05/04/2011
Os defensores “enrustidos” de Bolsonaro
Do Blog do Miro - terça-feira, 5 de abril de 2011
Por Altamiro Borges
O deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ), que deu um tiro no pé ao explicitar seu ódio aos negros e aos gays durante uma entrevista ao programa CQC, não deverá caminhar sozinho ao cadafalso caso seja aberto o processo de cassação de seu mandato por crime de racismo – previsto em lei. A cada dia aparecem mais defensores do fascistinha!
Alguns são explícitos. Eles adoram as bravatas inflamadas e patéticas de Bolsonaro em defesa da ditadura militar, das torturas, da pena de morte, dos preconceitos homofóbicos, etc. Outros são mais “enrustidos” e somente saíram agora do “armário” para gritar contra a proposta “antidemocrática” da cassação do seu mandato parlamentar.
Noblat em busca de holofotes
O primeiro a berrar, talvez em busca de holofotes na rabeira de Bolsonaro, foi Ricardo Noblat, colunista do jornal O Globo. Arrogante, ele se apresenta como paladino da “democracia” e da “tolerância”; já os que pedem a punição do deputado racista fariam parte do “fascismo do bem”. “Nossa capacidade de tolerar os intolerantes é que dá a medida do nosso comprometimento para valer com a liberdade e a democracia”, teoriza o funcionário da famiglia Marinho.
De forma rasteira, Noblat ainda tenta comparar Bolsonaro com Lula. Lembra de uma piada infeliz do ex-presidente sobre os homossexuais, pronunciada durante comício em Pelotas (RS). Ele só não diz que o governo Lula foi o que mais avançou no respeito à livre orientação sexual, fato reconhecido pelas entidades do movimento GLBTS. Já o ex-militar sempre foi um homofóbico doentio, que usa seu mandato para estimular o ódio e a violência preconceituosa.
Sofisma e presunção
Mesmo aparentando discordar de Bolsonaro, “uma síntese do mal e do feio”, o colunista da Globo insiste em praticar o seu esporte preferido dos últimos tempos – o de desqualificar as esquerdas. “A patrulha estridente do politicamente correto é opressiva, autoritária, antidemocrática. Em nome da liberdade, igualdade e tolerância, recorta a liberdade, afirma a desigualdade e incita a intolerância”. Seguindo nesta toada, Noblat logo será diretor do Instituto Millenium.
O motivo da “defesa” do deputado racista beira certo egocentrismo. O jornalista, que se acha, teme um dia também ser perseguido. “Se o direito de ser contra for negado a Bolsonaro hoje, o direito de ser a favor pode ser negado a mim amanhã de acordo com a ideologia dos que estiverem no poder”. Uma mistura de sofisma com presunção!
A única causa pétrea da mídia
Na mesma linha da defesa da “liberdade de expressão”, hoje foi a Folha que publicou um editorial contrapondo-se a qualquer punição do parlamentar. “O caso Bolsonaro não justifica abrir precedente contra a livre expressão do pensamento ou contra o caráter inviolável do mandato parlamentar”, afirma logo na abertura.
A mesma Folha, que aplaudiu o fechamento do Congresso Nacional pela ditadura militar, novamente tenta posar de democrata. Mesmo criticando a “incontinência verbal” do deputado, ela garante que a sua manifestação racista “se encontra coberta pelo espectro amplo da liberdade de opinião” e que a Constituição “abriga a liberdade de expressão como causa pétrea”. É o mesmo argumento esgrimido contra qualquer tipo de regulação da mídia.
“Indivíduos hostis costumam ser enrustidos”
De todos os “advogados de defesa” de Jair Bolsonaro, o mais exótico foi o colunista Fernando de Barros e Silva, colunista da Folha. Primeiro, ele apresenta uma biografia corrosiva do parlamentar:
“O deputado Jair Bolsonaro é um tipo fascistão. Truculento, homofóbico, lida mal com as diferenças e os valores democráticos. Os gays, em particular, parecem deixá-lo ‘maluca’ de raiva. Sabe-se que indivíduos muito hostis e agressivos, que se sentem ameaçados pela existência de homossexuais, costumam ser enrustidos... Mas quem seria eu para suspeitar que existe uma ‘Jairzona’ enjaulada na alma do capitão”?
Mas, depois, prega o perdão ao fascista. Para o colunista, o que Bolsonaro fez “foi apenas manifestar a sua opinião. Grosseira, retrógrada, mas que representa uma parcela da sociedade. A liberdade de expressão nos garante a possibilidade de falar o que quisermos (nos limites da lei), mas também nos obriga a ouvir o que nos desagrada... Devemos ser bastante restritivos em relação a atos racistas. Mas seria bom que fôssemos também mais elásticos e liberais em relação às palavras”. Estes “liberais” brasileiros são bastante seletivos nas suas escolhas!
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Ah o clichê! O que seria de demagogos hipócritas como você sem ele?
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