19/04/2011
Eu bebo sim, estou vivendo...Do DoLaDoDeLá - 18/04/2011
Marco Aurélio Mello*
O episódio envolvendo o senador "Aébrio Frozen" e sua negativa em fazer o teste do bafômetro me fez lembrar de uma situação que vivi quando vendia minha força de trabalho para a Corte do Cosme Velho.
Um dia, um primo me telefonou para saber a quem procurar, para divulgar um congresso internacional que estava organizando. Ele é psiquiatra e disse que - na ocasião - seria apresentado o relatório da maior pesquisa já feita no país sobre consumo de álcool e drogas.
Achei interessante e perguntei se era possível ele adiantar algumas conclusões para o telejornal poder antecipar. Ele disse que sim. Sugeri a ele que a assessoria do evento procurasse formalmente a produção e oferecesse a pauta, porque me parecia que era notícia quente. Aí perguntei a ele qual tinha sido a principal conclusão do estudo e ele respondeu que foi a constatação de que o álcool era a pior droga usada pela nossa sociedade e que a pesquisa indicava a necessidade de limitar a publicidade, principalmente entre jovens. Sem chance, disse a ele. Este é um tema muito sensível à emissora porque a indústria de bebidas está entre os maiores anunciantes. Não o informei, mas tínhamos recomendação de não tratar do assunto, caso a abordagem se chocasse com os interesses comerciais da empresa. Dito e feito. A sugestão foi bem recebida, bem encaminhada, mas a reportagem não foi ao ar.
Outra que também ficou engavetada foi uma investigação de fraude em ICMS por uma grande cervejaria que, pouco tempo depois, coincidentemente, comprou uma cota de patrocínio para um grande evento esportivo da emissora.
Quando os interesses comerciais se impõem aos interesses jornalísticos fica difícil informar com isenção, não é mesmo? E a história da reportagem-denúncia que virou um terreno para a construção do parque gráfico, no Rio? Ih, são tantas histórias que se for contar todas dá um livro...
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