domingo, 23 de outubro de 2011

Contraponto 6574 - "Queima de Arquivo"

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23/10/2011
Queima de Arquivo

Do Jornal O Povo (Ce) - 23/10/2011


Waldemar Meneses ( Na Coluna Cidadania)

A execução de Muammar Kadhafi (foto), segundo é corrente nos meios informados, foi uma operação planejada com muita antecedência. As potências ocidentais não queriam que ele tivesse uma tribuna de onde pudesse falar sobre acertos constrangedores, no passado, com seus atuais carrascos.

Quando foram encontrados os arquivos secretos, no seu palácio, revelando as operações conjuntas com serviços de inteligência dos Estados Unidos e países europeus, sua sentença de morte teria sido definida. Não se deveria dar oportunidade para ele revelar tais segredos diante de um Tribunal Penal Internacional. Daí porque os aviões da Otan foram empregados para matá-lo, quando fugia do cerco de seus inimigos num comboio. Caso escapasse, os rebeldes se encarregariam de completar o serviço - como de fato aconteceu. Só que a ação da Otan foi totalmente ilegal.

Aliás, toda a sua intervenção, nos moldes em que se deu, violou os limites do mandato recebido do Conselho de Segurança da ONU. O cinismo e o descaramento, já observados no Iraque, no Afeganistão e no Paquistão (vide a morte e o desaparecimento do cadáver de Osama Bin Laden) repetiram-se agora, na justificativa da operação contra o dirigente líbio.


TRAVE NOS OLHOS


Agora que Kadhafi foi acolhido (quer se queira ou não) no panteão dos mártires da causa árabe, se transformará, provavelmente, numa grande força simbólica a alimentar a luta dos que são movidos pela defesa do interesse nacional.

Muito pior (do ponto de vista moral) do que o primitivismo de seu regime é o escândalo de se flagrar um Estado que se diz democrático e civilizado, como os EUA, torturando prisioneiros, instalando prisões clandestinas, bombardeando populações civis e liberando seu serviço secreto para assassinar desafetos (chefes de estado, lideranças políticas e comunitárias estrangeiras) sem que seus dirigentes sejam julgados por crimes contra a humanidade, como, aliás, pede a Anistia Internacional.

Por que deixar de acentuar também que a Líbia apresentava o mais alto IDH da África (sem que isso absolva os crimes do regime derrubado)?

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