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13/02/2015
Quem são os brasileiros que guardam $20 bilhões no HSBC?
Do Cafezinho postado em 13/02/2015
O
escândalo do HSBC ou Swissleaks revela a hipocrisia abissal da nossa imprensa
corporativa.
O caso
traz o nome de milhares de indivíduos, muitos super-ricos, que escondiam
fortunas no exterior, evitando o pagamento de impostos em seus países.
Para a
nossa mídia, escândalos só tem importância se puderem ser usados como arma
política para detonar o PT e o governo.
O Brasil
é um dos países com maior número de pessoas envolvidas na evasão fiscal e
lavagem de dinheiro proporcionadas pelo HSBC, e até agora, à diferença de
diversos outros países, onde o caso domina a agenda jornalística, nossos
jornais vem abafando o caso.
O único
grande órgão de imprensa a manter a guarda dos nomes dos brasileiros
envolvidos é o UOL, que já declarou que irá divulgar apenas se “houver
interesse público”.
Em outras
palavras, os nomes apenas serão divulgados se puderem ser usados para jogar lenha
em algum escândalo da imprensa e incorporados a alguma narrativa midiática.
É o que
fez Fernando Rodrigues, que divulgou apenas os nomes
envolvidos no escândalo do HSBC que também constam no inquérito da operação
Lava a Jato.
Com
extraordinária submissão, Rodrigues garante que outros nomes não irão vazar,
apesar de informar que, no caso do Brasil, “são 6.606 contas bancárias (que
atendem a 8.667 clientes) e um valor movimentado/depositado (em 2006 e/ou 2007)
de cerca de US$ 7 bilhões – o equivalente a cerca de R$ 20 bilhões, um montante
próximo ao que o governo da presidente Dilma Rousseff precisa economizar em
2015 para fazer o ajuste fiscal do país.”
20
bilhões de reais!
Rodrigues
admite que, na lista, há “empresários, banqueiros, artistas, esportistas,
intelectuais”.
Onde
estão esses nomes? Por que não revelá-los?
O caso
poderia gerar a um debate sobre o crime que mais retira recursos da economia
brasileira: a sonegação e a evasão fiscal.
Mas esses
assuntos são evitados por nossa imprensa com um fervor religioso.
Recentemente,
a organização Tax Justice divulgou duas notícias envolvendo o Brasil que foram
completamente abafadas por nossa grande imprensa.
Primeiro,
foi o ranking internacional dos
países que mais detêm fortunas em paraísos fiscais. O Brasil está em quarto
lugar, com nossos super-ricos guardando no exterior, ilegalmente, mais de R$ 1
trilhão.
Em
seguida, a mesma ONG divulgou outro estudo, posicionando
o Brasil em segundo lugar no ranking dos países com maior taxa de evasão fiscal
do mundo, só perdendo para a Rússia. Sendo que, em valor total, o Brasil sonega
280 bilhões de dólares por ano, contra 211 bilhões da Rússia.
Em valor,
o Brasil só perde para os EUA.
A evasão
fiscal dos EUA foi estimada em 337 bilhões de dólares, mas isso corresponde a
somente 2,3% do PIB de lá.
A nossa
evasão fiscal corresponde a 13,4% do PIB!
O
engraçado é que a mídia poderia, facilmente, usar essa informação para bater no
governo, exigindo maior controle sobre o vazamento de nossas divisas.
Por que
não o fez?
Porque
essa é uma crítica que a mídia não quer fazer ao governo.
O Globo
prefere (como volta a fazer hoje), naturalmente,
defender o ajuste fiscal do Levy, que ao lado de corrigir algumas
distorções, dá umas mordidas desnecessárias em direitos dos trabalhadores.
Imagina
se o Globo vai defender que a busca do saneamento das contas públicas se dê
pelo aumento de rigor sobre a evasão fiscal?
A nossa
mídia prestou um silêncio obediente em relação ao escândalo de sonegação da
Globo.
Foi um
fenômeno incrível, mas que serviu maravilhosamente para iluminar a hipocrisia
da nossa mídia.
O
abafamento do escândalo revelou a existência de um cartel poderoso, encabeçado
pela Globo, que exerce um controle absoluto sobre milhares de outras empresas
de mídia.
Ninguém
fala mal um do outro.
A nossa
mídia é uma espécie de Estado Islâmico. Jornalista que foge à regra, tem sua
cabeça cortada em frente às câmeras. Empresa afiliada ao cartel que divulga
escândalo incômodo, perde contratos de publicidade.
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