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Do Blog do miro - 25/09/2011
Por Altamiro Borges
A Academia Brasileira de Letras (ABL) se transformou de vez num circo midiático, sob os auspícios da famiglia Marinho. Na sexta-feira (23), o jornalista Merval Pereira, comentarista do jornal O Globo, da CBN e da GloboNews, tomou posse e assumiu a cadeira número 31, sucedendo o escritor Moacyr Scliar, falecido em fevereiro passado. Ele virou um “imortal”, na imoral decisão da ABL.
Aécio, Serra e outros “festeiros”
O evento foi dos mais badalados. Segundo a jornalista Lu Lacerda, num texto bajulatório, a posse contou com ilustres presenças. Depois da solenidade oficial, muitos seguiram para uma festança na Gávea. “A noite foi animada e com figurinos variados, já que houve imortais que compareceram com o traje da posse, direto da ABL para a pista de dança, suando o fardão”.
Entre eles, lógico, um dos chefões das Organizações Globo, João Roberto Marinho, os colunistas do império e muitos políticos – “como Aécio Neves, que estrategicamente ficou separado de José Serra”. A colunista social e o próprio O Globo se esqueceram de citar a presença na posse do senador José Sarney, que inclusive repassou a espada da ABL ao novo “imortal”. Estranho?
Bajulação do ministro da ditadura
Segundo reportagem do jornal O Globo, o discurso de boas vindas ao novo “imortal” foi feito pelo acadêmico Eduardo Portella. O jornal novamente deixou de registrar que o anfitrião foi ministro da Educação no período da ditadura militar. Em seu discurso, o ex-subordinado do general João Batista Figueiredo tentou posar de defensor da liberdade de expressão. Haja cinismo:
“Diante da ineficiência das oposições, quem segura a flama da consciência crítica no país são os jornalistas. É aí que existe um núcleo vigoroso de contestação racional do poder. É importante distinguir a consciência moral da bravata. O Merval é uma pessoa que pratica a denúncia tranqüila, na qual o vigor moral se impõe por ele mesmo, dispensando os adjetivos exaltados”, bajulou.
A democracia de Merval
Já em seu discurso de posse, Merval enfatizou que a mídia “continua sendo o espaço público para a formação de um consenso em torno do projeto democrático”. Talvez devido à animação da festa, ele também se esqueceu de mencionar o apoio da Rede Globo ao golpe de 1964. Nem sequer agradeceu ao ex-ministro Portella pelo apoio da ditadura à construção do império que o emprega.
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