domingo, 6 de março de 2016

Nº 18.911 - "Globo aprende que não há golpe na democracia"'

Em 1964, como todos sabem, a Globo foi um dos principais instrumentos de um golpe que fez com que o Brasil enfrentasse uma longa noite ditatorial de 21 anos. Cassaram-se as liberdades civis e muitos brasileiros foram presos, mortos e torturados. Enquanto isso, lado a lado com os militares, a Globo construía seu império de comunicação.

Agora, em 2016, a Globo decidiu testar uma nova modalidade de golpe: o "golpe branco", via Poder Judiciário, com três objetivos bem definidos. O primeiro, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob o discurso de que não há mais "intocáveis" no País. O segundo, a deposição da presidente Dilma Rousseff. O terceiro, a cassação do registro do Partido dos Trabalhadores.

O plano, no entanto, falhou e a Globo descobriu que o Brasil real é muito maior do que a bolha de ficção de suas novelas, telejornais e programas de auditório. Hoje, a resposta veio em várias frentes. Numa delas, uma multidão se formou diante da sede da Globo, no Rio de Janeiro (leia aqui). Em outra, manifestantes invadiram a praia privada do triplex em Paraty usado pelos irmãos Marinho (leia aqui). Além disso, a hashtag #ForaRedeEsgoto se tornou um dos temas mais comentados no mundo nas redes sociais.

Golpe, só com ditadura

O domingo serviu para demonstrar aos Marinho que, se quiserem mesmo levar adiante o roteiro de golpe traçado com a oposição, terão que buscar todos os instrumentos de uma ditadura formal: atos institucionais, toques de recolher, torturas, assassinatos e a imposição do terror. Além, é claro, da censura aos meios de comunicação independentes. Coincidência ou não, neste fim de semana, o repórter Rodrigo Vianna denunciou que a Globo pediu à Lava Jato uma ação policial contra sites independentes (leia aqui).

Ainda há tempo para que os Marinho reflitam sobre a quase guerra civil que criaram no Brasil. A esse respeito, 247 publica um comentário lúcido de um de seus leitores:

Brazilino Nunes De Sá Neto · 

A hora tinha que ser de busca do diálogo, de serenidade, de acalmar os ânimos. Mas a Globo não quer. O tom dos seus colunistas e apresentadores é de confronto. Se ela espera um grand finale vai ser um amargo começo de uma luta com graves consequências. Não vai existir nenhum local, pode ser no mais profundo abismo que um profissional da Globo não vai se sentir seguro para trabalhar. Serão perseguidos e caçados onde quer que forem. Tristes tempos esses. Só um aviso a Rede Globo: não estamos em 1964. Não paguem pra ver.
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