quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Contraponto 7205 - "Ministro Padilha: Cadastro não ferirá privacidade da gestante"

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11/01/2012

Ministro Padilha: Cadastro não ferirá privacidade da gestante



Do Viomundo - 11 de janeiro de 2012 às 5:05

1. Aqui na blogosfera já respondi se sou gay, corintiano, casado, petista, paulista e paraense. Nunca me perguntaram minha religião.

2. Se o blog Viomundo (que respeito e continuarei respeitando tanto) quisesse saber minha religião, poderia perguntar diretamente a mim, para não publicar mais uma informação incorreta, no debate sobre a MP de redução da Mortalidade materna.

3. Publicou-se informação incorreta sobre a MP da redução da mortalidade materna e agora sobre minha vida pessoal.

4. Abomino qualquer tipo de intolerância e preconceito, que considero as doenças mais graves do ser humano. Não se enfrenta intolerância com mais intolerância, preconceito com mais preconceito.

5. A saber: tenho orgulho do meu pai Anivaldo Padilha (@nivapadilha), hoje metodista líder do movimento ecumênico Anti-Homofobia e por direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.

6. A saber: tenho orgulho da minha mãe, de quando ela era militante comunista e se afastou de qualquer religião e de hoje por ser católica.

7. Fui criado em vários lares, assim era a vida de filhos de quem foram presos ou enfrentaram a ditadura. Alguns religiosos, outros não. Todos tolerantes, não preconceituosos e ecumênicos.

8. Pós-ditadura, fui criado em um lar católico, minha mãe então comunista, se casara com um então padre de um bairro popular no Campo Limpo, SP

9. Mais do que um Lar, fui criado em uma comunidade popular católica. Este bairro periférico que adotou, sem preconceito, dois lutadores por liberdades democráticas e justiça social.

10. Sou sim católico e pró-ecumenismo. Meus valores também sofreram influências das comunidades indígenas, afrodescendentes Quilombolas, Caboclos Amazônidas com quem convivi, (sem esquecer a nação Corintiana).

11. Não confundo meus valores religiosos pessoais com minhas atitudes como médico ou agente público.

12. Abomino o rumo do início e a forma como continua esse debate sobre a MP da redução da mortalidade materna. Nada bom para quem emprega tolerância, respeito à privacidade e fim dos preconceitos.

13. A MP de redução da mortalidade materna e sua regulamentação não ferem, nem ferirão a privacidade da gestante.

14. O SISPRENATAL (cadastro) não é e nem será público. A transparência de quem aderir ao benefício não ferirá a privacidade da gestante.

PS do Viomundo: Ministro Alexandre Padilha, se o senhor nunca se importunou com indagações feitas na blogosfera sobre condições tão diferentes, imagino que revelar a sua religião não seja problema. Vários leitores do Viomundo nos pediram que fizesse essa pergunta. Ela foi dirigida ao seu assessor especial, o dr. Fausto Pereira dos Santos, porque foi a pessoa do Ministério da Saúde designada para nos dar a entrevista, já que o senhor estava em férias na semana passada. Ótimo que tenha esclarecido. Obrigada.

O nosso objetivo é debater a Medida Provisória 557, criticada por vários especialistas, desde que foi publicada no Diário Oficial da União entre o Natal e o Ano Novo. Entrevistamos a advogada Beatriz Galli, a médica e escritora Fátima Oliveira e a feminista histórica Sônia Côrrea e publicamos o texto da Maria José Rosado, das Católicas pelo Direito de Decidir. Todas reconhecidas nacional e internacionalmente pela luta em favor dos direitos sexuais e reprodutivos das brasileiras.

Mulheres que, em plena ditadura militar, ajudaram a construir a política brasileira de atenção integral à saúde da mulher. Foram elas, entre outras pessoas, que questionaram — e questionam — vários pontos da MP 557: a data em que foi divulgada; a ausência de debate com os movimentos de mulheres antes da edição da MP; a privacidade das gestantes e obrigatoriedade do cadastro; e a inclusão do nascituro.

O dr. Fausto Pereira dos Santos, em entrevista ao Viomundo, publicada em 10 de janeiro, disse: Nosso objetivo ali é basicamente o de garantir o atendimento seguro e humanizado para o gestante e o recém-nascido. Nosso objetivo não era dar reconhecimento civil ao nascituro.

Questionado se, em função da polêmica gerada pela inclusão do termo nascituro, o Ministério da Saúde cogitava tirá-lo da MP ou mantê-lo, o dr. Fausto Pereira acrescentou: A medida provisória já está tramitando no Congresso Nacional, local onde pode haver essa discussão.

Conceição Lemes

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