20/09/2011
EUA: o pai dos pobres
Do Direto da Redação - Publicado em 20/09/2011
Eliakim Araújo*
Em tom populista, Obama assumiu neste segunda-feira, definitivamente, a defesa dos pobres e remediados contra os ricos norte-americanos. Os técnicos do governo fizeram as contas e chegaram à conclusão que os EUA podem reduzir seu déficit em 3 trilhões de dólares nos próximos dez anos, aumentando os impostos sobre os mais ricos e cortando algumas despesas, como por exemplo os gastos com as guerras.
Em números redondos, o plano anunciado nos jardins da Casa Branca prevê uma entrada de 1,5 trilhão de dólares nos cofres do Tesouro só com o aumento de impostos dos ricos e outro trilhão com o corte nas despesas com as guerras no Iraque e no Afeganistão. Os 500 bi restantes viriam de cortes em outras áreas, inclusive no Medicare, o programa de assistência social do governo.
Seu plano para reduzir o deficit público nessa “bagatela” de três trilhões de dólares atinge em cheio os mais aquinhoados cidadãos de Tio Sam, aqueles que ganham mais de 1 milhão de dólares por ano. O chamado “imposto Buffett”, que surgiu a partir de um artigo do bilionário investidor Warren Buffett, no NY Times, que coloca em xeque o sistema tributário dos EUA, favorável aos que ganham dinheiro com o dinheiro alheio e extremamente severo com os assalariados, que não têm para onde correr.
Alem disso – e esse é outro ponto polêmico -, o plano prevê o corte de deducões e isenções no imposto de renda das familias que ganham até 250 mil dólares por ano, que se beneficiavam de legislação dos tempos do governo Bush.
Trocando em miúdos, segundo as contas dos técnicos, um em cada cinquenta americanos será atingido pelo plano de Obama. E são exatamente esses 49 que Obama quer conquistar para tentar reverter sua impopularidade nas pesquisas de opinião, que lhe dão no máximo 44% de aceitação. O candidato Obama está correndo atrás de “professores, enfermeiros e trabalhadores na construção civil”, atividades citadas em seu discurso, que fazem a média salarial de 50 mil dolares/ano.
Obama jogou uma cartada decisiva em suas pretensões de permanecer como inquilino da Casa Branca por mais quatro anos. Sabe que vai enfrentar a resistência dos republicanos, que já se manifestaram rigorosamente contrários a qualquer aumento de impostos para os ricos, mas fez uma super média com os, digamos, menos favorecidos.
Por outro lado, aumentando o clima de guerra, Obama fez uma advertência ao Congresso: se recusarem o aumento de impostos dos ricos, ele vai usar seu poder de veto para impedir cortes no orçamento dos programas de assistência social do governo, Medicare e Medicaid.
Como a classe média é a que mais está sofrendo os efeitos da recessão, pode ser que o plano de Obama para reduzir o deficit público ganhe pontos suficientes para que o povão o reconduza a mais um mandato na Casa Branca. Não vai ser fácil. Ele já está sendo acusado até de provocar uma guerra de classes no país.
O tom populista , ele assumiu em trechos do discurso, como este: "não vou apoiar nenhum plano que coloque toda a carga de reduzir nosso déficit sobre cidadãos norte-americanos comuns...não vamos ter um acordo unilateral que prejudique as pessoas mais vulneráveis”.
Esse é o clima politico hoje nos Estados Unidos, quase uma guerra. Democratas e republicanos estão mais preocupados em jogar para a platéia, em busca dos votos na eleição presidencial do ano que vem, do que com o bem estar dos cidadãos, atormentados pela incerteza em relação ao que o futuro lhes reserva.
*Eliakim Araújo. Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.
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