domingo, 3 de janeiro de 2010

Contraponto 1086 - "Por que rejeitamos FHC"


03/01/2010

Por que rejeitamos FHC


Cidadania - 03/01/2009

Eduardo Guimarães
Está mais do que na hora de deixar bem escrito e assinado meu ponto de vista sobre uma falácia que a partidarizada grande mídia brasileira espalhou de forma a vender que haveria “continuidade” neste governo de alguma coisa mais importante que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha feito além de, por iniciativa de Itamar Franco, dar cara política ao programa de “estabilização” da moeda engendrado por Ronald Reagan e Margaret Tatcher.

O que FHC deixou ao sucessor, foi, sim, uma herança maldita. Legou um país quebrado e não foi por conta do “risco Lula”, como vende a mídia aliada do PSDB e do PFL. Em 2002, o Brasil estava de joelhos, sem perspectivas de futuro e com a economia totalmente desarranjada. O país acabara de enfrentar cerca de um ano de racionamento de energia elétrica por falta de investimentos. O desemprego estava nas alturas. Os investimentos, paralisados havia anos. A inflação havia explodido.

Sim, o alarmismo vendido pela mídia, pelo PSDB e pelo PFL (já naquele tempo) quanto a um possível governo Lula fez o dólar disparar e o risco-país subir no ano eleitoral de 2002, mas essa é apenas mais uma culpa desses partidos de direita e dos jornais, revistas, tevês e rádios que, desde então, aquele grupo político-ideológico já controlava.

E a péssima situação que Lula herdou em 1º de janeiro de 2003 se deveu à quebra do Brasil em 1999, causada por FHC, por ele ter mantido o real sobrevalorizado até o começo daquele ano depois de passar 1998 inteiro garantindo que seria desnecessário desvalorizar a moeda brasileira diante do dólar, e que o risco era Lula se eleger presidente naquele ano e desvalorizar a nossa moeda.

Há fartura de estudos da FGV, do IBGE, do IPEA, do FMI, do Banco Mundial etc. dando conta dos enormes prejuízos causados ao país por este ter mantido o dólar engessado por força de lei de forma a gerar a falsa sensação de bem-estar entre a população que o câmbio decretado por lei causa enquanto corrói a economia de dentro para fora.

Dados oficiais mostram que custou diretamente ao país 40 bilhões de dólares a aventura cambial tucana. Pode parecer pouco para um país que já caminha para os 300 bilhões de dólares de reservas em dólar, mas, naquela época, nossas reservas chegaram a 16 bilhões de dólares, ou seja, tivemos que esmolar ao FMI e a Bill Clinton quase o triplo do que tínhamos de moeda americana.

O resultado da aventura cambial tucana entre 1994 e 1998 foi a quase destruição da economia brasileira. Por isso ficamos sem energia no começo do século XXI, porque, para manter o dólar barato, privatizaram as jóias da coroa das empresas estatais a preço de banana, pois precisávamos dos dólares para pagar o serviço (juros e amortização) da dívida externa e, como passamos a importar mais do que exportar, as contas não fechavam.

Naquela época, antes da maxidesvalorização de 1999, o PT e Lula, então na oposição, denunciavam o câmbio sobrevalorizado por força de lei e pregavam o câmbio flutuante, que FHC teve que adotar depois, além de um mercado de consumo de massas forte como aquele que o governo petista implantaria no Brasil com os resultados que estamos vendo hoje.

Aliás, leitores, cuidado quando alguém tentar comparar a política cambial de hoje com a que FHC praticava. Hoje, quem define o valor da moeda americana é a lei da oferta e da procura; no governo tucano, o preço do dólar era definido por decreto governamental.

Não é por outra razão que pesquisa CNT-Sensus divulgada em novembro último apurou que o povo brasileiro rejeita FHC de forma convicta e que o apoio dele ao seu ex-ministro José Serra, hoje governador de São Paulo, tira votos do candidato da direita à sucessão do presidente Lula.
(...) ver Cidadania

Eduardo Guimarães.
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