Ou seja, para ser “amigo” da casa, não exatamente como comissões específicas por obras determinadas.

Pagamentos que ele dizia terem sido feitos por insistência de um representante da empresa, Rogério Araújo, “que por volta de 2008 ou 2009 lhe disse: “Paulo, você é muito tolo,você ajuda mais os outros que a si mesmo. E em relação aos políticos que você ajuda, a hora que você precisar de algum deles eles vão te virar as costas”, relatou Costa na delação”, narra o jornal.

Vejam que homens bons!

O corrupto (embora já tenha dito em outras ocasiões que ficava com um terço da propina) roubava, enojado, para os outros, mas não para si.

O corruptor, gentil e humano, ficava revoltado com aquilo e deu uma esmolinha caridosa de US$ 31,5 milhões ao “tolinho” ladrão.

E isso com uma só das 23 empreiteiras acusadas na Lava Jato!

Mas, esperem…

Paulo Roberto Costa “devolveu” ao Ministério Público US$ 27 milhões, menos que só da Odebrecht, segundo ele mesmo, teria sido dado de gorjeta.

Além de ser uma prova da caridade cristã e da grandeza da alma humana, é  evidente que os números não guardam a menor coerência, ao menos para quem passou pelas aulas de aritmética no colégio.
Claro que não é inverossímil que a empreiteira tenha dado um “mimo” a Costa, sem vinculação direta com os bons contratos que intermediava.

Um apartamento, um carro de luxo, dinheiro vivo, aqui ou lá fora.

Mas US$ 31,5 milhões, ou quase R$ 90 milhões?

Não é uma Ferrari nova, são mais de 40!

Sem contar o que teria sido dado pelos contratos e, sobretudo, sem contar o que deram a Costa outras 22 empreiteiras, é uma brincadeira que este senhor se disponha a dizer que tem “apenas” US$ 27 milhões.

Porque a maior prova de ter havido corrupção, evidente, é o dinheiro recebido estar em algum lugar, ou em bens.

Parece que quem precisa, mesmo, de uma auditoria, são as contas das delações premiadas pelo Dr. Juiz Sérgio Moro, ainda mais com a denúncia, ontem, de que “sumiu” um avião dos bens de Alberto Youssef.

Senão, acaba virando, nas barbas da Justiça, uma “lavação premiada”.

.