sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Contraponto 9879 - "2014"

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30/11/2012

2014


Do Diário do Cantro do Mundo - 28 de novembro de 2012 
O barulho sobre a eventual candidatura de Lula a governador do estado
São Paulo

 
 Lula

Paulo Nogueira *


Causou comoção a entrevista do marqueteiro João Santana publicada esta semana pela Folha.

Por uma razão: Santana fala em Lula para governador de São Paulo em 2014. Lula, segundo Santana, não parece muito animado com essa possibilidade, pelo menos por enquanto.

O que não consegui entender foi o sentimento de perplexidade. Do ponto de vista lógico, faz sentido para o PT ter em São Paulo outro candidato que não seja Lula?
Considere.

Dilma não enfrenta concorrência ameaçadora para as eleições presidenciais. A única razão para abreviar sua administração para um só mandato – pela ótica do PT – seria o risco de ela perder. Aí então provavelmente Lula seria convidado, ou convocado, a disputar as eleições, dada sua popularidade.

Mas não é o caso.

Hoje, a oposição é um deserto de homens e ideias. Dilma provavelmente ganhe no primeiro turno.

E Lula, que o PT faz com ele?

São Paulo é a resposta.

O PSDB – partido em que tantas vezes votei – acabou se tornando uma espécie de neomalufismo. Está hoje completamente deslocado dos 99% e atrelado ao 1%, numa formidável guinada à direita que lhe rendeu e rende boa mídia mas que custou milhões de votos, várias eleições relevantes e, talvez, o futuro.

Lula provavelmente se elegesse com facilidade governador de São Paulo em 2014. Ou alguém imagina que Alckmin pode oferecer resistência séria?

Leio duas coisas curiosas sobre o assunto, ambas condenatórias. A primeira é que Lula em 2014 em São Paulo representaria uma tentativa de acabar com o PSDB.

Se o PSDB acabar, não será por culpa de Lula, mas por méritos próprios e intransferíveis. Raras vezes na história política moderna do Brasil, se é que alguma, se viu um partido de ponta ir tão freneticamente contra o zeitgeist, o espírito do tempo, na palavra alemã.

Numa era em que o combate à desigualdade está no topo das prioridades dos homens públicos em todo o mundo, o PSDB cultiva suicidamente um tipo de eleitor que despreza a expressão justiça social e faz tudo pela manutenção dos próprios privilégios.

A segunda coisa curiosa que leio é que a candidatura de Lula a governador de São Paulo evidenciaria o projeto de permanência no poder do PT.

Pausa para risadas.

Nunca ouvi falar de nenhum partido que não almejasse ficar no poder. Numa democracia, isto só é possível se as urnas ajudarem.

Quem não quer Lula em São Paulo em 2014, e no Brasil nunca mais, tem que conseguir apenas uma coisa: votos.

Esta é a beleza de uma democracia – o pior regime que existe exceto todos os outros, para usar a grande frase de Churchill.

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