quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Contraponto 4374 - "O que acontece com o JN?"

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05/01/2011

O que acontece com o JN?

Do Direto da Redação - Publicado em 05/01/2011

Leila Cordeiro*

Leio na coluna “Outro Canal”, na Folha de SP de hoje:

O "Jornal Nacional" fechou 2010 com a pior audiência de sua história,segundo pesquisa do Ibope.O noticiário do horário nobre da Globo registrou em 2000 média de 39,2 pontos. Já em 2010, a média foi de 29,8 pontos, uma queda de 24% de audiência em relação a 2000: perdendo um de cada quatro telespectadores.

Não sou dona da verdade e nem tenho a pretensão de sê-lo. Mas tenho certa experiência em TV, como repórter e jornalista, e acho que posso meter a colher nesse assunto. Depois dessa informação, surpreendente para a maioria das pessoas, a pergunta é inevitável: por que um telejornal que teoricamente deveria ter uma audiência estabilizada num patamar superior, devido à sua longa permanência no ar e à indiscutível hegemonia da emissora, estaria com seus índices em curva descendente?

O JN foi sempre uma referência no telejornalismo, não pelo seu conteúdo duvidoso e ligado a interesses que não são o da maioria da população brasileira, mas pelo fato de ser exibido pela emissora de maior audiência, uma preferência que vem desde os tempos de sua criação, nos primórdios da ditadura militar no país.

Certamente, alguma coisa mudou nos hábitos e sobretudo no amadurecimento político dos telespectadores. Hoje o antigo telespectador hipnotizado pela telinha da TV do jornalismo global, dispõe de outras fontes de informação muito mais independentes.

A Internet e a concorrência de outros canais, embora não muito superiores ao que a Globo oferece, chegaram para a ajudar o cidadão a entender de forma plural o que acontece em seu país. E nessa enxurrada de novas tendências, o JN assim como outros programas da emissora foram perdendo público.

A notícia precisa de uma análise, como nos canais a cabo da TV americana. Não de comentaristas que só dizem o que interessa ao patrão, mas de profissionais realmente competentes, bem informados e, principalmente, imparciais. Só assim a informação ganha uma abordagem verdadeira que ajuda o telespectador a entender os fatos, mesmo que ele discorde da opinião do comentarista.

Além disso, o JN ficou chato de assistir pelo seu formato careta. Os apresentadores, que lêem apenas as “cabeças” das notícias, estão caricatos e fingindo uma naturalidade que não existe. Ler uma palavra e olhar rapidamente para o parceiro ao lado fingindo que está conversando não convence. É uma falsa naturalidade, uma falsa interação. E a notícia até perde força nesses casos.

Um detalhe que pode não parecer importante, mas com o telespectador cada vez mais amadurecido e com acesso a outras mídias, inclusive internacionais, fica difícil mantê-lo eternamente amestrado.

Esse quadro de telejornalismo robótico e manietado vai perdurar no Brasil enquando não se corrigir a política de distribuição dos canais de TV, que hoje estão nas mãos de meia dúzia de empresários e políticos que transformaram a comunicação midiática no Brasil em verdadeiros feudos.


*Leila Cordeiro. Começou como repórter na TV Aratu, em Salvador. Trabalhou depois nas TVs Globo, Manchete, SBT e CBS Telenotícias Brasil como repórter e âncora. É também artista plástica e tem dois livros de poesias publicados: "Pedaços de mim" e "De mala e vida na mão", ambos pela Editora Record. É repórter free-lancer e sócia de uma produtora de vídeos institucionais, junto com Eliakim Araujo, em Pembroke Pines, na Flórida.
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Um comentário :

  1. A Globo entrou em declínio e caminha para o ostracismo. E a Record se deu conta que tem de colocar seu telejornal no mesmo horário do JN, se quiser alcançar a liderança realmente, para dar opção aos telespectadores. Só falta à Record ter opinião própria e não ficar repetindo o que a Globo (ou o PIG) diz(em) como se fosse verdade. Perdeu uma boa oportunidade no "caos aéreo" do PIG. Ela tem que dar alternativa aos telespectadores, mostrar outra versão. No caso Cesare Battisti, por exemplo a globo o chama de terrorista e a Record de ativista político. É por aí, tem de sair da mesmice e ser alternativa diferente e não igual, como a Band e o SBT fazem. Embora se a Record um dia engolir a Globo (creio que vai levar tempo) também não será grande coisa, isto é, não vai melhorar muito, acredito eu, não podemos nos iludir.
    Fabian.

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